volta pra casa

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Em uma noite fria de outono eu um jovem estudante universitário no Japão, decidira caminhar pelas ruas tranquilas de Kyoto após uma longa sessão de estudos. Precisava de um momento para clarear a mente, respirar o ar fresco e, quem sabe, encontrar alguma inspiração para meu trabalho.
As ruas estavam silenciosas, as lâmpadas de papel nos postes de luz lançavam um brilho suave e acolhedor. A tranquilidade da noite me dava uma falsa sensação de segurança, fazendo-me esquecer temporariamente das lendas urbanas assustadoras que sempre ouvi desde criança.
Andava sem rumo para relaxar antes de chegar em casa, meus passos ecoando nas calçadas vazias, quando comecei a sentir uma presença estranha. O ar ao meu redor parecia ficar mais pesado, e uma inquietação crescente tomou conta de mim. Tentei ignorar, atribuindo a sensação ao cansaço, mas logo ouvi um som peculiar.
"Tec... Tec... Tec..."
Era um som agudo e repetitivo, como se alguém estivesse arrastando algo pelo chão. Parei, olhei ao redor, mas não vi nada. Meu coração começou a bater mais rápido, uma onda de pavor subindo pela minha espinha congelando minha alma. O som continuava, cada vez mais próximo.
— Quem está aí? — gritei, minha voz tremendo de medo.
Silêncio. Apenas o som do vento soprando através das árvores. Comecei a andar mais rápido, quase correndo, tentando escapar daquela sensação opressiva. Mas o som não me deixava. "Tec... Tec... Tec..." Era persistente, incansável.
Virei uma esquina e finalmente a vi. Uma figura feminina, rastejando pelo chão com seus cotovelos. Seus olhos eram dois buracos negros que pareciam sugar toda a luz ao seu redor. A parte inferior de seu corpo estava ausente, cortada ao nível da cintura, e ela se movia com uma velocidade aterrorizante.
Era a Tec-Tec, buscando mais vítimas para fazer companhia à sua agonia eterna.
Minha respiração ficou pesada, o pânico tomou conta de mim. Virei e corri, mas o som dos cotovelos dela batendo no chão era ensurdecedor, cada vez mais próximo.
— Por favor, não! Deixe-me em paz! — gritei, desesperado.
— Por que está correndo? — A voz dela era um sussurro gelado que cortou o silêncio da noite. — Quer ser como eu? —
Continuei correndo, meus pulmões queimando, meus músculos protestando, mas sabia que não poderia parar. Virei outra esquina e tropecei, caindo no chão. O som de "Tec... Tec..." estava bem atrás de mim.
Ela me alcançou, seus olhos vazios encontrando os meus. Um sorriso macabro se espalhou pelo seu rosto pálido. Antes que eu pudesse gritar por ajuda, senti uma dor aguda na cintura, como se mil facas estivessem me cortando. A última coisa que vi foram seus olhos negros e a sensação de ser arrastado para um abismo sem fim.
Na manhã seguinte, encontraram meu corpo, partido ao meio, na mesma esquina onde vi a Tec-Tec pela primeira vez. Meu espírito agora vaga pelas ruas de Kyoto, unido àqueles que encontraram a Tec-Tec antes de mim. Ela continua sua busca, e eu, como todos os outros, estou preso em um ciclo interminável de terror e desespero

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