Capítulo 95 - Aldeia Yuantou (8)

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O longo, profundo e antigo gemido que emanava de trás das enormes portas de pedra foi acompanhado por um vento fétido e gelado. Todos aqueles que estavam de joelhos ergueram suas tochas bem alto, com uma certa mistura de medo, admiração e frenesi em seus rostos e os cantos gritados em uníssono tornaram-se cada vez mais ensurdecedores. A menina amarrada à cruz chorou com voz rouca, mas lutou menos. Era como se ela tivesse percebido que, quando a porta de pedra se abrisse, seria o seu fim. Ela teria uma morte miserável e dolorosa neste lugar subterrâneo cheio de vermes nojentos.

Mas, então, de repente, o som de um violoncelo rompeu o canto da multidão e ecoou pelo espaço úmido onde as raízes das árvores fervilhavam de insetos. Parecia a bainha negra da morte, como uma névoa pesada subindo de um cemitério, espalhando-se silenciosamente. Imediatamente depois, uma voz cantante ergueu-se junto com o som do violoncelo, como uma canção fúnebre triste em um cemitério abandonado e, num instante, arrepios surgiram no corpo de todos.

Todos os aldeões se viraram para ver Lin Qi parado na frente deles, sem luvas, envolto em uma cor suja e gloriosa, como se um par de asas tivesse se esticado de suas mãos. Seus lábios estavam abertos e sua voz fluía de seu peito. Não houve palavras, apenas um canto simples, mas cheio de dor, entrelaçando-se perfeitamente com as cordas do violoncelo, apoiando-se e completando-se, como se fosse a última canção de um grande cantor antes de morrer. Mesmo um tolo que não entendesse nada de música ficaria emocionado com a música e sentiria uma tristeza e desespero sem fim no momento que a ouvisse. Era como se fosse um canto fúnebre escrito na alma, um canto fúnebre que poderia despertar as memórias mais trágicas e dolorosas de uma vida.

O Chefe da Vila gritou: "Peguem-no!!!" Vários aldeões fortes seguravam tochas e abriram caminho em direção a Lin Qi, cujos olhos olhavam para eles, enquanto o canto em sua garganta ficava cada vez mais alto e o som profundo e triste do violoncelo subia alto no céu, estendendo as asas mais magníficas ao final da morte. Um deles largou de repente a tocha que tinha na mão e caiu de joelhos. Alguns outros pararam em rápida sucessão, alguns começando a chorar e a se abraçar, outros com expressões vazias e estupefatas.

Não só eles, mas também os restantes aldeões, jovens e velhos, caíram numa estranha atmosfera de desespero. Houve gritos de miséria, enquanto outros ficaram ali, incrédulos. Até o Chefe da Aldeia tremia, cobrindo o peito com as mãos, o rosto ficando branco como se tivesse tido um ataque cardíaco. Sua nora gritou de repente e bateu a cabeça na porta de pedra, batendo a cabeça contra ela até sangrar.

Vendo a cena dessas pessoas enlouquecendo, o canto de Lin Qi não parou, mas ele ficou incomparavelmente surpreso. Ele não esperava que ele e Chu Yang, trabalhando em conjunto, causassem um impacto tão poderoso em tão curto período de tempo. Com a maior parte de seu poder selado, normalmente demoraria um pouco para que seu canto fizesse efeito, mas agora parecia que nem era necessário que ele usasse as Space Colours.

Naquele momento, Chu Yang estava sentado nas sombras tecidas pelas raízes, segurando o violoncelo que lhe era tão quente e nostálgico quanto um amante, e ele havia entrado em um mundo diferente, um reino de música pura que ele sentia falta há muito tempo. Ele nem ouviu o lamento das pessoas, tudo o que pôde ouvir foi a interação perfeita de Lin Qi e seu instrumento.

Essa era a música com a qual ele fantasiava e Lin Qi aperfeiçoou ainda mais seu trabalho, até mesmo em outro reino. Ele nunca soube que instrumentos e vozes humanas poderiam ser tão bem misturados, tão perfeitamente integrados.

Essa era a música mais linda, mais triste e mais sombria. As suas vítimas seriam atraídas por estas notas esmagadoramente belas para a sua própria destruição.

Haunted Places Live (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora