Oye

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Oye by TINI, Sebastian Yatra

Sim, eu postei ontem sem querer e apaguei kkkkk

POV Caroline

Eu apertava a mão de Júlia toda vez que a van fazia uma curva. Ela sabia o quanto eu estava nervosa de encontrar a Rosamaria de novo, e faziam dias que ela tentava me acalmar e dizer que só precisava tratar ela bem e nada ia acontecer.

"O que eu falo se ela falar comigo?" Perguntei mais pra mim mesma.

"Você responde igual uma pessoa normal." Júlia foi grossa enquanto mexia no celular.

Decidi parar de perguntar coisas pra ela porque ela também deveria estar uma pilha de ter que encontrar com Roberta. Enquanto a van não chegava no centro de treinamento, eu roía as unhas tentando imaginar todas as situações. Poderíamos nos ver e não aguentar ficar mais um segundo longe uma da outra, também poderia acontecer dela me odiar, ou também ela poderia fingir que nem me conhece. Pelo tanto que eu conhecia a Rosa, ela deve estar tão nervosa quanto eu mas não vai demonstrar isso quando me ver.

Eu tinha prometido pra mim mesma que eu nunca mais ia chegar no nível que eu cheguei quando estava com ela. Pus minha saúde mental em primeiro lugar nesse ano, trabalhei arduamente pra garantir meu lugar de volta na seleção, mas não ousei passar por cima dos meus sentimentos. Minhas amigas me ajudaram como ninguém, ouviram muito e permitiram que eu me abrisse pra elas. Além da psicóloga do clube, comecei a frequentar outro psicólogo pra focar mais na minha vida pessoal, e ele me ajudou a me curar, eu não tinha noção do quanto minha ansiedade vinha mexendo com minha cabeça em todos esses anos, principalmente no último. A terapia abriu muito minha mente, até mesmo pra reconhecer meus erros durante o relacionamento. Eram coisas que eu queria mostrar pra Rosa que eu tinha aprendido e mudado, mas não tinha falado com ela nesse ano desde que terminamos.

Eu ainda a amava, isso não era segredo, é até ela provavelmente sabia disso, assim como eu sabia que ela me amava. Mas meu ego estava ferido, eu fui até a Itália pedir perdão, eu já tinha reconhecido meu erro, já tinha começado minha mudança e ela nem me ouviu, fechou a porta na minha cara. Não sentia raiva mais, apenas sentia a dor da rejeição, e não queria nunca mais sentir isso de novo.

Por isso tinha decidido que iria ignorar que nós já fomos mais que amigas e torcer pra ela fazer o mesmo. Meu real desejo era chegar em Saquarema e agarrar a cintura dela e tascar um beijo, mas tinha medo de errar com ela de novo, mesmo tendo resolvido todos os meus problemas, ainda sentia culpa por ter tratado nosso relacionamento com indiferença e ter feito ela sofrer tanto, do início ao fim. Me sentia tóxica e não queria me aproximar de alguém com a mesma intensidade que aconteceu com ela, tanto que tive oportunidades de seguir em frente com outra pessoa, mas não quis, nunca me senti segura o suficiente pra ser aberta com alguém depois de descobrir tantas coisas sobre mim mesma.

A verdade é que ainda dói muito, e que eu aprendi a viver com minha ansiedade e depressão que adquiri durante minha recuperação, essa dificuldade de me relacionar com as pessoas foi um grande fator. Me afastava das pessoas quando sentia uma crise chegando por medo de machucar elas com meus problemas. Não era drama, era insegurança mesmo. Aos poucos minhas amigas e minha família aprenderam a me acalmar e me ajudar, mas não consigo mais me imaginar em um relacionamento a dois. Meu terapeuta fala que nunca teve uma paciente com tanta dificuldade em reconhecer qualidades, e eu sei disso, sei que tenho coisas boas mas é muito difícil saber que meus defeitos machucaram a pessoas que eu mais amo no mundo e não pensar nesses defeitos o tempo todo. Mesmo tratando minhas inseguranças, minha personalidade conflituosa, minha falta de compromisso, eu sempre acho que eu vou me aproximar de alguém e fazer tudo de novo. Isso me assusta ainda.

NocauteWhere stories live. Discover now