Capítulo 14.

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O funeral de Vivian foi em uma sexta-feira.

Pete ficou ao lado dos Rutledges e olhou para o caixão entorpecido, tentando sentir algo diferente de mal-estar e desconforto. Ele não tinha certeza de como se sentia sobre o corpo de Vivian sendo transferido da ilha para ser enterrado ao lado dos outros Rutledges, mas ele não disse não quando a família de Vivian pediu sua opinião. Agora ele estava começando a se arrepender disso.

Foi simplesmente estranho. Ele se sentiu uma fraude entre todas aquelas pessoas que choravam. Ele se sentiu tão culpado por não sentir mais tristeza. Ele estava triste, claro, e ele sentia falta dela, mas aquela dor era mais maçante agora, tingida de carinho e boas recordações. Ele teve tempo para lamentar sua esposa. Ele a enterrou com as suas próprias mãos há dez meses. Não parecia certo ter seu funeral novamente quando ele parecia tão distante daquela época.

Ele estava feliz por seus óculos escuros. Ele não precisava de olhares mais críticos do que já tinha.

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, acabou. Pete se afastou apressadamente, o nó em seu peito diminuindo com cada passo que ele deu. Deus, por que isso não estava ficando mais fácil? Por que ele não poderia ficar entre outras pessoas sem sentir que queria pular fora de sua própria pele?

— Pete! — 

Ele se encolheu, mas parou ao som da voz de sua tia.

— Sim, tia Suchada? —  disse ele, virando-se relutantemente.

Sua tia estava olhando para ele. 

— Você está de volta há duas semanas, mas você não se preocupou em me visitar nem uma vez. Eu tive que descobrir sobre a sua sobrevivência pelas notícias! — 

— Sinto muito —  disse ele.  — Eu queria te visitar, mas as coisas têm estado loucas, você sabe- — 

— Não, eu não sei, —  ela disse, seu tom mordaz.  — Porque você não se preocupou nem em me ligar, seu garoto ingrato e sem coração.  — 

Pete puxou seu colarinho, mas encontrou o botão de cima de sua camisa já desfeito. Ele não estava realmente sufocando. Estava tudo em sua cabeça. 

— Eu sinto muito. Vou fazer melhor, tia  — disse ele, olhando em volta desesperadamente por uma rota de fuga. Qualquer desculpa para sair.

Nenhuma desculpa estava se apresentando. Ninguém parecia interessado em se aproximar dele, todos muito ocupados oferecendo suas condolências à avó de Vivian e irmão. Não importava que ele fosse seu marido.

Engolindo o gosto amargo na boca, Pete disse:  — Acabei preso nas questões legais, eu juro. Eu vou te visitar em breve- — 

— Neste domingo, —  tia Suchada disse em um tom que não admitia discussão.

— Certo. No domingo, —  Pete disse, forçando um sorriso no rosto.

Droga.

[...]

Após o funeral, Pete foi a uma loja de bebidas e comprou algumas garrafas de uísque barato.

Vivian gostava de vinho tinto caro, mas as papilas gustativas de Pete não notavam qualquer diferença entre uma garrafa que custa mil dólares e uma que custou dez. Ele costumava comprar bebidas sofisticadas de qualquer maneira, fingindo que sabia a diferença. Bem, ele não tinha mais ninguém por quem fingir.

Ele voltou para o seu quarto de hotel e ficou terrivelmente bêbado. Pelo menos desta vez ninguém estava lá para julgá-lo. A memória de olhos escuros olhando para ele com desaprovação brilhou em sua mente, e ele foi atingido por uma onda de desejo insuportável e opressora.

Wrecked | VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora