06*⁠.⁠✧ VESTIDOS

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Celeste

Ao longo de todo o caminho, Evangeline pareceu muito distante e em nenhum momento olhou para mim, o que já estava me deixando aflita.

- Pronto, chegamos. - Anunciei.
- Obrigada. - Evangeline respondeu, parecendo um pouco distante.
- Espera. - Segurei sua mão suavemente antes que ela pudesse sair do veículo.
- Sim? - Ela olhou para mim, os olhos carregando um pouco de preocupação.
- O que você tem? - Perguntei, notando sua expressão abatida.
- Eu não quero falar agora. - Evangeline desviou o olhar.
- Me desculpa por colocar você nessa situação. Eu não quero que fique com raiva de mim. - Senti-me culpada pelo desconforto que ela estava passando.
- Eu não estou com raiva de você, Celeste. - Ela segurou minha mão com carinho.
- Eu sou muito impulsiva, sou uma idiota egoísta que não pensa nos outros. - Desabafei, sentindo-me frustrada comigo mesma.
- Ei, não fala isso. - Evangeline me interrompeu, sua expressão séria. - Você não é egoísta, Celeste. Estamos juntas nisso, lembra?
- Bem que minha mãe, Sélia, disse que eu era uma filha egoísta e ingrata. - Deixei escapar, sentindo as lágrimas surgirem.
- Celeste, me escuta. - Evangeline segurou meu rosto e olhou nos meus olhos. - Eu não estou brava ou chateada com você, me entende? É só que...
- O quê? - As lágrimas escorriam pelo meu rosto.
- Ela suspiro profundamente. - Celeste, o noivo da sua irmã...
- O que tem ele? - Eume afastei, enxugando as lágrimas.
- Ele é o meu... meu ex-marido. - Falou com dificuldade, sentindo o peso da revelação.
- Como? - Eu me senti atordoada.
- Sim. - Evangeline ajeitou-se no banco do carona.
- Bem que eu achei que tinha familiaridade com o nome do seu ex, mas como eles tiveram muita discrição e só tratei com o advogado dele, não liguei o nome à pessoa. - nessa hora conectei os pontos.
- Você conhece ele? - Perguntou, surpresa.
- Infelizmente sim. Meu pai é amigo de longa data da família dele. Porém, como eu não apareço em casa e nem tenho contato com a minha família, não sabia que Pablo havia se casado e ainda mais com você. - Expliquei, revelando minha ligação com o seu ex-marido.
- Foi um casamento rápido. - Comentou.
- Por quê? - Perguntei, curiosa.
- Ele era agressivo comigo, Celeste. Ele queria ser meu dono, mandar em mim, decidir tudo sobre minha vida. Me fez ficar dependente dele. - Explicou, deixando escapar a dor que aquela relação havia lê causado.
- Aquele verme. - Cuspi as palavras, indignada.
- Sim, ele é um verme mesmo. - Concordo.
- Se ele pensa que vai enganar a minha irmã ou fazer algum mal a ela, ele está muito enganado. - Me mostrei protetora, determinada a impedir que minha irmã passasse pelo mesmo sofrimento.
- Celeste, calma. Olha pra mim. - Pegou meu rosto e olho diretamente em seus olhos.
- Ele não pode, ele não vai iludir minha irmã e depois fazer mal a ela. - Eu estava visivelmente abalada.
- E é por isso que não posso fingir que sou sua noiva, entendi. - Sua voz estava repleta de compreensão.
- Por favor, Evangeline, seja minha noiva. Conte para Leonora o monstro que Pablo é. - Implorei, sabendo que ela era a única que poderia proteger minha irmã.
- Eu não sei. - Ela hesitou, ponderando as consequências.
- Eu te peço, não, eu te imploro, não deixe minha irmã ser enganada desse jeito. Vamos à festa hoje. Aceita minha proposta. - Supliquei, sentindo a urgência da situação.
- Celeste, como você é insistente em... caramba... tá bom, eu aceito sua proposta, mas aviso logo que não tenho roupa apropriada para esse tipo de evento. - Evangeline cedeu, rendendo-se à minha insistência.
- Eu posso te emprestar ou comprar um novo vestido... Quando sair do trabalho, me avisa que eu passo aqui. - Ofereci, sentindo um misto de alívio e gratidão.
- Venha às 5hs. - Ela estabeleceu o horário.
- Estarei aqui. - Sorri, sentindo um peso se dissipar.
- OK, então já vou indo. - Evangeline se preparou para sair do carro.
- Ei, obrigada. - Agradeci, sentindo-me verdadeiramente grata por sua compreensão e apoio.
- De nada. - Ela sorriu, transmitindo um pouco de tranquilidade.

Precisamente às 4:20hs, meu carro já estava estacionado na porta da cafeteria. Como a Evangeline ia demora um pouco para sair, decidi finalizar algumas pendências do meu trabalho. E Liguei para a Lucy pedindo para que ela passasse na casa dos meus pais para deixar um documento muito importante.

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