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Ana Cecília Baumer Senna
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São Paulo - Setembro de 2023

Assim que cheguei no hospital que meu pai estava internado consegui falar com o médico e ter acesso aos exames e prontuário dele para entender como o caso estava.

Sentei na sala de sobreaviso do hospital e comecei a ler o prontuário dele seguindo o histórico quando escutei o aviso de parada cardíaca. Sai da sala às presas e vãs enfermeiras correndo para o leito do meu pai e corri até lá também.

— Tenta mais uma vez — gritei para o médico após as três tentativas com o choque.

— Ele se foi Dra Senna — a enfermeira que estava ao meu lado me segurando falou. — Infelizmente.

Naquele momento eu não senti mais o chão nos meus pés e tudo ao meu redor começou a passar em câmera lenta, única coisa que eu consegui fazer foi me ajoelhar no chão e começar a chorar. Eu queria tanto que a sensação que eu senti fosse mentira é que a notícia que eu recebi agora fosse também, eu perdi meu pai e a única coisa que eu consegui fazer foi levantar e correr até a recepção para os braços da minha mãe.

— Ceci o que aconteceu ? — Henrique me perguntava e eu negava com a cabeça chorando mais ainda.

— Ceci se acalma — minha mãe falou e em seguida me abraçou me fazendo chorar mais ainda.

— Cecília olha para mim — ela falou segurando meu rosto com as duas mãos — Respira igual a mim.

Segui o que ele falava sobre a respiração e ela levou minha mãe até o peito dela para que eu sentisse as batidas do coração para que as minhas normalizassem.

— Papai - falei olhado para ela — Ele morreu.

O choro tomou de conta de mim novamente e eu vi a expressão dela e do Henrique mudar e os dois me abraçarem chorando junto comigo, perdemos nosso pai.

— O que aconteceu ? — Max perguntou parando ao lado de Luísa que também estava em prantos.

— Tio Leonardo se foi — Luísa falou enquanto Max a puxou para um abraço, estávamos perdendo mais alguém da família e era como se a dor voltasse a bater em todos nós.

Cheguei no centro de velório onde o corpo do meu pai iria ser velado. Max me segurava me guiando pois eu ainda estava em estado de choque desde a notícia.

Minha mãe vinha ao lado de Daniel que segurava seu braço, ela estava da mesma forma que eu. Talvez um pouco mais forte, tudo parecia mais forte que eu nesse momento.

— Henrique — falei assim que sentei ao lado dele na primeira fila de cadeiras próximas aos caixões. Ele me olhou com os olhos vermelhos de choro e eu soltei o braço de Max abraçando ele que chorou junto comigo.

O velório seguiu com diversas pessoas visitando, familiares e amigos do meu pai haviam passado por ali e os seguranças seguravam a imprensa lá fora que jogava em todos cantos a machete de " novamente uma tragédia se abate na família Senna"

Minha avó estava imóvel desde que chegou e não falava nada, somente olhava fixo para o horizonte. Ela enterrava o segundo filho dela. Viviane nem havia aparecido depois da cena deplorável de ontem quando eu parti para cima dela apos ela introduzir o assunto herança no ambiente de luto que estávamos.

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