Cap. 13 Palhinha de Amana

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Yandra avisou estar vindo, mas não apareceu até agora.

Eu estou com Yake aguardando a sua chegada com a Cendi.

Moro na divisa entre a aldeia e a cidade. Sou filha de uma indígena com um homem branco. Mamãe é professora e dá aulas na cidade. O meu pai também é professor, cresci indo e vindo da aldeia para a cidade, agora adulta, eu fico dividida entre a cidade e aldeia, vez ou outra sinto-me como se não pertencesse a lugar nenhum. Evito ficar somente na aldeia por causa de Yakecan. Yake nutre sua paixão desde pequeno por Yandra. Ele sempre deixou claro que eu era a sua irmãzinha. Moral da história, nunca viu em mim uma mulher de verdade. Fazer o que né? Aceitar, engolir os meus sentimentos e seguir como amiga. Mas não pensem que ele será feliz. Yandra nunca deu esperanças a Yake, ela sempre deixou claro os dois serem amigos.

- É melhor irmos buscá-las. - observo-o e quase suspiro pelo índio que amo. Mas sabendo não poder, digo:

- Vamos? - Yake ligou o motor da caminhonete, tomei o meu lugar no banco do motorista e saímos para buscar Yandra e a Cendi.

- Aquela safada deve estar tentando prender Yandra na casa. Por isso ela não apareceu.- falei puta da vida.

- Pode ser, não sei porque Yandra não deixou aquela casa, a vovó é forte e disse que está morrendo não pode ser vigiada, mas sim pela neta estar sofrendo nas mãos da Darah.

- Sei como é, mas Yandra sabe o que faz. Ela só tem uma avó e não quer perdê-la.

- Não entendo, é só Yandra das a ordem, eu mesmo sumo com os dois caras que estão na aldeia. - revirei os olhos pelo seu lado herói toma a cena. Tudo para agradar Yandra.

- Se ela quisesse já teria mandado. Temos que aguardar o que ela vai fazer e falar. Não banque o herói sem o consentimento dela.

- Certo! - olha-me e revira os olhos - Mandona.

- Tadinho, ficou chateado o Herói da terra do nunca

- Não irrita Amana.

- Tá bom. - cruzei os meus braços encarando a estrada e não demorou para estarmos na frente da mansão. - A polícia está com Yandra. Céus. - abro a porta do carro e vou como uma bala.

- Merda, volta aqui Amana. - Yake corre atrás de mim, mas eu saio em descarado para ajudar Yandra. Assim que cheguei mais perto. Yandra vamos? Observei um homem agarrado a sua cintura. Mas não sei quem é, olhei para o rosto de Yandra e em choque levei a mão à boca. Darah bateu no rosto de Yandra e é por isso que ela não foi. Os policiais devem estar aqui porque Yandra fez denuncia. Faço todas as suposições sem falar uma palavra.

- Que bom que você chegou. - olhei furiosa para Darah. Desgraçada acabou com a vida de Yandra e ainda sorri como se fosse boa.

- Que bom que eu cheguei? Vim buscar Yandra e Cendi.

- Vei buca eu? _ meu pai, como Cendi está grande, céus, eu a vi estava um bebê. Sim, Yandra não sai daqui e eu não venho. Ela sabe o que faz, aceito sua escolha.

- Sim, eu vim buscar você coisa linda. - Meu pai, a garota é a cara do senhor da casa, até os olhos são iguais aos dele.

Pobrezinha da minha amiga, sofreu em silêncio anos, fingindo que a filha não era do senhor da casa. Sofreu tantos abusos da mulher que deveria cuidar-lhe. Mãe, Darah é um monstro isso sim.

- Vem com a tia Amana. - o policial olhou-me a pegar Cendi. Uau, você está muito linda e pesada.

- A senhorita é parente dela? - o policial foi quem perguntou-me

- Sim, sou a tia de Cendi. Acredito que já podemos ir?

- Sim, podem. Esse homem precisa de cuidados médicos urgentemente. - olhei para a cara do desgraçado e não sei quem é. Mas uma certeza eu tenho! Ele não é problema meu.

- Vem Yandra. - segurei-a pelo braço. Mas o homem não soltou-a. Quem é ele? E só então a minha ficha caiu. Esse deve ser o homem que Yandra relatou ser o amante da Darah. Agora que não ajudo mesmo.

- Ele precisa de cuidados de especialistas, é melhor chamar uma ambulância, Yake. - falei assim que Yake chegou perto de mim. O homem estreitou o olhar e Yandra acenou discretamente 'não' com a cabeça. Eu lá sou ela? - Ligue para a ambulância. Senhor polícia, irei cuidar para que ele seja bem cuidado. - o policial acenou e entrou na viatura. Agora estávamos sozinhos..

- É melhor irmos no seu carro Amana. - Kkk .. fui obrigado a rir de Darah.

- Vá no seu! No meu carro só cabem Yandra e Cendi.

- Amana, leve Cendi, eu tenho que resolver algumas coisas antes de ir.

- Você vai conosco e será agora. - clap... clap... Podem aplaudir Yake, eu deixo.

- Yandra, venha. - chamei-a e o Yake colocou-se ao lado do homem que não teve outra escolha a não ser deixar Yandra sair de seu aperto. É assim que eu gosto, o meu Índio lindo bota moral mesmo.

- Vamos? - Yake colocou-nos em sua frente. - E você, cara pálida, se der um passo irá ver o que esse índio é capaz.

- Amana, este homem é perigoso.

- Ele não é mais perigoso do que eu e Yake juntos. Vamos embora daqui.

- Yandra?- Darah gritou. Paramos para ouvir mas sem olhar para trás. - Vai se arrepender do que está fazendo.

- Ela já tem arrependimentos demais e um deles é ter um dia lhe chamado de mãe.- fui ao ouvido dela. - Desculpa amiga.

- Tudo bem, eu não tenho consideração por ela.

- Vamos sair logo daqui e Yandra o que aconteceu com o seu rosto? - Yake perguntou, mas Yandra só negou com a cabeça.

- Mamãe?

- Sim amor?

- Podemo buca o ti Du? - os olhos de Yandra encheram-se de lágrimas.

- Amanhã eu vou buscá-lo, tá bom? - respondo no lugar de Yandra.

- Abom, amenha eu vê ele. Tô tom soudade do ti Du - ou que dó, o meu coração apertou. Ela realmente ama o pai. Será que ela já sabe que ele é o pai dela. Depois irei perguntar para Yandra.

- Eu sei que está com saudades. - entramos no carro. Cendi estava com uma carinha triste. - Cendi, hoje você vai conhecer a aldeia. Ela tem muitas crianças legais e você vai brincar muito. Você quer brincar?

- Eu telo! - Yandra pegou-a no colo e Yake deu partida no carro. Passei o meu braço na minha amiga e ela deitou a cabeça em meu ombro.

- Eu sofri muito. - declara em sussurros.

- Eu sei, mas acabou. Agora estará segura na aldeia. - Yake dirigiu e assim que parou o carro sabíamos que a única coisa que nos separava da aldeia era o rio. A única coisa que separava-nos da aldeia era um rio.

- Vida nova! - declarou Yandra

- Tudo novo! - acrescento

- Recomeço e novas histórias! - Yake falou a puxar o barco para irmos.

Recomeço e novas histórias. disse ela a sorrir.
Recomeço e tudo novo. Isso era o que queríamos, mas nem tudo o que queremos pode ser dado. Sabendo disso, entramos no barco. Que eu esteja errada e que seja só um presentinho ruim.
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Continuação com Yandra...
Obrigada aos que estão lendo, e... Beijos no coração 🥀🥀🥀

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