quarto

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Eu sempre amei histórias de terror. Fantasmas e demônios povoaram minha infância, adolescência e início da vida adulta. Minha mãe, uma mulher profundamente religiosa, desaprovava meu fascínio, mas eu não ligava. Assistia a filmes e lia livros, convencido de que, se estivesse no lugar dos personagens, minhas decisões seriam muito melhores. Até que uma noite, a realidade superou a ficção, e eu vivi o verdadeiro terror.
Moro em uma casa de dois andares. Meus tios moram em cima, e eu e meus pais moramos embaixo. Passo grande parte do dia sozinho, encontrando meus pais apenas à noite e nos fins de semana.
Tudo começou com sons estranhos: passos e ruídos vindos do quarto ao lado. Tentei ignorar, pensando que eram minhas gatas ou barulhos do andar de cima. Mas, com o passar dos dias, comecei a sentir uma presença constante. Sempre que passava por um cômodo escuro, tinha a nítida sensação de que alguém estava lá, à espreita. Às vezes, via uma silhueta deformada, mas sempre que acendia a luz, ela desaparecia.
A paranoia se instalou. Passei a manter todas as portas dos quartos fechadas e a ficar apenas em lugares bem iluminados. Até que a noite fatídica chegou.
Estava com uma forte dor de cabeça, então me deitei no meu quarto, com uma única luz fraca acesa. Naquele dia, minha mãe chegou mais cedo. Eu a vi passar pelo meu quarto e falar comigo, mas assim que ela se afastou e apagou outra luz, senti uma sensação aterradora.
O colchão afundou ao meu lado, como se alguém tivesse se deitado ali. Pude sentir a presença em minhas costas. Vultos começaram a percorrer o quarto, e as pinturas que eu tinha feito nas paredes começaram a derreter. O ambiente ficou cada vez mais escuro. O pânico percorreu minha espinha, me paralisando e deixando minha respiração ofegante. Eu não sabia o que fazer.
Sentia alguém atrás de mim, e tinha certeza de que, se me movesse, seria atacado. Não sei quanto tempo se passou, mas finalmente reuni coragem suficiente para pegar meu telefone e mandar uma mensagem para minha mãe, que estava na cozinha.
“Vem pro meu quarto.”
Ela chegou rapidamente, e assim que a vi, desabei em lágrimas.
— Tem alguém no meu quarto — sussurrei, desesperado.
Minha mãe tentou me confortar, dizendo que não havia ninguém, mas a sensação era tão forte que eu repetia, insistentemente, que havia algo, alguém, atrás de mim.
Ela me segurou pelas mãos e me levou até o quintal, onde uma rede estava atada. Lá, rezou várias vezes para me acalmar e preparou um chá quente. Naquela noite, não consegui dormir no meu quarto. Hoje, já consigo, mas não consigo ficar no escuro sozinho.
Desde então, histórias de terror não são apenas entretenimento para mim. Elas são um lembrete constante de que, às vezes, a linha entre a realidade e o sobrenatural é mais tênue do que imaginamos. E o verdadeiro terror não está nas histórias que contamos, mas nas experiências que nos assombram.

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