Capítulo 4

143 19 5
                                    

O fim de semana serviu para me ambientar com a casa e o trabalho.

Segunda-feira bem cedo, Alice saiu, juntamente com Marcos, cada um para o respectivo trabalho.

Depois de várias recomendações em relação a Lia iniciei o meu dia.  A menina ainda dormia e eu tomava café.

- Bom dia Lúcia! Tem café?

- Tem sim Rod, podes sentar-te.

- Desculpe  não sabia que tínhamos visitas.   Bom dia.  Disse Rodolffo dirigindo-se a Ju.

- Não é visita.  Esta moça é Juliette.  Vai ser bábá da Lia.  A tua mãe é irmã contrataram-a.

- Prazer, Rodolffo.  Disse estendendo a mão.

- O prazer é meu.  Juliette.

Ficámos de prosa durante o café.  Ele questionando a minha procedência e sobre a minha família.

Senti-me um pouco desconfortável e envergonhada na presença dele.

O porte dele, alto, musculado  cabelo bem arranjado, barba perfeita poderiam impressionar qualquer uma mas, eu senti como que algo negativo.

Fui salva pelo choro de Lia.

- Peço desculpa, tenho que ir.

Cheguei ao quarto de Lia e senti-me aliviada.  A presença daquele homem trazia-me um sentimento ruim.

Ele acabou de tomar o seu café e como disse Alice enfiou-se no quarto.
Não o vi mais durante o resto do dia.
A Lúcia serviu-lhe o almoço no quarto.   Parece que era habitual.

A Lia era um doce de menina.  Sossegada.  Estando alimentada e limpa não dava trabalho nenhum.

Depois de almoçar e colocar a criança para dormir, fui organizar as gavetas do quarto dela.  Não que estivesse uma bagunça,  mas, cada pessoa tem o seu método e se eu ia tratar, ia ser do meu jeito.

Regressei a casa no final da tarde junto com Marcos.  Como tínhamos horários praticamente iguais e os trabalhos eram perto um do outro, só levávamos um carro.

A Ju dava banho a Lia.  Chamei o Marcos e fomos espiar.

A Lia sentada na banheira.  Toalhas enroladas à volta de metade da banheira.   Se ela caísse nunca se machucaria.   Patinhos de plástico e barquinhos flutuavam na àgua.

A Lia batia os braços na àgua e Ju com um pato na mão fazia gracinhas e cantava a canção;
  
       "Todos os patinhos, sabem bem nadar, cabeça para baixo,  rabinho para o ar..."

e fazia os gestos com o pato.

O chão já estava todo molhado e a Ju nem se fala.

- Menina! Quero ver quando for eu a dar banho como vai ser?  Comigo não tem isso não!

- Ah! Vocês estavam aí.  Desculpe a bagunça Alice.  Ela está tão feliz.  Depois eu arrumo tudo.

- Tudo bem Ju! Termina aí.  Eu vou tomar um banho  e já venho pegar ela para você se arrumar também.

Terminei o banho da Lia, passei o hidratante dela, vesti o pijaminha e dei muitos xeiros.  Estava a ficar apaixonada por esta criança.

Alice chegou.

- Alice, vou arrumar a bagunça e arrumar-me.  Já desço para dar o jantar à bébé, assim vocês podem jantar descansados.

- Toma o teu banho sossegada.  Eu quero dar o jantar à Lia.  É o único momento do dia com ela pois de seguida ela vai dormir.  O jantar eu faço questão de dar.

Aproveitei para relaxar no banho.  Saí, vesti um vestido na altura do joelho, deixei os cabelos soltos.   Durante o dia em prendo os cabelos.  É mais prático.  Até porque as crianças gostam de agarrá-los.

Desci e a Lia tinha terminado o jantar.

- Dê ela para mim para vocês jantarem à vontade.

- Nem pensar! Deixa ela aqui na cadeira e vamos jantar todos juntos.   Cá em casa não tem essa de patrão e empregados.  - Lúcia, vai chamar o meu irmão.   A mãe e o pai saíram e foram jantar com amigos.

Rod desceu para jantar.

- Mano! Já conheces a Ju?

- Sim.  Vimo-nos no café da manhã.

Estava com ar cansado mas bastante mais simpático.   Brincava com a sobrinha e falava com toda a gente.

- Rod!  Estás com ar cansado.  Muito trabalho? perguntou Alice.

- Muito.  Os shows no fim de semana lotados e hoje muito trabalho no escritório.

- Tens que abrandar.  A par disso ainda as noitadas de boteco e gatinhas.  Devias arranjar uma namorada fixa.

- Que boteco e gatinhas, mana?  Olha como me pintas! - Temos gente estranha aqui. - O que a Ju vai pensar?  E namorar está longe dos meus desejos.

- A Ju tem que se habituar ao que se passa nesta casa.  Por falar em Ju.   - Temos que ver a tua matrícula na faculdade.

- Como assim?  Eu vou deixar isso em stand by.  Agora eu preciso de emprego e depois de juntar um dinheiro eu penso na faculdade.  - Se for para a faculdade como tomo conta da Lia?

- Havemos de dar um jeito.   - Nunca desistir dos nossos sonhos.

- Jamais! Prometi à minha mãe e para mim promessa é dívida. - Eu vou ser o que eu quizer, demore o tempo que demorar.

- A Ju quer fazer faculdade de quê? perguntou Rodolffo.

- De Arquitectura,  responde Alice.

- Interessante, murmura ele.

Sem dar muita bandeira eu olhava disfarçadamente para Ju, tentando analizá-la.

Era uma mulher lindíssima.  Tinha uma boca carnuda,  olhos meigos e um cabelão, meu Deus, a minha imaginação foi longe e pra safadeza.  De manhã não tinha percebido pois estavam presos.  Apesar dos seus 19 anos parecia ser muito madura e segura dos seus propósitos.

Toma tento, Rod!  Deixa quieto, pensei.

- Vou deitar a Lia, disse Alice.  Vocês podem continuar o papo.  Já volto para o café.  Vem Marcos.

A verdade é que eu gostava que o meu irmão assentasse e estava a gostar muito da Ju.  Quem sabe eles não se ajeitam.

Lúcia levantou-se e foi para a cozinha preparar o café.  Ficámos eu e Rofolffo sózinhos à mesa, trocando ideias sobre os nossos objectivos.

Ele como engenheiro civil tinha alguns conhecimentos de arquitectura e tirava algumas dúvidas minhas.

Eu estava maravilhado com a maneira como ela absorvia tudo o que eu falava.

Tomámos café com a minha irmã e meu cunhado.  Logo de seguida eles recolheram ao seu quarto e nós fomos acabar a conversa na àrea externa.  A noite estava agradável.

- O que achas daqueles dois? Perguntei ao Marcos.

- Não sei!  Espero que ele não a magoe.  Ela parece ser boa menina.



Sétimo Sol Onde histórias criam vida. Descubra agora