O curativo era apertado, os remédios eram fortes, eu me sentia mole na maior parte do tempo. As vozes sussurravam coisas sem conexão. As vezes elas gritavam.
As vezes eu acordava gritando no meio da noite, eu não aguentava mais, eu estava chegando meu limite as vozes falava para mim o momento inteiro que estava sendo observada.
Estava fora dos vingadores, eu era perigosa demais, eles perceberam isso quando lutei com o Soldado.
Ela está acabada, ela vai morrer logo, você não foi feita para esse mundo.
Me olhava no espelho, eu tinha emagrecido 5kg meu ossos começavam a aparecer, esse lugar não era seguro para mim, nenhum lugar era e elas sabiam.
Eu tinha uma tesoura e um objetivo, acabar com tudo, arrancar o mal pela raiz. E esse mal era eu.
Eu não era mais humana, era apenas uma caixa de psicose e terror, eu me sentei na banheira do meu quarto com a tesoura na mão, eu apertava aquilo como se fosse um pedaço de ouro. O governo descobriu quem eu era e iria ser julgada por tortura e assassinato. Eu não tinha mais esperança.
"Esperança". Uma palavra linda mas vazia para mim, eu não tinha esperança então eu não tinha nada.
Olhei para o teto respirando fundo, eu estava tranquila naquele momento. As lágrimas brotaram, eu sorria enquanto uma sombra me observava no canto do banheiro.
— eu preciso tirar vocês de mim, eu tenho que arrancar isso, eu preciso, eu vou ficar bem, você vai ficar bem Virgínia — falei rindo. — eu rasguei o curativo e os pontos da minha barriga, eu precisava tirar eles de dentro de mim.
Uma pedra amarela surgiu na mão de cada vingador e desapareceu, eu protegeria eles de onde quer que eu estivesse.
Meu pai entrou no quarto preocupado, me procurou e abriu a porta do banheiro, ele viu a minha pele pálida e os longos e profundos cortes nos meus antebraços, a minha barriga ensopada de sangue, ele correu até mim e me tirou da banheira, tudo estava em câmera lenta.
— VIRGÍNIA, não para de respirar, por favor.
— elas pararam pai, as vozes pararam — eu falei com dificuldade, eu sorri.
— não fala Virgínia — ele corria comigo nos braços pelo complexo. — ALGUÉM PODE ME AJUDAR, PORRA
Ele chorava enquanto ele abriu a porta do laboratório com Bruce, meu pai jogou tudo que tinha em uma bancada no chão e me colocou encima.
— Me ajuda, Rápido!
— Eu vou proteger vocês, pai. — falei tranquilamente. Segurei seu braço o fazendo olhar para mim — Não dói mais, a minha mente tá silenciosa, eu me lembro de tudo de cada detalhe, eu sempre vou ser sua princesinha, não é?
Ele chorava e soluçava.
— vai sim, vai sempre ser a minha menininha.
Eu segurei sua mão, era o último toque que eu senti nesse mundo.
— eu amo vocês. — sussurrei antes de ser abraçada por um frio sombrio e uma calma que eu nunca senti.
Eu nunca deixaria de acompanhá-los. Eu vi de longe cada batalha deles, cada conquista e cada derrota. Meu pai ia todas as vezes no meu túmulo e conversava comigo e eu estava ali com ele.
~Anos Depois~
Morgan, minha irmã, estava brincando na sala da casa deles, meu pai nunca tocou no meu nome com a Morgan.
Mas frequentemente ela me via e brincava comigo, ela conseguia me ver.
Nós estávamos brincando na sala da casa, ela ria alto, nosso pai apareceu na sala.
— que risada toda é essa é, pirralha? — ele perguntou com um pano de prato sobre o ombro.
— eu estou brincando.
— é mesmo? E com quem?
— Com a Virgínia, ela disse que é minha irmã.
Meu pai ficou sério, seus olhos se encheram de lágrimas eu pude ver, ele sorriu de forma triste.
— diz pra ela que eu nunca esqueci ela.
— Ela sabe disso papai, ela sempre esteve do nosso lado.

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𝙻𝚊𝚋𝚒𝚛𝚒𝚗𝚝𝚘 𝙼𝚎𝚗𝚝𝚊𝚕 - 𝚅𝚒𝚗𝚐𝚊𝚍𝚘𝚛𝚎𝚜
Fiksi Umum𝚅𝚒𝚛𝚐𝚒𝚗𝚒𝚊 𝚂𝚝𝚊𝚛𝚔 𝚏𝚘𝚒 𝚍𝚊𝚍𝚊 𝚌𝚘𝚖𝚘 𝚖𝚘𝚛𝚝𝚊 𝚚𝚞𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚍𝚎𝚣𝚘𝚒𝚝𝚘 𝚊𝚗𝚘𝚜, 𝚚𝚞𝚊𝚝𝚛𝚘 𝚊𝚗𝚘𝚜 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜 𝚜𝚎𝚞 𝚍𝚎𝚜𝚝𝚒𝚗𝚘 𝚜𝚎 𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎𝚕𝚊𝚌𝚊 𝚌𝚘𝚖 𝚘 𝚍𝚘𝚜 𝚟𝚒𝚗𝚐𝚊𝚍𝚘𝚛𝚎𝚜.