Capítulo 08 - Uma aranha azarado tendo um dia amargo

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"ATCHIM"
 
  Theriy continua com sua alergia enquanto passa pelo lamacento, e molhado pântano cheio de bolhas pretas. Eles estão caminhando a algumas horas, pela forma em que o sol já está baixo no céu já está de tarde, e em mais algumas horas já estará de noite.

  Nada aconteceu além dos comuns barulhos que um pântano faria, insetos, bolhas estourando, e criaturas rastejando entre os locais em busca do alimento de cada dia.

  Com todo esse nada acontecendo, impressionou um pouco Theriy, normalmente quando passava por aqui teria de lutar contra alguns das pequenas criaturas que rastejam para todos os lados, ou se estivesse em um local certo se depararia com algum humano, mas quando isso acontece eles sempre tem os olhos fundos e vazios com os braços amarrados em uma corda tão frouxa que eles poderiam facilmente retira-lo se quisessem, quando a via eles sempre corriam pra cima dela, não com vontade de matá-la, ficavam bem na frente dela, paravam, e esperavam o momento de serem devorados. Ela sempre achou isso muito estranho, como se ela fosse a salvação daquele humano e o tiraria de seu sofrimento, mesmo sem nunca entender sempre os comia, era comida de fácil acesso, e ficava um bom checando cada pedacinho só pra ter certeza.
 
  Enquanto comia os restos daqueles humanos, sempre se perguntava o motivo de estarem ali, e finalmente encontrou sua resposta quando viu sua amiga embalando algo usando cordas coloridas, chamada fitas, com um largo sorriso no rosto, quando perguntou, descobriu que ela estava arrumando um presente, algo que daria para alguém que gostasse. E assim o mistério foi resolvido e no final os humanos davam outros humanos de presente, ela nunca entendeu essa parte, mas no final sempre acabava comendo eles, não e culpa dela se quem receberia isso sempre estivesse atrasado.

   Sentido algo se deitar em seu ombro, ela olha e vê Senka ali, seus olhos estão baixos, e estava a poucos minutos de cochilar, se segurando ao máximo para não dormir tentando dissipar o sono se mexendo por ai, mas não ajudou pois Theriy começou a acariciar sua cabeça de forma muito relaxante, e ela só conseguiu dar um pequeno tapa antes de infelizmente desistir, com um suspiro se enroscou no ombro dela deixando acontecer.

— Seus irmãos já dormiram? — Perguntou Theriy, que recebeu sua resposta com o leve balançar afirmativo, que ela apenas conseguiu sentir por seu dedo ainda passar pelos cabelos de sua filha. Sentindo a relutância dela de cair no sono deve uma ideia.
 
Baixinho Theriy começa a cantarolar a primeira canção que vem em sua mente, fazendo Senka cair ainda mais em sono profundo, até adormecer completamente.


                   Theriy sentiu uma gotinha de água cair na sua cabeça, olhando para cima ela achou que tinha vindo de umas das árvores, mas se provou mentira quando uma chuva grossa começou a cair

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  Theriy sentiu uma gotinha de água cair na sua cabeça, olhando para cima ela achou que tinha vindo de umas das árvores, mas se provou mentira quando uma chuva grossa começou a cair. Nas suas costas ela sentiu os filhotes darem pulinhos, e fazendo assobios irritados, quando as gotas frias caem em cima deles.

  Ela começa a puxar algumas das folhas mais baixas que conseguiu encontrar, começa as juntá-las e colá-las usando sua teia, formando assim uma minúscula tenda que conseguia juntar todos dentro, sem fazê-los sofrer pelo frio do vento e das gotas de chuva.

  Cutucando Senka que estava usando seu cabelo como uma forma improvisada de se proteger, a mandou ir para baixo e se juntar a seus irmãos. Quando todos se reuniram, ela colocou seu braço para trás com a tenda improvisava, e os deixou pegá-los. Com todos reunidos dentro da pequena tenda improvisada, Theriy continuou andando.
 
Com a chuva, o caminho que antes já era ruim de se caminhar só piorou, os passos ficaram mais fundo, e grudentos puxando seu corpo para baixo. O único lado bom dessa situação, e que seu nariz parou de formigar como antes, por conta que as bolhas nem sequer conseguem se expandir para estourar.

  A caminhando estava claramente mais lenta e com isso seria mais fácil ela ser atacada, mesmo que não estivesse pressentindo nada a seguindo, ou algo além do barulho da chuva caindo nas folhas. Agora seria um bom momento para procurar um local para se alojar, mas já estavam longe demais da casa da bruxa para dar meia volta.
 
Bem, ela já esperava ter que caminhar por uma noite inteira e se sentia acordada o suficiente para isso, mesmo que suas patas já começaram a queimar um pouco pelo esforço de empurrar tanta lama, com o corpo já ficando frio pelo vento balançando seu cabelo, mas além disso ficaria tudo bem, isso não e suficiente para deixá-la doente.
 
  Empurrando para trás alguns fios de cabelo que se grudaram em seu rosto, ela percebeu que ao longe havia um pontinho claro muito conhecido andando e cambaleando na direção dela, como já estava indo para aquela direção alguma hora se encontrariam então não era necessário apressar o passo até lá.

  E como ela havia dito, não foi necessário correr, a figura cambaleante como já suspeitava era uma humana, usando algo que se lembrava ser chamado de vestido? Os humanos sempre usavam armaduras, ou outras coisas parecidas com isso, que ela só se lembrava por muitas vezes vê-los assim, mas vestidos, eram tão raros que até mesmo se esquecia que essa palavra existia. O vestido em si era bonito, com alguns babados do lado e algo amarrado a sua cintura com alguns botões dourados, a humana não estava descalça usando um sapato longo que chega até algum ponto desconhecido da sua perna, seu cabelo claro está amarrado com uma coisa afiada parecendo um gravetinho, mas esse graveto e verde quase translucido brilhante mesmo no meio dessa escuridão, a humana e diferente dos outros humanos que ela conheceu pelo pântano, indo muito além das vestimentas, seu olhar era diferente, mesmo estando com os olhos vazios que os outros demonstravam tinha um gota de luz ali, tão pequena quanto as gotas de chuva que se quebravam ao tocar sua pele.
 
Da mesma forma que ela percebeu a humana, a humana também a percebeu, e dela não veio uma súplica pela morte, ou desespero da vida, as duas apenas se encararam com algo que parecia ser por horas a fio e de alguma forma pareciam se entender, a gota de luz apenas demonstrava a raiva e traição que ela sente. A humana abriu a boca e falou alguma coisa indefinida para ela, mas pelo modo de falar era importante de uma forma que apenas quem falava conhecia.
 
Theriy sentiu a conhecida sensação de garras pequenas e pelinhos subindo pelas suas costas, e sem surpresa um de seus filhotes parece ter sido escolhido para ver o porquê ela ter parado de repente, e de seu ombro surgiu Elathan que tira os fios de cabelo grudados no rosto, ficando surpresa quando percebe a humana na sua frente caminhando em sua direção. Que fez Theriy dar um forte assobio para assustá-la, ela não se importava de ver e ser vista por essa humana claramente fraca, mas isso não significa que ela permitiria a aproximação. A humana pulou de susto e voltou o passo, tentando apaziguá-la com palavras desconexas, e levantando os braços com as cordas frouxas claramente desarmada.

  Com a situação tendo se acalmado, Theriy decidiu seguir em frente, não iria comer essa humana, o cheiro dela e estranho com uma mistura de algo amargo com doce fortemente enjoativo que talvez a deixaria viva por mais tempo até quem a estivesse procurando encontrá-la, ou se ela tiver o azar de bater de frente com uma criatura com gostos questionáveis.

  E a ignorando totalmente, Theriy passa reto a abandonando sozinha com sua própria sorte.
 
Ou assim ela pensava.

A humana a seguiu, igual a outra ser de sua espécie que desejava a morte, idêntico a um unicórnio que parece ter compartilhado a ideia com todos os seres possíveis pensando que havia inventado uma nova incrível brincadeira, e em todas as situações que isso ocorreu um grande problema veio sempre acompanhando que a levaram muitas vezes perto da morte, muito mais que em todos os seus anos de vida nunca conseguiram fazer, impressionantemente. E ela nem estava se escondendo direito, seus pés afundando na lama coaxam como se sapos estivessem roncando, e sua tentativa de se esconder atrás das árvores foi frustrada por seu próprio vestido que aparece dos lados dos troncos, até mesmo a chuva que deveria ser aliada da humana nesse momento se tornou sua maior inimiga por conta das variadas vezes que escorregou na lama.

Como as vezes anteriores sua paciência também está chegando ao seu limite-

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