Epílogo

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Vamos lá ☹️

...


Caroline POV

Duas semanas depois.

Fora alguns pequenos detalhes, Rosamaria tem melhorado bastante, já come como sempre comeu, se permite se divertir quando eu faço alguma palhaçada, mas também tem picos de tristeza onde ela vira uma bola em qualquer lugar que estiver e chora por horas, se deixar. Fui aconselhada a deixar ela chorar e se expressar já que essa era a única maneira que seu corpo estava aceitando conviver com aquela dor. Na maioria das vezes, ela se comunica e me fala o que ela estava sentindo ou pensando. Aos poucos estávamos aprendendo a voltar a viver nossas vidas normais.

Seu pós operatório está ótimo, mesmo com as circunstâncias, e ela já está avançando o máximo que consegue na fisioterapia. Como ainda faz em casa, por não querer sair, não tem muitos exercícios a se fazer, mas eu prometi a Bruna que na próxima sessão ela estaria no clube. Falando em clube, Minas anunciou sua contratação e todas as meninas, menos Júlia, ligaram oferecendo pra comemorar. Recebi muitas e muitas mensagens de amigos antigos perguntando da Rosa, até alguns atrevidos tentando dar em cima dela. Pra deixar todo mundo em paz, postei um stories deitada no sofá abraçada com ela e escrevi como se ela tivesse recém chegado à cidade. Durante os primeiros dias, ela rejeitava a ideia de contar pra outras pessoas sobre o que estava passando, só mesmo sua família, mas com sua terapia intensiva, essa ideia foi ficando mais e mais aceitável.

Eu tenho voltado a frenquentar meu psicólogo diariamente, ele que insistiu após me diagnosticar com transtorno de estresse pós traumático. Tenho pesadelos todas as noites, e sempre que acordo com a Rosa me chamando e me olhando, eu tenho quase um piripaque. Nos primeiros dias eu tinha dificuldade em olhar em seus olhos e não me lembrar de como eles estavam no dia que eu a encontrei. Logo o seu olhar que sempre me conquistou, agora me fazia tremer de uma outra maneira. Eu compartilhei com ela em uma conversa difícil, por conselho do meu psicólogo, exatamente o que aconteceu na noite que eu a encontrei desmaiada e eu percebi o quanto ela também ficou assustada ao me ouvir. Pedi, a partir daquele dia que ela não me chamasse quando eu tivesse um pesadelo, nem me sacudisse, só dissesse que estava bem quando eu acordasse. Assim fizemos e isso melhorou incrivelmente meu sono.

Quando o despertador tocou hoje, eu pulei da cama assustada como sempre acordava. Esse não era um sintoma do meu transtorno pós traumático, era só que o despertador da Rosa tinha o volume de uma buzina de um caminhão, e até assim, eu tinha que sacudir ela um pouco pra ela acordar. Dessa vez, ela já não estava mais na cama, daí sim, meu transtorno falou mais alto e meus batimentos foram lá pra cima. Corri pra fora do quarto, já vendo que ela não estava no banheiro e parei meus pés quando a vi na minha cozinha, o lugar que ela mais frequentava esses dias.

Ela olhou pra trás quando me escutou e sorriu de leve vendo que eu já estava preocupada. Desistimos da ideia de dormir no apartamento dela e passar o dia no meu logo quando percebemos que isso dava muito trabalho, eu ainda não queria deixá-la sozinha e seu apartamento não tinham muitas coisas, engoli o choro e me forcei a voltar a dormir no meu quarto, depois de alguns dias os pesadelos pararam.

Eu devia ter adivinhado que ela estaria cozinhando hoje, era sua escapatória pra se distrair da sua própria cabeça, cozinhava dia e noite, e se eu deixasse, de madrugada. Acho que engordei alguns quilos nessas duas semanas, não lembro a última vez que comi marmita ou tomei uma coca zero de café da manhã. Além de cozinhar muito, ela descobriu que cozinhava bem.

"Devia ter te avisado, desculpa." Ela falou voltando a se concentrar em algo que estava cortando. Tentei disfarçar minha respiração afobada e sorri sem graça, entrando na cozinha.

NocauteWhere stories live. Discover now