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𝐌𝐀𝐑𝐈𝐀 𝐈𝐒𝐀𝐁𝐄𝐋, 𝗉𝗈𝗂𝗇𝗍 𝗈𝖿 𝗏𝗂𝖾𝗐
ESTAVA FINALMENTE EM minha casa, com a minha família novamente.
Fazia muito tempo que eu não os visitava. Viajar de país em país, procurando expandir minha carreira de modelo para marcas mais famosas me reconhecerem, levou um bom tempo. Mais do que eu e meus pais pensávamos que levaria. Não ficava em casa há dois anos e meio. Sempre permanecia duas semanas em cidades de países diferentes, às vezes mais, me mudando com frequência, nunca tendo tempo para voltar para Barcelona.
A sensação de observar a cidade da minha sacada novamente, era de realização. Não parecia ser real. Após tanto tempo longe, me acostumando com a doidera de viagens frequentes e me virar desde meus dezesseis anos, parecia que seria impossível eu estar de volta. Felizmente não era.
Preciso de tempo com minha família, não sabemos o dia de amanhã.
Eu não pretendia passar essa semana em casa, mas, aproveitando que não tenho trabalhos até o começo de maio e que nesse final de semana é meu aniversário, não vi oportunidade melhor do que comemorar meus dezoito anos com minha família. Às vezes é bom dar um tempo na rotina corrida e apenas aproveitar a calmaria de alguns dias de descanso.
—— Estou muito feliz que vai passar um tempo com a gente, Bells. —— Maria Beatriz, minha irmã caçula, entra no quarto segurando uma caixinha cheia de trufas que eu conhecia muito bem. Minha boca enche d'água só de olhar, poderia dizer o mesmo de meus olhos. —— Comprei suas trufas preferidas, na cafeteria da esquina. Como costumávamos fazer, lembra?
—— É claro que lembro, Bia. —— Concordo, pegando a caixinha de trufas em mãos.
Através da embalagem transparente, consigo ver trufas de sabor Nutella com Leite Ninho e Caju com Doce de Leite. Um pequeno cartão decorado e escrito à mão pendia da parte superior. Consigo identificar a letra caprichosa de minha irmã.
❝𝖤𝗌𝗍𝖺𝗏𝖺 𝖼𝗈𝗆 𝗌𝖺𝗎𝖽𝖺𝖽𝖾𝗌. 𝖳𝖾 𝖺𝗆𝗈. 𝖢𝗈𝗆 𝖺𝗆𝗈𝗋, 𝖡𝗂𝖻𝗂𝖺.❞
Sorrio ao ter as lembranças invadindo meus pensamentos mais uma vez.
Deixo a pequena caixa acima da minha penteadeira, e abraço minha irmã com força. Seus braços me envolvem a cintura e Maria Beatriz descansa a cabeça em meu ombro. Só assim noto como ela havia crescido, visto que antes chegava a própria cabeça ao meu ombro, não passando dele como agora.
Como em apenas dois anos ela pôde mudar tanto?
Também noto a forma como está usando o cabelo, completamente diferente de como costumava o deixar. Maria Beatriz sempre deixou claro que odiava ter cabelo ondulado, já que precisava ter um maior cuidado para deixá-lo mais bonito. Ela odiava ter que finalizá-los, então, antes, sempre o prendia em duas tranças embutidas. Todos os dias. Agora, como está gostando de se sentir bem consigo, seus fios estão soltos, caindo sobre os ombros com ondulações naturais, já finalizados.
