Nocaute

Totalmente Seu

Totalmente Seu by Marisa Monte

Bônus Júlia e Roberta

Se vocês soubessem o quanto eu tô correndo contra o tempo pra escrever tudo!!!! Me amem mais.

...

Roberta caminhava pelo jardim com o celular um pouco abaixo do rosto enquanto falava com Júlia do outro lado da tela. A menina escrevia algum texto da faculdade em seu computador enquanto conversavam.

"Mas por isso que tô te contando!" Roberta exclamou depois de Júlia falar que não queria ouvir nada sobre seleção. "Se ela vai sair, quer dizer que alguém tem que entrar." Se referiu a colega de time que tinha sido dispensada naquela manhã.

Júlia parou o que estava fazendo e pegou o celular na mão. "Ele falou alguma coisa?" Perguntou curiosa.

"Não, linda." Respondeu sorrindo, os ombros de Júlia caíram. "Mas mesmo assim."

"Eu não sou libero, não tem sentido nenhum ele me chamar." Colocou o celular de novo apoiado na sua garrafa d'água de metal que estava na escrivaninha. "E se chamar..." começou mas sua marra se desfez quando se imaginou sendo convocada, seria difícil dizer não.

"Você não viria?" Roberta perguntou com olhos grandes.

"Me diz um motivo pra eu ir?"

"Como assim? É seu sonho!"

"Não sei mais se é, e outra, ele falou que o time não precisava de mim, por isso ele chamou uma jogadora de composição no meu lugar."

"Tá mas as coisas acontecem e ele vai ter que mudar a estratégia que ele tinha formado de qualquer jeito! A coisa mais fácil do mundo é te encaixar em um jogo, Júlia!" Roberta andava apressada até a lavanderia, tinha colocado algumas roupas pessoais pra lavar e já tinha dado o tempo de colocar na secadora.

"Como quarta opção?" Ela negou com a cabeça.

"Linda..." Roberta arrastou sua voz em um tom de repreensão. "Não é hora de ser orgulhosa!" Júlia encarou o celular de cara fechada. "Me ouve, sério!" Continuou a falar quando Júlia desviou o olhar e continuou digitando no computador. "Não tem nada a ver com você ser primeira ou a última opção. Se ele te chamar é porque você merece estar numa olimpíada! Isso é incrível pra sua carreira."

"E agora eu não mereço, né?"

"Tá vendo?! Você fica tornando tudo em discussão, Júlia, é um saco conversar sério contigo, cara!" Exclamou mais alto e Júlia soltou uma respiração profunda. "Quer saber, se quiser vir ou não... você que decide! Não vou tomar seu tempo, boa tarde!"

Júlia foi mais rápida e se esticou pra desligar a ligação. Roberta enfiou o celular no bolso andando agressivamente, estava tão fora de si que nem percebeu quando passou da porta da lavanderia. Deu meia volta e fez o que precisava fazer lá. Foi almoçar, mesmo que não estivesse mais ninguém lá porque já se passavam das duas da tarde. Quebrou o combinado com Rosa e voltou pro quarto antes do churrasco, o casal foi agradável o suficiente pra incluir Roberta em sua conversa e até aconselhar a amiga e ouvi-la.

Se Júlia não tomasse uma atitude de melhora e amadurecimento, ia ficar impossível pra convivência. Mesmo que Roberta nunca admitisse isso pra ninguém.

...

Júlia não tinha nada melhor pra fazer em um domingo do que dormir. Fazia anos que não tinha nada pra fazer por tanto tempo, estava começando a ficar enjoada. Já era quase noite quando Júlia acordou de um cochilo e ficou olhando pro teto pensando.

Ela se sentia mal pela forma que tinha falado com Roberta no dia anterior e sabia que precisava se desculpar, mas antes disso ela queria se preparar mentalmente pra não explodir de novo. Era ainda uma assunto delicado pra Júlia, ela não gostava quando Roberta mencionava os treinos ou algum detalhe da preparação, viagem e etc. Júlia gostava de falar com sua namorada sobre elas duas e nada mais. Ainda estava sofrendo com sua autocrítica e continuava se distanciando das pessoas com medo de receber as mesmas críticas que recebia dela mesma.