D | Caiu Um Cisco.

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🐿️

Tudo o que se passava em sua mente era raiva, raiva por ter se relacionado com ela, raiva por ela ter a cara de pau de pedir desculpas, raiva de ter caído em seu papinho, raiva de Bae Suzy. Rosé estava pensado em negar ir na casa de Jisoo, apenas por birra por ser considerada só uma transa, mas foi obrigada a fazer isso quando Suzy pediu que a encontrasse no mesmo lugar de sempre - um café local, que passaram meses indo juntas - e seu coração carente não ousou negar. Suzy a levou para a sua casa depois do café, jurando que seria diferente e que assumiria a loira para a escola toda no dia seguinte, e todos sabemos o que aconteceu lá.

Acontece que, na manhã do grande dia, Suzy sequer falou com ela, e apenas na saída, a puxou para o banheiro vazio.

— Oi, linda. — A mais alta deixou um selinho nos lábios da morena, enquanto agarrava sua cintura, a mesma sorriu fraco. — O que houve? Pensei que iria falar de nós pra todo mundo hoje.

— Sobre isso, Rosie... — Ela não precisou terminar, pois no mesmo momento Park afrouxou o aperto e soltou sua cintura. Sabia o que estaria por vir. — Eu ainda não estou pronta. Você sabe que preciso da validação dessas pessoas, eu sou líder de torcida, presidente do grêmio estudantil, podem muito me tirar desse cargo se desaprovarem nosso relacionamento.

— Você só pode estar brincando. — Negou com a cabeça, rindo de indignação.

— Me desculpa, amor — A morena pede. — Eu realmente não consigo, espero que respeite meu tempo.

— Eu respeito. — Sua voz soou séria, o que amedrontou um pouco a coreana. — Eu venho respeitado por muito tempo, Suzy, muito. Pensei que finalmente tinha chegado o dia. Sabe o quanto fiquei feliz com isso? E sabe o quanto o que disse foi uma quebra de expectativa? Eu te amo, Suzy.

— Eu também te amo, mas...

— Não. Não de verdade, você não me ama. — Algumas lágrimas começaram a cair de seus olhos sem que ela permita, e Rosé tentou limpa-las, mas foi mais forte que ela. — Foda-se aquelas pessoas, foda-se isso, foda-se você.

— Rosie, não diga isso.

Sem pensar muito, saiu correndo dali, ignorando os gritos de Suzy pelo seu nome e tentando esconder o rosto com as mãos. Não podia acreditar que foi enganada de novo, que achou que Bae Suzy deixaria de ser uma covarde e diria a todos que estava comprometida com uma garota. Enquanto corria, aquela ideia parecia de outro mundo, e não sabia como pôde acreditar em tamanha mentira. Esbarrou em alguém durante a correria, no meio do estacionamento, levando a derrubar todos os materiais da garota no chão e se amaldiçoar por ser tão bondosa, se dando o trabalho de parar e se abaixar para ajuntar tudo, mesmo chorosa.

— Desculpe, eu... — Dizia em meio a lágrimas, com a voz embargada. — Não consigo fazer nada direito, mesmo... Eu não...

— Chaeyoung? — Seu corpo travou. Mas que merda de dia! — Que porra é essa? Você está chorando.

— Não. Caiu um cisco no meu olho. — Respondeu, não perdendo a piada, enquanto se levantou com os materiais de Kim Jisoo nos braços. — Desculpe por isso.

— Você está chorando. — Jisoo repetiu, a encarando séria como sempre. Rosé já a viu fazendo outras expressões, como a de razer - sua favorita -, mas não podia negar que quando séria ficava mil vezes mais bonita do que já era. Não entendeu o porquê da repetição de palavras, franzindo o cenho. — Chaeyoung, o que aconteceu?

Sentiu vontade de voltar a chorar novamente, sua cabeça doía e seu coração muito mais, mas não conseguia dizer uma palavra sequer sobre o ocorrido. Não sabia o que Jisoo faria sobre e nem como reagiria, mas provavelmente iria caçoar e chama-la de trouxa. O que realmente era.

— Olha, não é da sua conta — Então, Jisoo se abaixou, guardando seus materiais que antes estavam espalhados pelo chão na mochila.

— Eu te levo em casa, nós precisamos fazer o trabalho que você não quis fazer ontem. — Enfatizou o "você", apontando para Rosé, que agora não tinha saída e nem como fugir, era hora de cessar sua birra. De qualquer forma, Jisoo inventaria uma desculpa melhor do porquê Roseanne estava chorando quando chegasse em casa. Preocupante, mentia muito bem.

Rosé mais nada disse, apenas esperou que todos os materiais fossem guardados. Quando o nome da loira foi gritado novamente do outro lado do estacionamento, Jisoo se levantou e olhou, mas deixou a mochila no chão.

— Eu levo isso para você. — Rosé pegou a mochila em mãos e apressou os passos até o único carro do estacionamento. Jisoo, atrás dela, destrancou o veículo.

— Bae Suzy? O que ela fez? — Questionou, mas não recebeu resposta. Entrou no carro, impaciente. — Responde, porra!

— Só dirige, Jisoo, por favor... — Kim se apressou em ligar o carro e ajudar a loira a fugir de Suzy.

O caminho foi curto, sua casa não era muito longe dali, e assim que desceu do carro, Roseanne se virou para a mais baixa, bem perto dela.

— Eu estou bem? — Perguntou, se referindo ao seu rosto inchado e adoravelmente vermelho. Jisoo passou os dedos por sua bochecha quente e tirou alguns fios loiros de seu rosto, e a pele formigou onde ela tocou.

— Nem um pouco. — Admitiu. Rosé a encarou por mais um tempo, até que se perdeu em seus lábios e a coreana decidiu cessar. — Vamos entrar.

Roseanne abriu a casa com sua chave, limpando a garganta antes de falar, para disfarçar seu choro recente.

— Appa, omma! Cheguei. — Avisou, fechando a porta novamente quando Jisoo entrou. A casa certamente não era como a da Kim, mas Rosé percebeu não ser um problema, porque a menina rica rapidamente tratou de entreter-se com as fotos de família na parede.

— Estou na cozinha! — Seu pai gritou de volta.

— Eu já volto, não saia daqui. — Ordenou, com a voz baixa em seu ouvido. Percebeu o corpo menor estremecer, mas ainda era Kim Jisoo.

— Você não me manda. — Saiu rindo de perto dela, sabia que Jisoo não ousaria andar por sua casa.

— Olá, appa.

— Como foi a aula, Rosie? — Lhe deixou um selar em seus cabelos loiros. J.Y. Park era o melhor pai que Rosé poderia ter, apesar de ser exigente as vezes, era o ápice do humor. — Está chorando?

— Não. Caiu um cisco no meu olho. — Repetiu. — A aula foi normal. Trouxe uma pessoa, para fazermos um trabalho escolar.

— Pessoa, ou 'pessouo'? — Rosé revirou os olhos.

— É uma colega, pai, pare com isso. — Riu de novo, se seu pai soubesse o que ela e sua colega haviam feito...

— Eu ficaria mais tranquilo se fosse um garoto. — O homem suspirou, mas logo mostrou os dentes. — Agora vá, mostre a ela seu quarto e depois desçam para comer. Sua mãe não poderá almoçar em casa hoje.

De novo.

— Tá bem, eu te amo, appa.

— Eu também te amo, querida. — Voltou a cozinhar.

Enquanto ria e pegava duas maçãs na cesta, pode ouvir de longe sua irmã mais nova falar.

— Você não é tão bonita quanto Rosie disse que é.

Durante o Alfabeto | ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora