11*⁠.⁠✧ CONVERSA

29 7 3
                                    

Celeste

Deixei Catarina na sala e segui em direção ao escritório do meu pai. Passei a noite toda imersa em pensamentos, construindo cenários e diálogos em minha mente sobre essa conversa. Mal consegui dormir, mas o encontro com Pablo pela manhã fez com que me esquecesse de tudo. Entrei no escritório sem bater, e lá estava meu pai, sentado em sua confortável cadeira.

O escritório do meu pai é um espaço intimista e envolvente. As paredes são revestidas com painéis de madeira escura. Uma janela ampla permite a entrada de luz natural, que se filtra suavemente através de cortinas pesadas de veludo.

A mesa de trabalho, feita de madeira maciça e desgastada pelo tempo, ocupa o centro do ambiente. Sobre ela, há uma pilha de papéis, livros e anotações, indicando a mente ativa e concentrada do meu pai. Uma luminária de estilo vintage, com uma cúpula de vidro fosco, ilumina perfeitamente a área de trabalho.

Ao redor do escritório, estantes de madeira exibem uma coleção de livros antigos e objetos curiosos, como globos terrestres, estátuas e frascos de vidro contendo penas e outros itens. Uma poltrona de couro desgastada e confortável fica posicionada em um canto do escritório.

A atmosfera do escritório é acentuada por uma leve trilha sonora, composta por música clássica suave que flutua pelo ar. O aroma de velas perfumadas, combinado com o leve cheiro de papel antigo, preenche o espaço, evocando uma atmosfera única e envolvente. Meu pai ergueu o olhar por cima dos óculos enquanto lia um relatório. Percebendo minha presença, ele me pediu para me sentar em frente a ele, e assim o fiz.

- O que senhor queria falar comigo? - Perguntei, tentando manter uma expressão séria.
- Oi, bonequinha do papai, não fique tão séria assim - Meu pai sorriu e se aproximou.
- Pai, eu não tenho mais 5 anos - Cruzei os braços, tentando parecer mais madura.
- Mas pra mim, sempre vai ser minha princesa - Ele falou carinhosamente.
- Pai, vamos conversar. O que o senhor queria falar? - Insisti, querendo ir direto ao assunto.
- Tudo bem... Primeiro, eu quero saber por que você deu um murro no rosto do Pablo? - Ele pareceu sério, preocupado com a situação.
- Ele insultou a minha noiva. Ele foi extremamente grosseiro... Eu vou dizer logo, pai, a verdade é que o Pablo é ex-marido da Evangeline - Fiquei nervosa, esperando sua reação.

Meu pai levantou uma sobrancelha, surpreso com a revelação. Seus olhos percorreram meu rosto por um momento antes de ele suspirar e se sentar em uma cadeira próxima.

- Celeste, você poderia ter me contado isso antes...

Meu pai ficou surpreso e sem reação. Sua expressão mudou, e ele levou a mão ao queixo em um gesto reflexivo, demonstrando perplexidade e a necessidade de absorver a notícia. Sua palidez começou a se manifestar, e ele afrouxou a gravata. Seu rosto e linguagem corporal revelavam uma combinação de choque, confusão e desapontamento.

- Filha, como? Que absurdo isso - Meu pai balançou a cabeça, ainda tentando processar a informação.
- Pai, não pira, tá? - Tentei acalmá-lo, preocupada com sua reação.
- Como você conheceu a Evangeline? Como isso pode ser possível?

- Pai, ela era minha cliente. Estava entrando com um pedido de divórcio, e aí nós nos envolvemos. No início, eu não soube que era o Pablo, pois nunca o vi. Só tratei com o advogado dele, e nunca perguntei para ela sobre a identidade do seu marido. Mas foi através de uma conversa com a Eleonora que soube. Evangeline me contou depois de minha irmã ter mencionado o nome do atual noivo.

- E sua irmã sabe sobre isso?
- Contei a ela ontem.
- Que loucura, filha.
- Pois é, pai. Por isso, ontem dei um soco naquele traste, porque ele insultou a Evangeline.
- Eu não imaginava que o Pablo fosse assim. Nunca soube que ele se casou, os pais dele nunca disseram nada.
- Ele escondeu dois pais e enganou a Evangeline até onde pôde. Foi abusivo com ela.
- Nossa, nossa - Meu pai balançou a cabeça, ainda processando a revelação.

QUARTO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora