Soulbound

Filhas

Sarah bateu a perna ansiosamente, fixando-se na mesa, como se esperasse que mais papelada aparecesse magicamente. Era sábado, um dia que normalmente lhe trazia um pouco de paz em meio à carga de trabalho, mas hoje foi diferente. Ela ansiava por reuniões e relatórios entorpecentes, qualquer coisa para recuperar o foco.

Desde que Tally saiu do quarto usando o moletom esfarrapado de Sarah, parecendo incrivelmente adorável, a inquietação a consumia. A ansiedade que ela sentiu em Tally através do vínculo deles a atraiu, como se estivesse jogando um jogo de cabo de guerra com a conexão deles. Foi esmagador.

Com um suspiro, ela se levantou e caminhou em direção ao quarto. Ela rapidamente vestiu um short de corrida e uma camiseta, pegando seus tênis raramente usados. Saindo da sala, ela acenou para o surpreso Blackmore em sua mesa.

"Vou correr", Sarah respondeu, com a voz sumindo. "Entre em contato comigo através do farspeech se precisar de mim."

Assim que Sarah entrou no ar fresco da manhã, ela começou a correr, deixando tudo para trás. O campus estava quase deserto, com a maioria das bruxas saindo para as férias de outono. Evitando pontos de encontro populares, ela se aventurou pelas trilhas arborizadas.

Ela se esforçou, permitindo que a queimação em seus músculos a consumisse. Já fazia algum tempo que ela não tinha a oportunidade de fazer isso, pois a logística de suas responsabilidades sempre dificultava. Ela sentiu falta disso.

Ela correu até que o tempo perdeu o sentido, até que suas pernas tremeram, ameaçando ceder debaixo dela. Apoiando-se em uma árvore, ela finalmente baixou a guarda, ofegando por ar enquanto seus pulmões queimavam.

"Você está fora de forma."

A cabeça de Sarah virou para a esquerda, seus olhos se estreitando quando Thatcher emergiu de trás de uma árvore, com um sorriso malicioso.

"Eu não sou tal coisa", Sarah respondeu, frustrada porque suas palavras saíram tensas devido à sua respiração difícil. Levantando-se, ela agarrou a barra da camisa e enxugou o suor do rosto. —Por que você está aqui? Você não deveria estar com Tally?

Thatcher cruzou os braços, encostada na árvore, ainda sorrindo.

"Tally está com Petra - certifiquei-me de que ela chegasse ao escritório. Petra é mais do que capaz de cuidar dela", explicou Thatcher. Empurrando-se da árvore, ela se aproximou de Sarah. "A verdadeira questão é: por que você está aqui, se esforçando até a exaustão?"

Sarah franziu os lábios, pronta para responder sarcasticamente, mas o puxão ansioso de Tally, instando-a a se abrir, a atraiu mais uma vez. Fechando os olhos, ela suspirou, frustrada por Tally estar passando por essa turbulência.

"Tally é mais forte do que parece, Sarah", afirmou Thatcher, fazendo Sarah abrir os olhos. Ela se recusou a encontrar o olhar de Thatcher, fixando-se em uma bétula à sua frente, concentrando-se em um pedaço descascado de casca branca.

“Eu sei que ela é forte. Eu só queria que ela não precisasse ser”, admitiu Sarah.

Eles ficaram em silêncio, cercados pelos sons do vento e do farfalhar das folhas, permitindo que o peso de seus pensamentos preenchesse o ar.

"Vamos, vamos tomar uma bebida", sugeriu Thatcher finalmente.

Sarah não resistiu a revirar os olhos naquele momento. "São dez da manhã, Thatcher."

Thatcher riu profundamente, lançando a Sarah um olhar travesso. "Eu quis dizer água. Parece que você está prestes a desmaiar."

Thatcher se virou e começou a voltar pelo caminho por onde vieram, confiante de que Sarah a seguiria. Eles caminharam em silêncio por alguns minutos até que uma velha cabana, onde Thatcher estava hospedada, apareceu.