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Home by Edith Whiskers

Bônus Júlia e Roberta

...

Brasília

Narrador POV

Roberta foi o caminho inteiro pra casa da família de Júlia roendo as unhas incessantemente e estragando o esmalte que Júlia tinha pintado alguns dias atrás. A namorada distraída no celular não percebia o quanto a mais velha estava nervosa, e claro que ela própria estava uma explosão de nervos mas ela demonstrava diferente. Enquanto Roberta queria abraçar sua amada e pedir conforto a ela, Júlia preferia lidar com o sentimento sozinha, racionalizar o que estava sentindo de maneira fria e resolver seu próprio problema. O simples toque da mão de Roberta procurando a de Júlia já deixava a mais nova nervosa de saber que a companheira também estava, ela precisava melhorar sua comunicação e sua maneira de lidar com seus dilemas, Roberta pensou.

"Cê tá destruindo todo meu trabalho." Júlia puxou a mão de Roberta da boca dela fazendo os dentes da mais velha se baterem. Roberta a olhou irritada.

"Você não me dá carinho, eu tô me acalmando como posso." Roberta aproveitou pra criticar a atitude da menina durante toda a viagem de Saquarema até ali. Foi essa briga de gato e rato o caminho todo.

"Para de ser carente, quantos anos você tem? Cinco?" Júlia julgou revirando os olhos.

"Júlia, a próxima vez que você falar assim eu vou descer do carro, te juro." Roberta ameaçou pois já tinha levado mais patadas hoje do que todo o tempo que conhecia Júlia. E a menina nunca agia assim, não era algo que ela fazia sempre, era algo que ela fazia quando estava insegura, tentava ser superior aos outros, como fez com Carol. No caso de Roberta, ela percebeu que se negasse suas tentativas de carinho e toque, a namorada ficava dependente dela por aquilo, lhe dando poder. Clássico comportamento de uma criança mimada, Roberta pensou, ela conseguia ler Julia como ninguém.

"Dramática." Sussurrou voltando sua atenção pro celular. Claro que Roberta escutou.

"Moço, pode parar na próxima esquina, por favor?" Roberta pediu tocando o ombro do motorista de táxi que estava incomodado com a discussão das duas, ele acenou. Julia levantou a cabeça antes mesmo de Roberta terminar a frase.

"Não, pode seguir caminho!" Exclamou falando mais alto, o moço acenou de novo. "Desculpa, linda. É que você tá me deixando mais nervosa ainda." Pegou na mão de Roberta que a olhou emburrada.

"Pensei que você não estava nervosa." Repetiu as palavras que a menina proferiu friamente quando Roberta perguntou ainda em Saquarema.

"Claro que eu estou, não queria que você soubesse." Julia explicou fazendo a namorada cruzar os braços e olhar pra fora da janela. Não ia mais responder pra não causar mais constrangimento pro pobre motorista, mas queria continuar aquela conversa mais tarde.

Já a tentativa de Júlia de amenizar a situação foi deixar sua mão repousando na coxa de Roberta enquanto fazia carinho na região pra confortar a namorada agora que sua farsa tinha sido descoberta.

Não melhorou muito o nervosismo quando estacionaram na frente da casa de luxo em um condomínio fechado. Roberta pagou o motorista enquanto Júlia tirava as duas malas do porta-malas. Roberta desceu do carro observando a casa e engolindo em seco, aquilo era totalmente fora da sua realidade. Júlia entregou uma das malas pra Roberta que arrastou pela calçada até a porta da frente. Ali ela lembrou de algo que sua mãe sempre falava, "casa de rico sempre tem porta grande.", e não estava errada. Ela não deveria alcançar a parte mais alta da porta nem se tentasse subir em um bloqueio, tinha mais de três metros com certeza. Júlia apertou a campainha e puxou a mão de Roberta pra entrelaçar os dedos. A levantadora tentou ignorar a raiva que sentia que a namorada tinha ignorado seus toques o dia inteiro.

NocauteWhere stories live. Discover now