Que sorte a nossa.

Desabafo.

Ouço sua voz e me viro, enquanto ela me olhava de dentro do carro, fico intacta, não tenho nenhuma reação, só sei que sentia um alivio sem explicação por ver ali, na minha frente, felizmente ela estava bem.

Ela sai do carro e vem até mim...

- Amor, o que foi? – Ela me pergunta confusa.

- Que droga Valentina, porque você não atende o celular? Pergunto chorando.

- Se acalma. – Ela diz me abraçando. – Eu posso te explicar o que aconteceu no caminho? – Ela pede.

Não digo nada, não estou chateada com ela, eu só estava assustada, não consigo explicar tudo que passou pela minha cabeça.

Me despeço do João e da Duda que ficaram ali todo aquele tempo comigo e entro no carro com ela.

Ela dirige e vamos em silencio até em casa, ela insistia para me explicar o que aconteceu, mas eu preferia que conversássemos em casa, eu estava muito aliviada por ela estar bem.

Chegamos em casa e vou direto para o banho, não consigo evitar de chorar, minha cabeça doía, eu realmente tinha ficado muito preocupada e sei que ela estava se sentindo culpada, mesmo que nada disso fosse culpa dela, ela não sabia o que se passava em minha cabeça, não sabia dos sonhos que eu andava tendo, e nem do meu medo constante de algo acontecer com ela.

Vou para a sala e a encontro sentada no sofá, ela me dá a mão e me sento ao lado dela...

- Está mais calma amor? Ela me pergunta.

- Eu só fiquei assustada. – Digo.

- Amor, depois que nos falamos eu acabei pegando no sono, acordei próximo da hora de ir te buscar, quando olhei, meu celular estava descarregando e fiquei de colocar para carregar enquanto estivesse no caminho de ir te buscar, mas lembrei que subi pra casa e levei o carregador que costumo deixar no carro porque esqueci o meu na empresa, e pra completar, estava um transito fora do normal, quando tentei te avisar, o celular acabou desligando de vez, foi por isso que eu demorei, me desculpa por te deixar preocupada princesa, não foi por mal. – Ela diz e me abraça.

Não consigo dizer nada, queria continuar naquele abraço, queria abraçar ela e protege-la de tudo que se passava na minha cabeça.

- Amor, conversa comigo? Me diz o que está acontecendo com você? Não é de hoje que eu percebo que tem algo de errado. – Ela diz.

Não queria dividir esses sonhos ruins com ela, isso poderia assusta-la, mas ao mesmo tempo não consigo guardar para mim, era muito ruim ter essas sensações e não poder dividir com ela.

- Por favor amor, compartilha comigo, eu sei que lembrar te causa dor, mas você precisa conversar comigo, eu tenho certeza que você vai se sentir até melhor depois. – Ela diz.

- Tudo bem. – Começo a dizer. – Eu tenho tido muitos sonhos ruins, na maioria deles é com a Cecilia te fazendo mal. Não consigo te detalhar eles, eu me sinto muito mal com as lembranças desse pesadelo, o último deles foi com a gente no mesmo lugar onde fizemos nosso piquenique, lembro que estávamos bem, você tirava fotos minhas a todo momento, estávamos felizes, quando ela chegou, tirando você dos meus braços e te colocando dentro de um carro, eu ficava desesperada, dava para observar de longe o seu sofrimento enquanto a Cecilia me falava coisas horríveis, eu me senti impotente por não conseguir te proteger, eu não conseguia te ajudar, por mais que eu fizesse de tudo, por mais que tentasse de todas as formas, todo o meu esforço era em vão, até que ela te levou pra longe de mim. Desde ontem eu não consigo tirar esse pesadelo da minha cabeça, foi por isso que eu fiquei desesperada quando você não me atendia, eu não sei te descrever o medo que eu fiquei de ter acontecido alguma coisa com você. Valentina, você é o amor da minha vida, eu nunca conseguiria me perdoar se a Cecilia te fizesse algo... me desculpa se eu estiver sendo exagerada, eu sei que isso tudo pode ser coisa da minha cabeça, e eu juro que estou tentando de todos os jeitos não ficar pensando nisso, mas eu só sei que eu sinto a necessidade de te proteger o tempo inteiro, e eu não vou medir esforços para isso. - digo.