Nocaute

get well soon

get well soon by gnash, liphemra

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Caroline POV

"Muito obrigada por me atender fora do combinado, André!" Sorri pro homem mais velho na tela do computador, ele sorriu de volta sempre muito simpático.

"Vou confessar que depois de ler sua mensagem eu fiquei super curioso pra saber o que ela foi falar com você." Confessou e eu gargalhei jogando a cabeça pra trás.

André foi indicação de Felipe, meu amigo, que já trabalhou com a mãe do marido dele. Era um homem pra cima, super engraçado e com a língua de chicote, me falava as coisas na lata da maneira que precisava ser comigo. Meus atendimentos com ele começaram três vezes por semana, bem depois do término que juntou com lesão, com o minas perdendo as finais da temporada e etc. Agora nós fazemos uma vez na semana, somente por manutenção. Mas com o que aconteceu na sexta com a Rosa vindo até aqui pra tentar falar comigo e depois não indo pro mesmo lugar que eu estava no sábado, senti a necessidade de falar com André e entender o que eu tô sentindo.

"Então, ela já tinha tentado falar comigo em Saquarema mas eu não quis."

"Por que?" Dessa vez seu tim sério já me dizia que não era só por curiosidade.

"Ah, porque não é só chegar e resolver e acabou."

"Você não esperava que ela fosse tentar resolver logo de primeira?"

"Não esperava porque a maneira que ela agiu comigo da última vez que nos vimos me passou a impressão que ela não queria nada comigo."

"Tu não desapega do lance da porta, né?" Negou com a cabeça, me fiz de sonsa. "Quantas vezes a gente já falou disso aqui? Quantas vezes você mesma já admitiu que ela fez a escolha certa, que você não estava pronta naquele momento? Caroline, eu não passei mais tempo com você do que com meu marido no último ano pra você tá trazendo traços da antiga Carol pro presente não!"

Sua voz nada aveludada me acordava pra algo que eu já sabia mas estava escolha do ignorar. Não era fácil reconhecer os próprios erros, e sinto que fiz isso muito bem nesse último ano, mas o André está certo, parece que eu estou tendo pensamentos da antiga Carol.

"Eu sei! Eu até falei isso da porta pra ela e me arrependi depois." Suspirei. "Ai André, eu sei que eu tô completamente errada, já estava desde o começo, e agora tô fugindo dela e arranjando motivos pra ser a coitada de novo." Ele assentiu concordando com o que eu falei.

"Agora me fala de verdade porque você não quis conversar com ela."

Eu olhei pra ele na tela esperando ele rir e mudar de assunto, mas continuou sério esperando uma resposta. Tive que decidir parar de mentir pra única pessoa que conseguiria me ajudar com isso. Fiquei em silêncio por um tempo buscando os reais sentimentos dentro de mim.

"As vezes eu tenho medo de fazer tudo de novo." Ele anotou. "Será que isso sou eu tentando fazer drama?"

"Depende, se você tem esse sentimento pra manipular outra pessoa, daí sim. Mas me fala mais sobre esse medo."

"É um medo de mim mesma, de errar com ela de novo e dessa vez a merda ser maior. Eu estava tão cega que nem percebia quando errava e nem conseguia ser humilde pra pedir perdão."

"E você não sente que não é mais assim? Porque eu não te vejo mais assim." Ele esclareceu. "É um medo real, Carol, mas é algo que já trabalhamos pra que não aconteça de novo, é você ser mais sensível pra reconhecer o lugar do outro, ser mais aberta a correção, conseguir resolver os atritos..."

"Tá, mas meu medo é voltar pra ela e tudo isso se esvair, ela não me conhece assim, nossa relação era diferente."

"Talvez seja por isso que ela quer conversar com você, saber como você está." Levantou as sobrancelhas. "Você falou pra ela desse seu medo?"