Capítulo 07 - Uma antiga carta deixada por alguém esquecido

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Narcissa acordou, não por conta de algum pesadelo ou coisa do tipo, apenas acordou, o sono escorregou de seus dedos como areia, e nem sequer adiantou fechar os olhos enquanto conta ovelhas pulando de uma cerca. Agora não tem nada para fazer no ninho onde todos estão dormindo, e vendo aquela porta para o outro cômodo, não seria ruim dar uma espiadinha lá. E só uma olhada e isso não iria machucar ninguém.

  Saindo do ninho ela teve que tomar cuidado para não acabar mexendo demais nos fios de teias enroscados uns nos outros, mas não foi muito complicado, andar não fazia as teias pesarem o suficiente para sair qualquer vibração que não parecesse com vento passando, agradecendo o peso que ela tem agora que a ajudou a sair dali sem problemas nenhum.

  Chegando ao chão, bateu suas patas o mais leve que conseguia na madeira envelhecida e começou a andar até o outro cômodo tomando cuidado para não ter o azar de fazer alguma coisa ranger, mas a sorte estava do seu lado, e sem nenhum contratempo chegou no outro cômodo.

  A porta está fechada, a madeira escurecida por causa da velhice e umidade fundidas nas pontas de cada lado, algo verde acinzentado começa o trabalho de cumprir tudo, e empurrando um guincho começa a sair, parecido com som que um gato faz quando fica eriçado. O barulho a assusta, olhando para Theriy de longe parece que ela não acordou com o barulho, apenas se mexeu para o lado, escondendo ainda mais dois de seus irmãos dormindo do lado dela, e de leve também escutou uma fungada vinda da arachne ainda com o nariz avermelhado como se tivesse gripada.

  Abrindo aos poucos e a cada rangido olhava para aqueles dormindo, com a tensão de que a qualquer momento ela iria ter que explicar para alguém o motivo de estar ali, mas conseguiu abrir uma fresta grande o suficiente, que não foi muito na verdade, para conseguir entrar.

  O cômodo desconhecido era um quarto, que é mais envelhecido que a própria casa em si, o ar pesado do ambiente tem um forte cheiro de musgo e raízes, que descem pelo teto e se enroscando sob a madeira do chão, fazendo leves montinhos em quase todo o lugar. Entrando mais ao fundo ela sente algum tipo de frio desconhecido subir por seus braços e acariciar sua espinha, dando um ar mais fantasmagórico para o novo local.

  Indo para uma parede a esquerda ela chega perto de uma estante com quatro lugares para guardar as coisas, que são livros, muitos deles, que se apertam tanto que nem mesmo o ar consegue passar por ali, no chão em cada lado tem uma montanha de livros, que com o tempo e acúmulo das plantas, transformou o lado direito em um pequeno morro com algumas flores amareladas minúsculas, e do outro um formigueiro  cheio de formigas em fila carregando folhas de diferentes tons várias vezes maiores que elas.

  Ela não consegue enxergar muito bem os títulos que cada livro tem, com sua visão toda acinzentada, que entra em uma lista imaginário conjunta com seus irmãos sobre o quão azarados foram por terem nascidos como arachnes desta vez, sim é específico, mas ninguém se importa com isso. Juntando as mãos na frente da boca e assoprando até ficar quente, ela tira do rosto e dali uma pequena bola de luz saiu, flutuando para cima e girando em volta de sua cabeça como uma pequena lua, por fim soltando um suspiro cansado, sabia que acabaria ficando cansada, mas isso a cansar a pegou de surpresa.

  Agora conseguindo enxergar os títulos dos livros, eles acabaram sendo um pouco mais surpreendentes do que esperava, alguns são "Os mil contos das mil noites", "Tronos enferrujados e guerras infortunas", "A queda dos reinos orientais", entre muitos outros que são histórias de fantasia cheio de contos fantásticos e outras baboseiras do tipo. A moradora realmente gostava muito desse tipo de coisa para ter a prateleira totalmente cheia e montanhas aos seus lados, com poucos tendo o tema magia, ou algum tipo de alquimia que muitas bruxas têm em montes.

  Com curiosidade que sempre existe dentro dela, escalou um pouco e pegou um dos livros que estava na prateleira mais perto do chão, o livro intitulado "A última vida da garota de lugar nenhum", folheando um pouco se mostra uma história simples e curta.

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