Vinícius pegou seu celular que estava jogado sobre o sofá, com a mão esquerda tentou digitar uma mensagem para Henrique, mas a dificuldade era tanta que ele desistiu, largando o aparelho novamente sobre o sofá.
Olhou para seu braço direito todo engessado envolto por uma tipoia e choramingou sem vergonha alguma, de todo modo estava sozinho em casa. Era sábado de manhã, sua mãe e seu pai haviam ido na casa de algum vizinho e seus irmãos estavam trabalhando pela fazenda, exceto Henrique que havia ido à cidade encontrar a namorada.
Fazia uma semana que Vinícius havia quebrado o braço. Aconteceu enquanto ele fazia uma trilha de moto com alguns amigos. Havia chovido no dia, alguns pontos da trilha estavam escorregadios além do normal e apesar dos cuidados ele não pôde evitar a queda, e ao ir ao hospital se deparou com a fratura no braço direito, por Deus havia sido só o braço. Estava se recuperando bem, os analgésicos aliviavam as dores, mas pouco se podia fazer para aliviar as coceiras que o gesso causava. Seus dramas e chororôs sempre apareciam quando ele não conseguia fazer algo muito simples. Como digitar uma mensagem.
Antes de Henrique sair ele havia pedido para o irmão comprar esfihas para ele, mas conhecendo-o como conhecia, Vinicius tinha quase certeza de que ele se esqueceria, por isso estava tentando enviar uma mensagem. Contudo, pensando melhor, Henrique estaria com Anne e nem pegaria o celular para ver o que quer que seja, quem dirá para olhar uma mensagem dele.
Pegando o celular novamente, Vinícius fez uma chamada de vídeo para irmão. Estava quase desistindo quando ele atendeu.
— O que foi cara? — Henrique atendeu com cara de poucos amigos. Vinícius tinha pouca visão do que havia atrás do irmão, mas logo deduziu que ele estava na padaria. Henrique havia se lembrado do pedido dele, então ele sorriu amplamente.
— Liguei para assegurar que você traria minha encomenda.
— Sério, Vinícius? Você está atrapalhando meu encontro para isso? — Henrique disse tentando soar sério. — Agora que não vou levar.
— Tadinho. — A voz de Anne soou um pouco distante.
— Está vendo cunhada, como seu namorado trata os irmãos? — Vinícius choramingou. — Nem tem consideração por um enfermo.
Vinícius viu quando Anne apareceu na tela, o rosto colado no do seu irmão. Ambos riam. Vinícius não deixou de notar o quanto os dois combinavam juntos. Ficava feliz por seu irmão.
— Vou conversar com ele depois. — Anne olhou para Henrique tentando soar séria, mas então sorriu para ele, que devolveu com um sorriso apaixonado.
— Eu ainda estou aqui, não se esqueçam. — Vinícius resmungou revirando os olhos diante do olhar apaixonado trocado pelo casal do outro lado da tela.
— Como você está? — Anne perguntou, voltando a olhar para o cunhado.
— Estou bem, apesar de não poder fazer muita coisa.
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Uma dose de clichê
Cerita PendekQuem não ama o bom e velho clichê? Ou quem há de negar que nunca ficou de ressaca literária após ler um clichê? Uma dose de clichê reúne os maiores clichês já contados e recontados no mundo literário. Porque uma dose de clichê nunca é demais.