twenty-three

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Pov: autora

cap meio revisado

O celular de Ben rompeu o sono profundo com uma melodia animada. O aparelho estava cuidadosamente posicionado sobre o móvel ao lado da cama, piscando com notificações aguardando atenção. Intrigado e sonolento, ele alcançou o dispositivo, rolando a bola verde para cima.

- Finalmente acordou! - disse a voz conhecida.

Não chegou a responder, coçou o olho com a mão livre e olhou para seu lado, vazio. Ele soltou um barulho manhoso e juntou forças para perguntar:

- Cadê você? - rolou para o espaço livre, espreguiçando parte de seu corpo.

- Eu tive que sair... - ele fez uma pausa dramática. - Foi tão triste sair do seu lado, estava tão confortável.

Ben riu com o drama na voz, e ficou mais curioso. - Mas onde você está agora?

- Com meu pai - respondeu rapidamente, Pincus sentiu como se ele estivesse em um lugar escondido para falar ao telefone. - Inclusive, tenho que ir. Coma alguma coisa! Até depois.

Ele não se esforçou para responder, já que a chamada foi desligada logo em seguida. Achou estranho o comportamento, mas deixou o celular de lado, o jogando na cama. Deitou de barriga para cima para apenas encarar o teto branco. Ele dobrou a perna esquerda e posicionou o braço sobre a cabeça, percebendo que as lembranças daquela noite surgiam rapidamente em seus pensamentos.

Já havia se passado alguns dias depois do acontecimento, mas é claro que Ben não pôde se esquecer. Para ele, isso se estende, mas tem quase certeza de que para Kenji, foi apenas mais uma noite.

Talvez esteja muito desorientado consigo mesmo, e isso não era algo bom. Sim, ele insistiu em continuar mesmo Kenji pedindo para o mesmo não o fazer, mas talvez ele tivesse a impressão que devesse dar esse prazer para Kon. Isso o fazia lembrar do passado, coisas que ele odiava recordar.

Além do mais, as pessoas não precisam se conhecer mais para fazerem algo tão íntimo?

É loucura, conhece Kenji a quase um ano, mas sente como se só soubesse o básico. Ele quer mais, quer conhecer histórias dramáticas da vida do outro, quer saber mais sobre aqueles amores antigos e sobre suas viagens, sobre as escolas que estudou e sobre os ciclos que andou. Mas de uma coisa ele tem certeza, não poderia ficar quieto diante a isso, sabia que teria que se expressar também.

E convenhamos, conversar sobre o passado é assustador, algumas pessoas apenas demoram para compartilhar sua história, mas para muitas pessoas isso pode ser um tabu.

Decidiu afastar tais pensamentos, ou então sua cabeça iria começar a pesar, e o remédio para dor estava em falta. Levantou da cama calmamente e arrumou a mesma. Em seguida, fez a sua higiene matinal e foi rumo a cozinha, já que seu estômago clamava por alguma migalha.

Pela primeira vez em muito tempo, a sensação de estar sozinho começa a ficar estranha. Ele era acostumado, mesmo tendo a companhia de Sammy. A questão é que agora, seu tempo de qualidade era quase todo dedicado a Kenji, já que tinha sempre a presença do maior ali.

Ele sujou algumas louças para preparar seu almoço, algo comum como um macarrão com almôndegas, mas se orgulha por caprichar até mesmo em pratos simples. Sorri enquanto observa seu prato.

Antes de alimentar seu estômago, correu para sua prateleira da sala e escolheu mais um de seus gibis, percebeu que já fizera um tempo que não lia. Agora podia apreciar sua comida enquanto fazia o que mais gostava. Ler.

[...]

- Ainda não acredito que você precisou de GPS para chegar até aqui... - pronunciou Pincus, enquanto fechava a porta do carro.

←take me home→ ¡benji!Onde histórias criam vida. Descubra agora