(Jimin)
Meu celular está vibrando na cômoda de jungkook. Pisco para afastar o sono e olho para o relógio. 1h37. O toque para antes que eu atenda, mas, quando o pego, o aparelho volta a vibrar de forma insistente. É Tae.
— Oi, Tae. — Minha língua parece grande demais na boca e faz minha voz soar rouca e arrastada. Essa nova medicação para dor transforma meu despertar em um processo lento. Como se minha consciência não concordasse comigo. É uma merda poderosa.
— Jimin. Me desculpe acordar você, mas o que está acontecendo com seu garoto?
Eu me sento e digo:
— O quê? O que foi, Tae? — Eu olho para Jungkook, que está dormindo do meu lado.
— Yoon. O babaca apareceu quinze minutos atrasado para a passagem de som, bêbado de cair e desapareceu depois. Nós o encontramos em um bar na rua e praticamente tivemos que carregá-lo para que voltasse para o show, o que, em retrospecto, foi um erro de proporções épicas. O show foi uma merda absurda. Ele estava tão bêbado que esqueceu metade das letras, se recusou a tocar a guitarra,xingou a plateia e caiu duas vezes. Foi brilhante.— O sarcasmo pesa na última declaração. — Claro, ele consegue tocar bêbado.Já fez um milhão de vezes. Mas isso… foi pior do que ruim. Ele se trancou no ônibus agora e não quer deixar ninguém entrar. Não quer falar com nenhum de nós.O celular cai direto na caixa postal. O que aconteceu em Minnesota? Eu nunca o vi assim. Merda.
Isso é ruim. Sei que Yoon se fecha quando está chateado. As únicas pessoas com quem fala quando está assim são Ji-eun e eu. Sempre foi assim. Não consigo segurar um suspiro.
— O que foi, Jimin? Qual é o problema? É ruim, né? — A raiva na voz dele diminui.
— É, espere. — Eu levanto da cama. Jungkook se mexe ao meu lado.
— Gato, o que foi?
Seguro o celular longe do rosto.
— Está tudo bem, gato. Volto em alguns minutos. Preciso atender essa ligação.— Eu coloco o casaco e as botas e abro a porta para sair o mais rápido e silenciosamente que consigo. Está gelado lá fora. — Pronto, Tae. Me desculpe,tinha que ir para um lugar onde pudesse falar.
— Tudo bem. Me desculpe acordar você, Jimin, mas eu não sabia o que fazer. Yoon não é assim. Estou preocupado.
— É, eu também. — Eu respiro fundo algumas vezes antes de falar. — Estou doente, Tae.
— Ah. Porra. — Então, ele continua, mais baixo: — Porra. — E então, mais alto: — Por favor, me diga que o câncer não voltou.
— Voltou. — Me sinto péssimo, como se eu o tivesse decepcionado ao dar a resposta que ele não queria.
Ouço um barulho alto, como se ele tivesse chutado ou batido em alguma coisa,seguido por um silêncio.
Eu continuo.
— Yoon descobriu na quinta à noite. Passamos a noite no hospital. Ele lidou bem até eu deixá-lo no aeroporto hoje.
— Ontem — corrige ele.
— Certo, acho que já é domingo, né?
— E qual é o prognóstico? — Ele parece assustado.
— Não é bom.
— Ah, Jimin. — Agora, só parece triste. — Sinto muito.
A voz de Jungkook surge na escuridão.
— Jimin, está um gelo aqui fora.Venha falar aqui dentro. Você não vai acordar Stella. Ela está dormindo no sofá.
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Raio de Sol (Jikook)
RomanceSegredos. Todo mundo tem um. Alguns são maiores que os outros. Alguns,quando revelados, podem curar você... E outros podem acabar com você. "Faça épico", costuma dizer Park Jimin quando quer estimular alguém a dar o melhor de si. Nascido numa famíl...