16*⁠.⁠✧ CONFISSÃO E CIÚME

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Evangeline

Assim que cheguei ao apartamento, pude escutar os sons angustiados de um choro vindo de dentro. Meu coração disparou, e eu entrei apressadamente, ansiosa para entender o que estava acontecendo. Ao atravessar a soleira da porta, vi Estevão e Celeste abraçados no meio da sala. Ela se agarrava a ele com desespero, seu corpo sendo sacudido pelos soluços, as lágrimas escorrendo abundantemente por seu rosto.
Por um instante, fiquei paralisada, observando aquela cena. Um turbilhão de emoções me invadiu - ciúme, preocupação, empatia. Não conseguia entender o que acontecia dentro de mim. Então, Estevão notou minha presença e se afastou lentamente de Celeste. Ela ergueu o olhar e, ao me ver, tentou inutilmente conter as lágrimas, como se quisesse esconder sua fragilidade. Aquilo me atingiu profundamente, deixando-me também abalada e com o coração apertado. Queria poder consolá-la, entender o que a estava afligindo tanto, mas me sentia impotente diante daquela cena tão carregada de emoção. Tudo o que pude fazer foi observar, com um misto de preocupação e incerteza, enquanto ela lutava para recuperar a compostura.

Assim que Estevão me notou, ele me olhou com certo receio. Ajeitando o palito, se despediu de Celeste e me cumprimentou brevemente antes de sair pela porta. Fiquei parada, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido. Não sabia o que fazer. Minha mente estava cheia de perguntas - por que Celeste chorava tanto? Por que ela parecia tão agarrada a Estevão? O que poderia tê-la deixado tão devastada?

Celeste parecia um pouco mais calma depois que Estevão foi embora. Ela foi até a cozinha e bebeu um pouco de água. Sentei-me no sofá, em silêncio, observando-a. Antes de chegar aqui, eu estava decidida a me abrir e contar sobre meus sentimentos por ela, mas agora não sabia se deveria fazê-lo ou simplesmente deixar tudo como estava. Sentia um peso no peito, uma sensação de incerteza e preocupação. Suspirei profundamente, cansada depois de ter passado o dia na rua. Quando decidi me levantar, Celeste se deitou em meu colo. Olhei imediatamente para seu rosto, ainda marcado pelas lágrimas, e seus olhos estavam tão cristalinos que eu podia me ver refletida neles. Ela se aninhou em meu colo, e então me disse, com uma voz doce:

"Eu amo o seu cheiro."

Aquelas palavras me fizeram derreter por dentro. Acariciei seus cabelos sedosos, movendo meus dedos suavemente por sua cabeça, e ficamos ali por alguns minutos.

Celeste estava deitada em meu colo, sua respiração suave e tranquila, como se tivesse adormecido. Contemplei seu rosto angelical, retirando delicadamente alguns fios de cabelo que caíam sobre sua testa. Ela era tão linda, sua beleza me cativava, mas não era apenas isso. Seu coração bondoso, seu caráter gentil e generoso, tudo isso me fascinava. Meu peito queimava com a emoção que sentia por ela. Olhando para seu rosto sereno, desejei com todas as minhas forças poder expressar o que sentia. Reunindo toda a minha coragem, aproximei meus lábios de seu ouvido e sussurrei:

"Celeste, eu quero realmente dizer o que sinto. Você me escutaria? Você aceitaria meus sentimentos?"

Pensei que ela estivesse dormindo profundamente, o que me deu a covarde oportunidade de me declarar. Mas então, para minha surpresa, seus olhos se abriram no mesmo instante. Suas pupilas estavam dilatadas, ocultando o belo azul de seus olhos. Ela me encarou com uma expressão surpresa, como uma gatinha despertada de seu sono. Meu coração disparou no peito. Chegou a hora, não havia mais como evitar. Eu teria que me confessar, ali mesmo, naquele sofá.

Eu me perdi nos olhos profundos de Celeste. Ela me olhava com tanta intensidade que senti meu coração acelerar. Mãos suadas, engoli em seco, tentando controlar minha respiração.

"Evangeline?"

Ela tocou meu rosto com delicadeza. Senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo, as borboletas em meu estômago ficaram ainda mais agitadas. Eu queria falar, mas as palavras pareciam presas em minha garganta.

QUARTO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora