Cidade dos anjos de fogo - Anjos caidos ainda são anjos.

Estrelas cadentes

— Deixe de ser mentiroso, moço! — Diz o pai completamente indignado.

— Estou te falando, Lúcifer fez um quarto todo decorado e especial pro tal do anjo

— E para que?, é um anjo afinal, essas criaturas são totalmente desprezíveis e traiçoeiras, o rei não é nenhum tolo de tentar agradar a um anjo — ele afirma enquanto enxuga alguns copos de vidro.

— Bem, então ele foi tolo dessa vez, pois a própria Eroxinne me contou por mensagem — o rapaz recebe um tapa tão forte em sua nuca que a cabeça se inclina bruscamente para baixo.

— Nunca mais insinue que o rei é burro, seu imbecil, agora vá lavar o resto da louça, ande logo! — O senhor Utterre fala irritado e vai caminhando com uma expressão nada alegre até o lado de fora do estabelecimento.

______________Anjo_________________

O ser acorda com o coração acelerado, tenta recuperar o fôlego, parece que ele realmente estava correndo, mesmo estando parado na cama. Ele sente um suor ao redor do corpo, mas ao mesmo tempo, sente-se extremamente cansado, como se tivesse corrido por horas.

— Está tudo bem? — Eroxinne se aproxima, está preocupada com o estado em que o anjo se encontra.

— Eu...eu estava correndo!

— Correndo? — A garota não compreende.

— Eu estava correndo em um jardim com infinitas rosas, mas algo não estava certo. A paisagem era linda, mas eu conseguia sentir uma pessoa atrás de mim, algo que estava se aproximando aos poucos!

Lúcifer havia invadido os sonhos do rapaz?, somente ele teria poder de entrar na mente do jovem

Eroxinne não era capaz de compreender o que Lúcifer estava buscando na mente dessa estranha criatura, mas isso a intrigava.

— Se acalme, foi só um sonho...e agora que mencionou um jardim, gostaria de lhe levar para conhecer um lugar.

— Tudo bem...— Ele se espreguiça e senta na cama antes de levantar e caminhar logo atrás do ser demoníaco para fora do quarto, ao observar a sombra de ambos na parede, notou que Eroxinne aparentava por sua sombra ser uma criatura gigante e monstruosa, com enormes chifres e garras.
Ele não disse nada a respeito e apenas ficou encarando ela e sua sombra de maneira intercalada, parecendo estar analisando as diferenças entre ambas.

Eles caminharam por um longo corredor cheio de curvas, cuja a iluminação vinha de fora, refletindo nas vidraças vermelhas e deixando tudo nesse mesmo tom.

Logo chegaram a uma porta muito alta, que se abriu sem nenhum toque da parte deles.

O rei está nos observando nesse exato momento.

Pensou Eroxinne e sorriu de forma um tanto quanto maliciosa ao notar o grande interesse de Lúcifer no anjo.

Do outro lado da porta havia um lindo jardim de rosas, estava cheio delas por toda parte e o chão era um enorme espelho vermelho.

— Escute, Sonne! — Ela chama a atenção do rapaz que estava completamente hipnotizado pelo lugar.

— Pode falar — o anjo se vira em sua direção e a olha com os olhos brilhando.

— Não saia daqui, fui informada de que há um problema em uma sala próxima a essa, irei ver o que é.

Em que momento ela foi informada disso?

Se questiona o garoto e então sorri para ela concordando em esperar ali.

Eroxinne sai da sala, seus passos podem ser ouvidos durante pouco tempo e logo é substituído pelo som de asas batendo antes que todos os ruídos desapareçam completamente, deixando o silêncio reinar.

Sonne caminha por entre as flores tocando a ponta de seus espinhos mas sem permitir que perfurem sua pele.

Ele olha para o chão, vendo a si próprio em um tom escarlate, aos poucos a imagem começa a ficar distorcida e seu reflexo toma outra forma, tem uma expressão monstruosa apesar de se parecer com ele, diante de tal cena ele resolve sair dali mas o chão fica escorregadio e ele cai em uma poça de sangue, começa a sentir seu corpo ser puxado para baixo e fecha seus olhos assustado enquanto se debate.

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O anjo acorda e o primeiro sentimento é de estranheza. Ele está num lugar grande, com paredes vinho e um teto preto. Na frente dele, há uma mesa com uma garrafa de água, uma toalha branca e um abajur aceso iluminando apenas a cama na qual estava deitado e parcialmente as paredes. Alguém está sentado na frente dele, mas ele não consegue ver quem é, apenas nota que alguém o está observando.

— Oi?...— chama ele pela pessoa, rezando para que se tratasse Eroxinne.

— Oi — A sua voz é bem grave e muito familiar, já a escutou antes mas não se recordava da ocasião.

Uma luz mais intensa se faz presente no quarto, deixando tudo bem visível, revelando assim o homem de antes, aquele com o qual Sonne havia conversado, o Rei Lúcifer.

— O que estou fazendo aqui? — Pergunta o ruivo olhando para o homem de longos cabelos negros.

— O castelo tentou devorar você.

— O castelo tentou me devorar? — Seu questionamento soa um pouco desacreditado.

— Foi o que eu disse, não?

— Sabe, castelos normalmente não tentam engolir as pessoas então estou bem surpreso! — Diz ele irritado com a sutil tentativa de ser arrogante de Lúcifer.

E com sua resposta acaba recebendo uma risada muito breve do rei.

— Você não deve olhar muito para seu próprio reflexo aqui no inferno, ele tentara te engolir, para sua sorte eu apareci...

— obrigado! — Diz o garoto levando a mão aos próprios cabelos e os deixando meio bagunçados.

— Por nada — A voz do homem soa meio cínica apesar de essa não ter sido a intenção.

— Onde está Eroxinne? — Ele se senta na cama.

— Mandei ela resolver algumas coisas hoje mais cedo...

— Por quanto tempo eu dormi?

— Um dia inteiro — Diz o demônio se levantando do chão no qual estava sentado dês de o momento que trouxe o jovem para seu quarto. — Mas agora que acordou eu gostaria de ver algo...

— Ver?, o que deseja ver?

— Seu corpo nu!

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