Passei a maior parte da minha vida no mar, navegando em solitárias viagens pelo vasto oceano. Sempre fui conhecido pela minha habilidade e coragem em enfrentar as tormentas mais ferozes. Mas nem mesmo um marinheiro tão experiente como eu estava preparado para o terror que estava por vir.
Uma noite fria e coberta por uma densa e estranha névoa, enquanto navegava sozinho em minha pequena embarcação, uma tempestade violenta surgiu do nada, engolindo o céu estrelado em um turbilhão de nuvens escuras e relâmpagos. As ondas cresceram monstruosas, arremessando meu barco de um lado para o outro. Lutei contra tentando manter o controle, mas o mar parecia ter outros planos.
Após horas de luta, a tempestade finalmente cessou, deixando para trás um oceano sinistramente calmo e um céu limpo. O barco estava danificado, mas ainda flutuava. Exausto, olhei ao redor e percebi que estava perdido, sem nenhum ponto de referência. Apenas o horizonte interminável de água me cercava.
Dias passaram, e minha situação piorou. A água potável e os suprimentos alimentares estavam quase esgotados. Estava à deriva, sem sinal de terra ou de resgate. Não tinha nenhum tipo de sinal de rádio ou de telefone. O calor do sol era impiedoso durante o dia, e as noites eram frias e solitárias. Comecei a ouvir sussurros no vento e a ver sombras se movendo na água, mas dizia a mim mesmo que eram apenas ilusões de uma mente exausta e solitária.
Certa noite, enquanto observava o mar escuro, vi uma figura emergir da água. Era uma mulher, ou pelo menos parecia ser. Sua pele era pálida, quase translúcida, e seus olhos brilhavam com uma luz inumana e distante de qualquer coisa que tinha visto. Ela flutuava na superfície, observando-me silenciosamente.
— Quem é você? — perguntei, minha voz trêmula.
A figura sorriu sem mostrar os dentes, mas não respondeu. Em vez disso, começou a cantar uma melodia hipnotizante, uma canção de tristeza e desejo. Senti-me atraído por aquela voz, incapaz de resistir. Levantei-me, caminhando até a borda do barco. Aquilo me envolvia e me abraçava, não meu corpo, mas minha mão.
— Venha comigo — a mulher sussurrou, estendendo a mão para mim.
Quase em transe, estendi a mão para a dela, mas no último momento, uma onda de lucidez me atingiu, e recuei. A mulher desapareceu na água, mas a canção continuou a ecoar em minha mente. Por alguns segundos achei que fosse cair de meu barco.
Nas noites seguintes, ela retornava, cada vez mais próxima, cada vez mais insistente. Estava à beira da loucura, amarrei meu corpo com um nó mais forte que conhecia para minha segurança, a linha entre a realidade e a ilusão se tornando cada vez mais tênue. Sabia que não poderia continuar assim, mas também sabia que estava à mercê do mar e de seus caprichos.
Uma noite, a canção mudou. Tornou-se mais sombria, carregada de um desespero profundo. A figura emergiu novamente, mas desta vez, não estava sozinha. Ao seu redor, outras figuras surgiam, homens e mulheres com olhares vazios e expressões de agonia. Eles eram marinheiros perdidos, almas condenadas a vagar pelo mar eternamente.
— Junte-se a nós — a mulher implorou, sua voz cheia de tristeza.
Completamente desorientado, não pude resistir. Desatei o nó. Estendi a mão e senti o toque gelado dela. Fui puxado para a água, mergulhando na escuridão. A última coisa que senti foi o gélido abraço do oceano, enquanto as vozes dos condenados me cercavam, sussurrando segredos do abismo. Eles compartilhavam segredos de suas vivencias
Meu barco foi encontrado dias depois, à deriva, vazio. Não havia sinal de mim, apenas um diário com as últimas palavras escritas em um desespero final: "O mar chama, e eu devo responder."
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histórias noturnas
Cerita PendekApanhado de contos de terror e horror sobrenatural autorais com cada conto tendo uma temática diferente, do irreal ao real. Aviso para leitores com leitura sensível