EU não sou era de acreditar no sobrenatural, mas uma experiência me faz questionar se ele existe ou se foi apenas uma desculpa que uma mente infantil criou para esconder uma memória traumática.
Trabalho em uma loja de antiguidades há apenas uma semana, um local que me encanta por seus objetos antigos e histórias embutidas em cada peça. A loja tem dois andares: o primeiro, onde ficam as exposições, e o porão, usado como estoque. Sou responsável por organizar os itens, sempre tentando atrair mais clientes com disposições interessantes.
Num dia normal de trabalho, enquanto arrumava a loja, fui interrompido pelo som da campainha. Era o carteiro, entregando uma caixa cheia de itens antigos. Entre eles, destaquei uma caixa de madeira azul escura com estrelas, parcialmente quebrada. Dentro dela, encontrei um pequeno palhaço de porcelana com uma rachadura no rosto sorridente, vestido com roupa preta e vermelha rasgada.
Limpei o boneco meticulosamente e levei-o à minha chefa, que ficou impressionada. Ela pediu para que eu o restaurasse e o colocasse em exposição, planejando contratar alguém para reparar sua roupa.
Enquanto eu trabalhava na restauração do palhaço, ouvi ocasionalmente um som estranho na loja, mas não dei muita atenção. Depois de horas de trabalho árduo, finalmente terminei, orgulhoso do resultado. Coloquei-o em uma prateleira no primeiro andar, onde ele se destacava, sorridente e colorido entre outros brinquedos antigos.
À tarde, enquanto estava no balcão, ouvi um estrondo seguido por choro de criança. Corri para investigar e encontrei uma menina presa embaixo de uma mesa. Tentei ajudá-la rapidamente, mas sua mãe chegou antes e me repreendeu severamente.
Mais tarde, com a loja quase vazia e a chuva começando lá fora, ouvi uma música suave. Segui o som até encontrar uma caixinha de música com uma bailarina ao lado do palhaço. Achei que fosse uma brincadeira, mas não vi ninguém por perto.
Às 19 horas, fechamos a loja e a luz acabou subitamente, deixando-me no escuro. Continuei meu trabalho no porão com uma lanterna, ouvindo passos rápidos atrás de mim. Virei-me rapidamente, mas vi apenas um vulto se movendo entre as estantes. Pensei que fosse um rato e preparei uma armadilha.
Depois de um tempo, ouvi a armadilha disparar, mas encontrei apenas um pano preto preso nela. Refiz a armadilha e subi para terminar o expediente, com uma sensação incômoda de estar sendo observado.
Cheguei em casa e, no meio da noite, acordei com um barulho estranho e sensação de algo arranhando meu corpo. Vi cortes aparecendo misteriosamente e senti algo pequeno passar ao meu lado. Peguei a lanterna e, ao acendê-la, tudo parou.
Desde então, mantenho a luz acesa a noite toda.
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histórias noturnas
Short StoryApanhado de contos de terror e horror sobrenatural autorais com cada conto tendo uma temática diferente, do irreal ao real. Aviso para leitores com leitura sensível