Conto 2 - Capítulo 5

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Vinícius chacoalhava o braço direito em todas as direções, enquanto caminhava para fora do consultório do ortopedista

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Vinícius chacoalhava o braço direito em todas as direções, enquanto caminhava para fora do consultório do ortopedista.

- Novinho em folha. - Ele disse para si mesmo, dando uns tapinhas no braço, agora sem gesso.

A recepcionista, uma moça que não devia ter mais do que vinte e cinco anos, sorriu ao vê-lo.

- Estou pronto para outra. - Ele disse e ela balançou a cabeça em negativo.

- Nem diga uma coisa dessas. - Ela disse batendo no balcão, fazendo-o soltar um risinho.

Ambos se despediram. Ele atravessou as portas de vidro automáticas orando a Deus para nunca mais precisar usar um gesso na vida.

Já na calçada ele sacou o celular do bolso para mandar uma mensagem para Renan o buscar. Já era fim de tarde, logo o sol iria se pôr, seu irmão já não deveria ter mais tanto trabalho a fazer. Ele estava digitando a mensagem, mas antes de enviá-la, olhou para os lados, estava a muitas quadras de distância da casa de seu irmão, mas também não era como se ele não pudesse ir andando. Ele apagou a mensagem, guardou o celular e começou a andar.

Ele dava passos lentos, sem pressa alguma, olhando as vitrines das lojas que já começavam a se fechar. De repente na mente lhe veio a imagem de Helen. Haviam se passado três semanas desde que tinha visto ela na feira, e fazia uma semana que havia visto ela na padaria. Ela o tratou com mais cordialidade, mas nem de longe sorriu para ele como havia sorrido para a mãe dele.

Ele descobriu que as duas viviam trocando mensagens, quase ficou mortificado ao ver a mãe mandando aquelas imagens de bom dia, que sabe se lá de onde ela arranjava tantas diferentes todos os dias. Mas ele não ousou mandar uma mensagem, embora já havia salvo o número dela no seu próprio telefone. De alguma forma ele não queria estragar tudo, o que era estranho, ele pensava, pois parecia não haver nada.

Vinícius se viu desviando de sua rota para passar pela padaria, o que a tornaria mais longa. Sabia que provavelmente a padaria já estava fechando também. Mas talvez pudesse encontrar Helen e acompanhá-la até em casa. Ele riu de si próprio, como se Helen fosse mesmo concordar em caminhar com ele.

Estava começando a escurecer, o dia saindo de mansinho dando espaço para a noite. Como Vinícius previu, a padaria já havia fechado, da esquina ele já podia ver as luzes apagadas. Mas decidiu prosseguir por aquele caminho, já estava ali mesmo.

- O senhor está bem? - Vinícius escutou ao passar em frente a padaria. A voz era de uma mulher, estava tão baixa que parecia ser distante dali. Ele parou para ver se escutava alguma coisa a mais. -Por favor, o senhor deve sair, já estamos fechados. - Dessa vez a voz era mais nítida, e parecia assustada. Um leve tremor passou pelo corpo de Vinícius ao reconhecer a voz de Helen.

Ele se aproximou de um portão na lateral da padaria, devia ser a entrada dos funcionários, e de onde a voz parecia ter vindo. Quando olhou através das brechas dele, viu Helen a alguns centímetros de um homem, mesmo ele estando de costas foi possível Vinícius identificar que ele já era de meia idade e estava bêbado.

Uma dose de clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora