Pais e Filhos

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Pais e filhos by Legião Urbana

Essa música foi planejada desde o começo pra esse capítulo! Leiam com cuidado.

...

Rosamaria POV

Carol fechou a porta atrás de mim quando entrei em seu apartamento e colocou nossas compras na mesa, eu não via a hora de tirar aquele sapato apertado, aquela calça, aquela cinta... BH estava um calor infernal e eu não estava no meu melhor dia. Andei devagar até seu quarto e liguei o ar condicionado, usei um banquinho pra subir na sua cama alta e me sentei na pontinha. Usei a ponta do dedão pra tirar o sapato do calcanhar e assim consegui tirá-los com os pés, sem precisar me curvar. Me deitei e segurei o elástico da calça que estava vestindo e a puxei até metade das coxas, depois fiz o mesmo com minha cinta bege que era tipo um short bem apertado que ia até embaixo dos seios. Eu ainda não via o lado bom daquilo, mas me disseram que era pra me ajudar a me movimentar sem sentir dor; eu sinto dor justamente porque a cinta me aperta.

Olhei pra minha cicatriz bem vermelha e cocei em volta, onde podia. Alguns pontos já tinham caído, mas ainda sobravam dois que estavam nos cantinhos e eles estavam me dando trabalho pra cair. Carol entrou no quarto de repente e eu me cobri com um travesseiro. Ela parou e me olhou.

"Coloca sua cinta, amor!" Ela exclamou e eu revirei os olhos me apoiando no colchão pra me sentar, ainda era o movimento mais difícil de fazer, me curvar ou fazer força. "Cuidado." Ela pegou nas minhas mãos e me puxou pra que eu sentasse, me ofereceu um copo de água e um copinho com alguns comprimidos que eu estava tomando, um pra dor, outro antibiótico, algumas reposições hormonais também. Carol que me dava eles dessa forma, eu nem sabia o nome pra sequer saber o que eu tomava.

Mesmo com minhas insistências, ela estava sendo a melhor cuidadora do mundo, respeitou meu espaço o quanto pode, mas depois que minha mãe foi embora, eu percebi que realmente eu estava dependendo de ajuda e fui obrigada a me desfazer de alguns limites. No primeiro dia que ficou só eu e ela, eu chorei no banho, um dos sentimentos que eu sentia era humilhação, não no total sentido da palavra mas me sentia diminuída por depender de alguém até pra tomar um banho. Ela me deu o melhor banho que eu poderia ter tomado, me secou delicadamente e trocou meus curativos enquanto eu ainda chorava por ter que viver esse momento tão delicado com ela. Eu odiava que ela estava se tornando como uma mãe pra mim e não só minha namorada.

"Tá um inferno de calor, eu só quero ficar sem nada um pouco." Eu reclamei quando ela colocou minha cinta de volta. Coloquei os comprimidos na boca e tomei um bom gole de água, abrindo a boca pra mostrar pra ela que tinha tomado tudo. "Que horas você tem que sair?"

"Três horas, e eu já falei com a Keyla, ela sabe que eu tô com você e eu disse que só podia ficar duas horinhas."  Ela tinha algum evento da Gerdau pra ir, Thaísa e alguém do masculino também estaria lá, tinha algo a ver com marketing do patrocínio.

"Sem problemas, fica quanto tempo precisarem." Falei sorrindo aliviada que iria ficar um pouco sozinha. Seria a primeira vez em dez dias, eu sinceramente não aguentava mais nem ver minha sombra. Eu amava ficar o dia todo com a Carol, eu estava até dormindo no seu apartamento desde que minha mãe voltou pra casa, mas me sentia sufocada a maioria do tempo e eu só queria chorar e sentir tudo o que eu estava engolindo esses dias todos.

"Vou fazer o almoço, quer ajuda com alguma coisa antes?" Ela perguntou me olhando preocupada.

"Não, meu amor, pode ficar a vontade." Sorri agradecida por sua gentileza. Ela assentiu e tirou o tênis e suas roupas, ficando só de calcinha e sutiã. "Gostosa!" Exclamei e ela cobriu o sutiã com os braços como se estivesse tímida, eu gargalhei de sua palhaçada. Quando eu pensava em sair da cama pra pegar uma roupa mais confortável, ela me veio com um top e um short bem folgado que ganhei na Tailândia ano passado. Sorri em agradecimento.

NocauteWhere stories live. Discover now