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As aulas pareceram se passar com mais lentidão naquela manhã, enquanto a loira olhava para a porta a cada cinco minutos, esperando que visse Jisoo entrar por ali, mas a garota não apareceu. Pensou que ela havia ido para casa, mas perguntou aos monitores e nenhum havia lhe dado a permissão, então Kim ainda estava na escola, em algum lugar. No final da manhã, quando desistiu de procurá-la, esperou com que ela aparecesse, mas não teve coragem de conversar quando a viu com Myoui Mina, também com seu uniforme das líderes de torcida, ambas entrando em seu carro.Não que se importasse, mas a partir daquele dia, foi impedida de falar com Jisoo novamente, porque passou a semana inteira andando com Mina, e quando tentava se aproximar, a japonesa fazia questão de levar a Kim para longe de Rosé, e isso começava a lhe dar os nervos. Quando se viu necessitando de Jisoo em sua boca novamente, saiu de sua casa em meio a chuva e se dirigiu até a casa dos Kim, onde Mina certamente não estaria para atrapalhar seu pedido de desculpas, e assim que parou em frente à casa da coreana, ensopada, pensou na tamanha humilhação que estava passando apenas por uma transa. Nunca havia ido atrás de alguém por conta disso, nem mesmo feito mais de uma vez por vontade própria, mas algo em Jisoo despertava mais ainda seu desejo. Tocou a campainha.
— Chaeyoung? — A coreana abriu a porta, quentinha em seus pijamas de coelho. Seu rosto ainda expressava raiva, mas mais surpresa do que raiva. — Que porra você está fazendo aqui?
— Eu vim conversar, não consegui nem chegar perto de você no colégio... — Arqueou as sobrancelhas. — Parece que você anda bem próxima de Myoui Mina.
— O quê tem eu? — A maldita japonesa apareceu atrás de Jisoo, apoiando o braço na batente da porta como se fosse a maldita namorada dela.
— Ah, você está aqui também. — Como um estralar de dedos, as esperanças de Roseanne sumiram. Talvez Jisoo estivesse tendo algo mais sério com a japonesa, e no título de apenas uma transa, não podia exigir que não fizesse. — Desculpe atrapalhar, achei que Jisoo estaria sozinha...
— Você não...
— Pois é, atrapalhou. — Interrompeu a coreana, que apenas a olhou sem expressão e baixou a cabeça. — Mas eu já estava de saída, de qualquer maneira.
— Claro. Te vejo depois, Minari. — Jisoo sorriu. Ali, percebeu que Mina não usava roupas para dormir, e sim uma jaqueta de couro, junto de uma calça social preta e uma blusa de banda um tanto familiar aos olhos de Roseanne, mas que não sabia lembrar de onde.
— Até, e não faça besteiras. — Myoui lhe lançou um olhar intimidante enquanto falava, como se estivesse falando aquilo mais para Rosé do que para Jisoo.
A garota esbarrou "sem querer" no ombro do casaco molhado de Roseanne ao passar, e então fugiu da chuva até seu carro, entrando nele e não demorando muito para dar partida e ir embora.
— Acho que ela não gosta muito de mim. — Quebrou o gelo, mas seu corpo ainda sentia o frio das gotas escorrendo por ele.
— Ela é uma A, você uma Z, e os A não gostam muito dos Z, como já percebeu. — Apesar daquilo fazer sentido, parecia ser pessoal. Rosé assentiu, mas permaneceu em silêncio, com receio de dizer algo. — O que você quer?
— Quero conversar com você. — Jisoo revirou os olhos, estava prestes a fechar a porta. — Espera!
— Eu não tenho nada para conversar com você. Somos inimigas, lembra? Desde o fundamental. — Seu rosto começava a ficar vermelho, mas Rosé não sabia se veria ela chorar de novo ou se aquele seria o momento onde o tapa seria revidado. — Nós não deveríamos ter começado isso, foi um puta erro. Eu realmente pensei que pudesse ser só uma transa, e que você estaria de acordo com isso, mas não sai do meu pé. Me deixe em paz, Park, vá babar em Bae Suzy.
— Você tá ficando com a Myoui? — A impediu de fechar a porta de novo.
— E se eu estiver? Você não tem nada a ver com isso. — Roseanne viu a porta ser finalmente fechada em sua cara. Ela ficou quieta por um tempo, sentindo um incomodo dentro de si. Não sabia o que tinha a levado ali, no frio e na chuva, em frente a porta da garota que mais a odeia no mundo, e o sentimento era recíproco, mas não conseguiu mexer um músculo sequer.
— Kim... — Fez como se quisesse bater na porta de novo, mas sua mão perdeu força e apenas deslizou pela madeira branca. — Sei que está me ouvindo, então... Eu só... Me desculpe por ter te acusado daquela maneira, me desculpe mesmo, Suzy de alguma forma entra em minha cabeça e me faz acreditar em coisas improváveis, como já percebeu. Não é a primeira vez que ela é a causa de uma briga minha com alguém importante.
— Vá embora, porra. — Jisoo ordenou, e a loira levou aquilo como um sinal de que realmente estava ouvindo, antes de continuar seu discurso.
— Você esteve certa, Kim... O tempo todo, você tinha razão. — Sabia exatamente o que falar para tê-la de volta. — Bae Suzy é mais que uma putinha, é uma grande puta!
Rosé riu da própria fala, antes de seu sorriso morrer pela falta de reação. Vendo que a chuva havia acalmado, deixou um último carinho na porta, murmurando uma despedida e seguindo seu caminho para casa. Em meio às gotículas de água que caiam em sua cabeça e molhavam seu rosto, sentiu um outro líquido molha-lo, mas não pensou muito sobre as lágrimas, ignorando-as até que parassem. Quando chegou em casa, seus olhos já estavam vermelhos e andava meio cambaleando, sentindo como se suas forças tivessem sido deixadas na porta de Jisoo. Sabia que o que sentia por Kim Jisoo era apenas atração carnal, e todo o seu corpo sentia isso, mas seu subconsciente não estava colaborando.
Park tirou os tênis encharcados logo na entrada, fungando seu nariz também avermelhado e passando as mãos pelo rosto, numa tentativa falha de secar as lágrimas. A loira pendurou seu casaco e entrou cautelosamente em casa, para não molhar todo o chão.
— Roseanne? — Sua irmã mais velha, que aparentemente havia os visitado, falou, sentada no sofá. Jinyoung não estava em casa, e apenas sua mãe estava na sala com Chaeyeon, aparentemente, tão elegante e linda quanto sempre, com um barrigão. As mulheres lhe observaram por alguns segundos, atentas aos detalhes. — Seus olhos estão vermelhos, onde estava?
— Fumando maconha. — Com um suspiro, Roseanne subiu para seu quarto, trancando a porta e indo direto tomar um banho.
Mesmo depois dos remédios, não conseguiu dormir, e sequer leite quente ajudou, quando só conseguia pensar no porquê de se importar se Jisoo e Mina estavam juntas.
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Durante o Alfabeto | Chaesoo
Fiksi PenggemarAlgumas coisas nunca mudam, mas algo entre as brigas incansáveis de Park Roseanne e Kim Jisoo mudou drasticamente depois de uma certa noite, e agora ambas teriam que lidar com pensamentos estranhos, sentimentos avassaladores e a pressão do último an...