Sexta-feira, 26 de agosto

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(Jimin)

Estou atrasado, como sempre, então, quando entro no refeitório, observo o lugar rapidamente em busca de qualquer assento disponível. Há alguns em todas as mesas, mas paro quando meus olhos encontram um cara pequeno sentado sozinho.

Ele está usando uma camisa risca de giz vintage em estilo carteiro, gravata borboleta xadrez, calça vermelha intencionalmente curta, meias azuis com estampa de losangos e sapatos Oxford pretos e brancos. Por algum motivo, sei que é ali que devo estar. Ele tem um estilo incrível, e, para usar uma coisa assim, é preciso ter uma personalidade ousada. Decido que preciso conhecê-lo. Quando me aproximo,consigo perceber que ele está tentando ser forte, mas seus ombros estão encolhidos,e ele deve estar nervoso à beça. Sinto vontade de dar um tapinha nas costas dele para aliviar um pouco a tensão. Mas não faço isso. Eu adoro tocar nas pessoas, mas aprendi por tentativa e erro que algumas pessoas ficam surtadas com toques. As apresentações vêm primeiro.

— Essa cadeira está ocupada? — pergunto educadamente.

Ele leva um susto com a proximidade da minha voz, mas se vira para me olhar.Eu dou um sorriso. A gravata borboleta dele é fofa demais. Pergunto de novo:

— Essa cadeira está ocupada? — E aponto especificamente para a cadeira ao lado dele, apesar de todas as cadeiras estarem vazias.Quando ele abre um sorriso, os ombros começam a relaxar.

— Não. Não tem ninguém sentado aqui. Pode se sentar. — Sei que a palavra “duende” não é exatamente uma descrição masculina, mas é a primeira palavra que me vem à mente quando vejo o sorriso dele. Ele é um duende, bem-cuidado e bem-vestido.

— Cara, essa camisa é demais — digo, indicando a camisa dele enquanto me sento. Tem até um nome bordado em estilo antigo: Frank. Ele não deixou passar nada. — Sou Jimin.

Estico a mão, que ele segura com leveza. Suas mãos são macias.

— Obrigado… eu acho. Jimin é apelido de Jiminie? Sou Kim  SeokJin. — Ele é formal, mas não de um jeito metido e esnobe. É formal de um jeito sutil e sofisticado. Ainda assim, esse cara precisa relaxar. — E sua camiseta também é fabulosa — acrescenta ele. Estou usando uma regata que diz “Tijuana is muy bueno.” O texto foi tirado de três camisetas originais, com as alças feitas de fita preta grossa.

— Ah, obrigada, Jin. — Ele parece sincero. — E é só Jimin. Jiminie é um nome que nem minha mãe teria escolhido.

— De nada, Jiminie. — Ele dá um sorriso malicioso. — E é só SeokJin. Jin é um nome que nem minha mãe teria escolhido.

Dou uma gargalhada.

— Então vai ser assim? — Gostei dele. É espirituoso. E não está recuando,embora pareça estar morrendo de medo de estar aqui.

Nessa hora, alguns membros da faculdade entram pela porta e começam uma apresentação de uma hora sobre a Experiência da Grant College. Uma risadinha escapa de mim quando o reitor diz as palavras Experiência da Grant College ao dar as boas-vindas. SeokJin também sufoca uma gargalhada e faz sinal para que eu fique quieto,colocando o indicador nos lábios. Paro quando percebo que somos os únicos que estão rindo. O reitor não está sendo engraçado nem irônico, ele está falando sério.

E todo mundo está babando. A Experiência. Demoro vinte segundos para perceber que não só o cara está falando sério como está realmente animado para nos contar.Ele vive A Experiência. Agora que sei que esse dia tem nome, não consigo deixar de sentir que entrei em uma barraca itinerante de uma igreja ou em um seminário de autoajuda. A porra do entusiasmo que esse cara exala é inacreditável. Assim, me rendo e me entrego à situação pelo mero entretenimento, e, apesar de não estar necessariamente acreditando no que ele diz como todo mundo parece estar, ainda é divertido à beça assistir. Algumas de suas falas, mesmo ele estando tão sério quanto um ataque cardíaco, estão dentre as coisas mais engraçadas que ouvi ultimamente.

Raio de Sol (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora