04*⁠.⁠✧ INESPERADO

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Evangeline

Após aquele dia, optei por receber Celeste vestindo minhas roupas habituais. Por sua vez, Celeste começou a trazer comida dos seus restaurantes favoritos, revelando um paladar refinado, uma vez que suas preferências sempre recaíam sobre estabelecimentos de alta qualidade, geralmente classificados com 5 estrelas. Compartilhávamos refeições juntas e, frequentemente, ela era a primeira a adormecer, o que me levava a pensar que ela devia se esforçar muito em seu trabalho.

Celeste sempre teve um toque de excentricidade em sua personalidade, ou talvez eu estivesse sendo egoísta ao permitir que ela gastasse tanto dinheiro comigo. Eu sou orgulhosa demais, enquanto eu percebia o quão generosa ela é. Quando o despertador tocou, Celeste se arrumou rapidamente e partiu, e eu fiz o mesmo saindo em seguida. Peguei minhas coisas e fui direto para casa, onde tomei um longo banho, troquei de roupa e segui para o meu trabalho na cafeteria.

Enquanto atendia um cliente, vi Celeste entrar acompanhada por um homem alto e loiro, que parecia um galã de cinema. Me surpreendi ao vela alí mas decidi Ficar observando-os discretamente enquanto se sentavam, e pude perceber que a interação entre os dois era bastante íntima. Ele segurava a mão dela e a acariciava, o que despertou uma inexplicável sensação de irritação dentro de mim.

Estava perdida em meus próprios pensamentos quando ouvi alguém chamar meu nome. Levantei os olhos e vi meu chefe parado à minha frente.

"Evageline... Evangeline?" ele disse, com urgência em sua voz.

Pisquei algumas vezes, saindo do transe. Respondi, um pouco desconcertada: "Oi..."

Ele apontou para a messa do estabelecimento. "Tem cliente", informou, antes de se afastar para cuidar de suas próprias tarefas.

Eu me aproximei da mesa onde Celeste e o homem estavam sentados e, assim que ela me viu, ela rapidamente puxou sua mão de volta. Ver Celeste fora do contexto do nosso quarto e da nossa intimidade era realmente estranho e novo para mim. A situação despertou uma série de emoções confusas e questionamentos em minha mente. Eu me sentia desconfortável.

- "Olá, bom dia, o que vão querer?", perguntei com um sorriso educado, olhando para o casal à minha frente.
- O homem prontamente respondeu: "Um café bem forte e, para você, meu amor."
- Celeste olhou para mim e senti um leve desconforto. "Já disse para não me chamar assim, Estevão", respondeu, ela tentando manter um tom firme.
- Ele soltou um suspiro exagerado. "Você é muito difícil, sabia?", retrucou com um olhar de descontentamento.
- Decidi não me deixar abalar e direcionei. "O que vai querer, senhorita?", perguntei gentilmente para Celeste.
- Ela sorriu sem mostrar os dentes. "Um capuccino com torrada, por favor", respondeu de forma educada.
- Assenti com um aceno de cabeça. "Já já estará pronto, se me dão licença", disse, afastando-me para começar a preparar os pedidos.

Sentia uma mistura de constrangimento e raiva, e meu instinto era sair correndo dali. Passados alguns minutos, levei o pedido até a mesa onde Celeste e o homem estavam sentados. Deixei os itens ali e me afastei rapidamente, evitando olhar diretamente para ela. No entanto, mesmo sem olhar diretamente, eu podia sentir seu olhar seguindo cada um dos meus movimentos. Essa sensação intensificava ainda mais as emoções conflitantes dentro de mim.

Celeste

De repente, me deparei com Evangeline no lugar mais improvável. Meu rosto se contorceu em uma expressão de surpresa e culpa, como se eu tivesse sido pego em flagrante fazendo algo proibido. No entanto, Evangeline parecia mais envergonhada do que irritada com minha presença. Fiquei em dúvida se deveria partir ou não. Será que ela não ficou feliz em me ver? Ou será que estava apenas focada em suas responsabilidades no trabalho? Um turbilhão de perguntas sem respostas invadiu minha mente, enquanto eu tentava decifrar o significado por trás daqueles olhos penetrantes dela. Antes que eu pudesse continuar a análise, Estêvão interrompeu meus pensamentos, tirando-me do transe.

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