Capitulo 07

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—Não tem chance de alguém acordar e achar que estamos invadindo?.—ele diz todo medroso.
—Para de ser cagão.—digo rindo e puxando ele pela mão.

Mostro pra ele cada cantinho, onde estamos arrumando uma plantação, o poço pra captação de água, o "centro" da ilha, onde tem a escolinha dos meninos, uma espécie de "correio", "coordenação", "dormitórios", "refeitório"...

—Que isso vei, muito foda o trabalho de vocês.—ele diz pela vigésima vez, todo fofo encantado.
—Já tá tarde.—digo olhando pro céu.—Vem vou te deixar no hotel.
—Como assim? Tu não vai dormir lá?.—ele para de caminhar e me olha.
—Hoje não, preciso resolver umas coisinhas amanhã de manhã aqui, daí depois vou pra lá.
—Então eu fico aqui contigo, e amanhã de manhã a gente vai.—ele volta a caminhar.
—Tá doido? Claro que não, você vai dormir na sua caminha de hotel gostosinha.—arqueio a sobrancelha.
—Namm, você não vai me levar lá e voltar sozinha.—ele arqueia a dele também.
—Menino acha que uns piratas vão me sequestrar?.—falo rindo.
—Sim, os cara passa de barco, vê uma muie linda dessa, sozinha...—ele nega com a cabeça.
—Eu já fiz esse trajeto pelo menos umas 50 vezes.
—Tá, mas não tem necessidade hoje.—ele diz emburrado.
—Tem sim, você vai voltar por hotel, já tá tarde e eu nem deixei você avisar pra ninguém que tava vindo, eles devem estar preocupados.—digo negando com a cabeça também.
—Os cara deve achar que eu tô é capotado no quarto, e aqui eu deito naquele barco, me cubro com essa toalha aqui e fechou.—ele diz olhando pra toalha que está no seu ombro.
—Nananinanão.—faço um biquinho.—vou te levar.
—Não vai muie, te aquieta.
—Que homem teimoso meu Deus, fica aí então que eu já volto.—ela diz apontando com os olhos pro barco que está a alguns metros de distância.

—Teto—

Ela chega com várias cobertas, almofadas, lençóis.

—Que isso? Festa do pijama?.—brinco.
—Quase isso, vai relembrar a infância, já montou uma cabaninha?.—ela diz arremessando as coisas pra cima do barco.
—Óbvio, as minhas eram as melhores.—digo pegando as coisas.

Ela amarra um lençol no barco fazendo uma cobertura pra fugir da maresia e do sereno. Enchemos de cobertores e de almofadas fazendo um cantinho bem confortável. Me jogo na caminha.

—Vai bagunçar tudoo.—ela ri e coloca a mão na cara.
—Foi feito pra isso.—digo sorrindo—Você vai pro teu dormitório?.—o sorriso vai sumindo.
—Tá com medo de dormir sozinho e o bicho do saco te levar? Ele só leva criança atentada.
—Há há há engraçadinha, leva nada, se não já tinha te levado.—ele ri ironicamente.
—Não vou pro dormitório, não vou te deixar aqui sozinho, você deixou de dormir na sua caminha confortável, vou deixar de dormir na minha também né, ainda mais que se alguém acordar e te pegar aqui, vão achar que tu invadiu.—ela deita e ri.
—É uma desculpinha pra dormir comigo?.—sorrio brincando com ela.
—Vou te largar aqui sozinho então.—ela diz se levantando.—tomara que você acorde bem amanhã, se acordar né.—ela fala no rumo de sair do barco.
—Paraaaaaa, volta aqui.—levanto e puxo ela pela cintura.

Caímos em cima das cobertas e ela ri, a gente se ajeita e deitamos, os dois olhando pro céu.

—Por que Teto? Seus pais são criativos ein.—ela diz com a lua refletindo seus olhos, fazendo com que eles brilharem.
—Meu nome não é Teto boba.—digo rindo.
—Ué foi você quem disse, tu tava me zoando?.—ela me olha assustada.
—Teto é artístico né.—eu olho pra ela também.
—Porra, você podia escolher um nome artístico e escolheu Teto.—ela ri debochando.—Qual é seu nome então?.
—Clériton, Clériton Sávio.—digo vendo um sorriso se formar no rosto dela.
—Diferente.—ela diz segurando o riso.—Agora faz sentido o teto, nem soa mais tão ruim.—ela finalmente deixa a risada escapulir.
—Quantos Cléritons você conheceu?
—Com você?.—ela ri.—Um.
—Pois é, único, você nunca vai esquecer.—dou uma piscadinha.
—Faz sentido, é de fato único.—ela giro o corpo todo de lado, virando agora de fato pra mim.
—O teu é Luana de que?.—viro o corpo pra ela também.
—Luana Costello.—ela dá uma piscada longa.
—Nome de gente rica.
—Rica de saúde só se for.—ela ri.
—Bixa boba.—Eu me vi apaixonada pelos teus olhos. Mas quando você sorriu, eu já sabia que aquele sorriso ia me salvar de qualquer dia ruim que viria pela frente.

Me levanto, vou em direção da bolsa, pra pegar meu celular, tava com uma ideia de letra na cabeça que precisava anotar antes que eu esquecesse, sentei na ponta do barco, escrevi e acabei me empolgando, as ideias foram vindo uma trás da outra.

—A lua é sempre tão linda assim?.—digo tirando os olhos do celular admirando a lua pela vigésima vez.

Só escuto as ondas quebrando bem de longe, quando eu me viro ela já parece ter caído no sono. Me aproximo e vejo a respiração dela mais pesada, sorrio bobo vendo ela toda fofinha encolhida, pego a coberta, cubro ela e me deito do seu lado. Continuo escrevendo até cair no sono.

Luar // TetoOnde histórias criam vida. Descubra agora