Only You (Jenna/You)

Cap 03 - Nova Fase

POV S/N

É real, está acontecendo. Estou prestes a desembarcar em NY. Parece que ainda não caiu a ficha de tudo que está acontecendo desde o dia em que abri aquele e-mail e vi que havia sido aprovada. Hoje, duas semanas depois já estou em solo americano, prestes e dar o próximo passo na minha vida. Vou aproveitar essas duas semanas antes do semestre de fato começar para ajeitar minhas coisas, arrumar um emprego, passar na Juilliard assinar alguns papéis, enfim me organizar pra começar essa nova fase. Graças à Pri consegui um lugar pra ficar, uma kitnet bem legal até, num bairro tranquilo pelo o que fiquei sabendo através de minhas pesquisas. 

É interessante como as coisas podem acontecer na vida da gente de uma hora pra outra e mesmo que estejamos esperando ainda assim, acabamos sendo surpreendidos. Cara, eu cresci em uma cidade pequena do Paraná, meus pais do ramo hoteleiro, filha única, cheia de sonhos. Sonhos estes que as vezes pareciam loucura até para mim mesma e agora, cá estou eu, chegando em NY com nada mais que uma mala média, meu violão, uma mochila e muitas, tipo, muitas expectativas. Saio de meus pensamentos ao ouvir a aeromoça nos pedir par afivelar os cintos pois estamos prestes a pousar. Faço o recomendado e minutos depois desço da aeronave, estando oficialmente em NY. Seria clichê dizer que sinto como se estivesse com a caneta na mão pronta pra escrever um novo capítulo da minha história? Que se dane, sendo clichê ou não, é essa sensação que tenho agora. Sinto meu celular começar a vibrar em meu bolso e assim que pego o mesmo sorrio ao ver o contato de minha mãe.

Chamada de vídeo ON

Mari: Ta inteira? - fala assim que sua imagem surge na tela do celular.

S/N: Não na verdade é minha alma respondendo aqui - respondo rindo - tava cronometrando a hora que eu ia chegar por acaso? - pergunto.

Mari: Eu não garota, tenho mais o que fazer - diz desviando o olhar, sim, ela estava cronometrando.

S/N: Ok, finjo que acredito - brinco com a mais velha.

Mari: Me conta como foi a viagem? Tudo bem? - pergunta ansiosa e sorrio antes de responder.

S/N: A viagem foi tranquila, dormi quase toda ela na verdade - falo fazendo a mesma rir - mas cara, eu nem sai do aeroporto ainda e já tô achando tudo incrível, quer dizer, é um sonho você sabe mãe- me emociono e a mais velha também.

Mari: Fico muito feliz por você filha, você merece - diz - preciso desligar o hotel está lotado hoje e estou sem a Jana que adoeceu, pra me ajudar - fala.

S/N: Isso é ótimo, quer dizer, não a Jana doente, mas o movimento - respondo - assim que chegar em casa e me organizar te aviso - digo.

Mari: Mais tarde sua tia vem pra cá, ligo pra você dar um oi pra ela. Se cuida minha filha, te amo muito - fala sorrindo.

S/N: Amo você minha velha, não trabalhe demais. Logo logo te trago pra cá - falo mandando um beijo para a mesma e encerrando a ligação em seguida.

Chamada de vídeo OFF

Caminho em direção à esteira de bagagens, espero alguns poucos minutos pegando minha mala em seguida. Abro a mensagem que a Pri havia me mandado com o endereço do apartamento tendo o mesmo em mãos pra já passar ao taxista. Cara, eu estou realmente emocionada de estar andando nessa gema de ovo ambulante que são os táxis novaiorquinos, sério mesmo. São pouco mais de 40min do aeroporto até o bairro onde fica minha kitnet, então aproveito pra curtir a vista e pensar um pouco sobre tudo. 

Deixei meu país pra trás e simplesmente vim pra outro, longe de casa, longe da minha família e longe de tudo o que conheço, saindo completamente da minha zona de conforto. Não posso negar que sinto um frio na barriga ao pensar sobre tudo o que está acontecendo. Mas ao mesmo tempo sinto que me preparei a vida toda pra isso, quer dizer, os únicos laços afetivos que deixei no Brasil foram minha família, sem namorada, sem amigos, no máximo conhecidos que nem sequer sabem o que ta rolando porque é privado demais para que eu expusesse. Pra não dizer que não ficou ninguém, tem a Luana com quem manterei contato e somente ela. Parece solitário? Talvez sim, talvez não, depende de como se interpreta as coisas.