Domingo, 27 de novembro

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(Jimin)

Meu celular está vibrando na cômoda de jungkook. Pisco para afastar o sono e olho para o relógio. 1h37. O toque para antes que eu atenda, mas, quando o pego, o aparelho volta a vibrar de forma insistente. É Tae.

— Oi, Tae. — Minha língua parece grande demais na boca e faz minha voz soar rouca e arrastada. Essa nova medicação para dor transforma meu despertar em um processo lento. Como se minha consciência não concordasse comigo. É uma merda poderosa.

— Jimin. Me desculpe acordar você, mas o que está acontecendo com seu garoto?

Eu me sento e digo:

— O quê? O que foi, Tae? — Eu olho para Jungkook, que está dormindo do meu lado.

— Yoon. O babaca apareceu quinze minutos atrasado para a passagem de som, bêbado de cair e desapareceu depois. Nós o encontramos em um bar na rua e praticamente tivemos que carregá-lo para que voltasse para o show, o que, em retrospecto, foi um erro de proporções épicas. O show foi uma merda absurda. Ele estava tão bêbado que esqueceu metade das letras, se recusou a tocar a guitarra,xingou a plateia e caiu duas vezes. Foi brilhante.— O sarcasmo pesa na última declaração. — Claro, ele consegue tocar bêbado.Já fez um milhão de vezes. Mas isso… foi pior do que ruim. Ele se trancou no ônibus agora e não quer deixar ninguém entrar. Não quer falar com nenhum de nós.O celular cai direto na caixa postal. O que aconteceu em Minnesota? Eu nunca o vi assim. Merda.

Isso é ruim. Sei que Yoon se fecha quando está chateado. As únicas pessoas com quem fala quando está assim são Ji-eun e eu. Sempre foi assim. Não consigo segurar um suspiro.

— O que foi, Jimin? Qual é o problema? É ruim, né? — A raiva na voz dele diminui.

— É, espere. — Eu levanto da cama. Jungkook  se mexe ao meu lado.

— Gato, o que foi?

Seguro o celular longe do rosto.

— Está tudo bem, gato. Volto em alguns minutos. Preciso atender essa ligação.— Eu coloco o casaco e as botas e abro a porta para sair o mais rápido e silenciosamente que consigo. Está gelado lá fora. — Pronto, Tae. Me desculpe,tinha que ir para um lugar onde pudesse falar.

— Tudo bem. Me desculpe acordar você, Jimin, mas eu não sabia o que fazer. Yoon não é assim. Estou preocupado.

— É, eu também. — Eu respiro fundo algumas vezes antes de falar. — Estou doente, Tae.

— Ah. Porra. — Então, ele continua, mais baixo: — Porra. — E então, mais alto: — Por favor, me diga que o câncer não voltou.

— Voltou. — Me sinto péssimo, como se eu o tivesse decepcionado ao dar a resposta que ele não queria.

Ouço um barulho alto, como se ele tivesse chutado ou batido em alguma coisa,seguido por um silêncio.

Eu continuo.

— Yoon descobriu na quinta à noite. Passamos a noite no hospital. Ele lidou bem até eu deixá-lo no aeroporto hoje.

— Ontem — corrige ele.

— Certo, acho que já é domingo, né?

— E qual é o prognóstico? — Ele parece assustado.

— Não é bom.

— Ah, Jimin. — Agora, só parece triste. — Sinto muito.

A voz de Jungkook surge na escuridão.

— Jimin, está um gelo aqui fora.Venha falar aqui dentro. Você não vai acordar Stella. Ela está dormindo no sofá.

Raio de Sol (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora