Only You (Jenna/You)

Cap 20 - Amizade (parte 1)

POV Jenna

Abro lentamente meus olhos, me acostumando com a pouca, porém existente claridade no quarto, praguejo a brasileira por ter esquecido de fechar por completo as cortinas. Falando nela, sua respiração suave em meu pescoço indica que a mesma ainda dorme profundamente, seus braços firmes ao redor de minha cintura deixando nossos corpos colados, a ponto de sentir o calor e o toque macio de seu corpo. Estico meu braço alcançando meu celular sobre a mobília ao lado da cama apenas para verificar que ainda são 5h. Apesar do horário me sinto completamente descansada e disposta. Hoje fecham exatamente três semanas que S/N está aqui comigo e hoje também fazem exatos três dias que não tenho nenhuma crise, o que pra quem estava acostumada com elas todos os dias e até mais de uma vez por dia, é realmente libertador. Sinto como se um peso tivesse saído de minhas costas e meu corpo depois de meses parece finalmente relaxado.

Fecho novamente os olhos, apenas para evitar a claridade, por que não tenho nenhum um pingo de sono e como se ao fechar de minhas pálpebras fosse dado aval para que meus pensamentos me invadissem eles vem com toda força, mas diferente de outros momentos, não eram ruins, nas verdade todos eles levavam à brasileira que dorme profundamente atrás de mim. 

Eu tenho evitado pensar demais sobre isso, tentado com todas minha forças evitar tal assunto e sei que com isso estou apenas retardando o inevitável, hora ou outra teremos de colocar tudo às claras, bom, pelo menos eu, porque a mesma já deixou mais do que claro suas intenções e opinião sobre tudo. Não é como se eu tivesse medo, quer dizer, não chega a ser medo mas...sinceramente...eu cresci com minhas mães e minhas tias falando sobre amor, compondo e cantando sobre amor, ouvindo sobre como elas enfrentaram muita coisa para estarem juntas numa época onde ainda era complicado ser você mesmo. Cresci ouvindo sobre como elas correram atrás de seus sonhos, lutaram por eles e ainda assim, pelas pessoas que amavam.

Talvez pra quem está de fora pareça lindo, mas não adianta eu querer romantizar tudo isso, não é culpa delas afinal, mas crescer assim me fez elevar minhas próprias expectativas e com isso a autocobrança excessiva. Não posso negar o fato de que sim, cresci à sombra de minhas mães, volto a repetir, não é culpa delas, o meio em que estamos inseridas tende a fazer comparações o tempo inteiro e de todo mundo, e pra eles sempre foi um prato cheio usar o fato de minhas mães e tias serem famosas e eu ser a única, da segunda geração,  a seguir carreira artística. Resumindo, recaiu sobre mim todas as comparações, mesmo eu sequer sendo do ramo da música. 

Inconscientemente acabei me cobrando pra ser tão boa quanto ou melhor que elas, apenas para tentar silenciar o barulho da mídia. E onde a brasileira se encaixa nisso tudo? Bom, ela se encaixa na única área que eu não consigo lidar.

Fazendo uma rápida análise:

▪︎Minha carreira? Aos poucos construi ela de forma sólida e ainda estou construindo, alcançando cada vez mais meu lugar e saindo da sombra de ser uma Cabello-Jauregui, mais um motivo de utilizar o segundo nome da mommy; ▪︎Mentalmente? Não estou 100% e nunca fui, mas estou sabendo lidar melhor com minha própria mente, mesmo com as crises constantes, agora sei como lidar com elas e com o rastro que deixam;

▪︎Minhas finanças? Eu cuido delas, com alguma ajuda da Brigs que faz meu agenciamento claro. E um segredinho, mama me manda mesada todos os meses "escondido" da mommy, mal sabe ela que a mommy manda também, sem contar as abuelas que insistem em me mimar, coisa que não reclamo obviamente. O que posso dizer? Sou a princesa daquela família, a primeira filha, primeira neta, mereço todo esse amor.

▪︎Meus sentimentos? Vida amorosa? Uma bagunça ou melhor, um quebra-cabeças que não consegui montar nem as laterais ainda. E é aqui que volto para a garota em questão, ela se encaixa na única parte que não compreendo, não domino e me sinto completamente perdida.