Nocaute

that way

That Way by Tate McRae

...

Sexta semana até Paris.

Caroline POV

Olhava atentamente pra minha companheira de quarto que dobrava seus uniformes recém lavados em cima da cama com seus AirPods nos ouvidos e algum filme passando no seu notebook. Suspirei pela milésima vez no dia. Eu estava no meu celular quando vi um vídeo engraçado sobre São Paulo e quando pensei em mostrar pra ela, lembrei do nosso combinado de dias atrás: somente assunto de trabalho. Era extremo, eu sei, mas essa regra em específico foi ideia dela, eu só não queria continuar aprofundando nossa relação em paralelo com a temporada mais importante de nossas vidas. Mas ela achou melhor ser extrema do que acabar caindo em tentação, ia ser mais difícil se voltássemos a ser como antes.

Mas como é difícil ignorar alguém que você ama, principalmente agora que nós duas sabemos com toda a certeza que as duas querem algo mais. Antes era diferente, tinha uma certa dúvida, um certo receio de chegar nela e não ser o que eu pensava, mas agora... eu quero, ela quer e concordamos que não podemos. As vezes penso que eu sou masoquista, gosto de sofrer!

"Não acredito!" Rosa sussurrou sozinha ficada na tela de computador. Eu ri a observando, ela parecia uma maluca com um coque mal feito, frizz, um top rosa choque e o short verde da seleção. Maluquinha do jeito que eu gostava. "Filho da puta!" Ela exclamou fechando o computador e tirando seus fones. Me pegou no flagra a encarando. "O cara matou o melhor amigo da mulher dele e a temporada acabou!" Ela falou indignada como se eu fosse entender seu dilema, eu assenti rindo.

"Ridículo!" Ela deixou suas roupas na cama e se levantou calçando os chinelos. "Pra onde você vai?"

"Falar pra Nyeme que eu terminei a série que ela me indicou, ela me paga!" Saiu correndo porta a fora me deixando falando praticamente sozinha.

Bom, pelo menos não estamos agindo como completas estranhas. Nos falamos pra comunicar o básico, interagimos em conversas com outras pessoas, tanto que ninguém sabe do que está acontecendo entre nós duas. Mas, confesso que isso está sendo bem mais difícil do que foi passar um ano separadas.

Aproveitei que estava sozinha no quarto pra tomar um banho escutando música como eu gostava de fazer, mas normalmente não fazia por ter companheira de quarto. Animada pra fazer isso, saí dos cobertores de pressa levando meu celular comigo. Iria tomar um banho demorado, aqueles que a gente pensa em tudo, que a pele fica dormente e nem sente mais a água caindo. Esses são os melhores banhos numa situação como essa.

Lavei e hidratei meu cabelo ao som de Jorge e Mateus, usando o pote de shampoo como microfone e fazendo meu show particular. Quando o celular começou a tocar músicas que eu não gostava tanto, decidi que já era hora de sair. Abri o boxe e puxei minha toalha secando minha pele com calma, quando achei que tinha secado o suficiente, abaixei a cabeça e enrolei a toalha no meu cabelo molhado pra não pingar. Peguei meu celular e coloquei outra playlist, fui pra frente do espelho e fiz minha skincare que confesso, é demorada porque eu tinha que esperar alguns produtos secarem antes de aplicar outros e também precisava massagear a pele entre um e outro, custa caro ter uma pele boa aos 42. Como eu sabia que Rosamaria estava no quarto de Nyeme, saí do banheiro do jeito que estava, a toalha que era pra estar no corpo, estava no cabelo.

Devia estar tão distraída no celular que não notei que Rosamaria não estava no quarto de Nyeme, na verdade. Ela estava bem aqui, aparentemente também distraída porque correu em direção ao banheiro quando eu abri a porta e esbarrou em mim derrubando meu celular no chão. Ela segurou meus ombros pra eu não cair e só então, segundos depois, seus olhos escaparam pra onde não devia. Eu não reagi, claro, ela me segurava com firmeza e me olhava com tanta paixão que eu não tinha o direito de atrapalhar aquele momento. Vi seus olhos nervosamente passear por todos os lugares que ela mais gostava, seios abdômen, pernas... Logo, ela estava me olhando nos olhos de novo.