O fim de semana serviu para me ambientar com a casa e o trabalho.
Segunda-feira bem cedo, Alice saiu, juntamente com Marcos, cada um para o respectivo trabalho.
Depois de várias recomendações em relação a Lia iniciei o meu dia. A menina ainda dormia e eu tomava café.
- Bom dia Lúcia! Tem café?
- Tem sim Rod, podes sentar-te.
- Desculpe não sabia que tínhamos visitas. Bom dia. Disse Rodolffo dirigindo-se a Ju.
- Não é visita. Esta moça é Juliette. Vai ser bábá da Lia. A tua mãe é irmã contrataram-a.
- Prazer, Rodolffo. Disse estendendo a mão.
- O prazer é meu. Juliette.
Ficámos de prosa durante o café. Ele questionando a minha procedência e sobre a minha família.
Senti-me um pouco desconfortável e envergonhada na presença dele.
O porte dele, alto, musculado cabelo bem arranjado, barba perfeita poderiam impressionar qualquer uma mas, eu senti como que algo negativo.
Fui salva pelo choro de Lia.
- Peço desculpa, tenho que ir.
Cheguei ao quarto de Lia e senti-me aliviada. A presença daquele homem trazia-me um sentimento ruim.
Ele acabou de tomar o seu café e como disse Alice enfiou-se no quarto.
Não o vi mais durante o resto do dia.
A Lúcia serviu-lhe o almoço no quarto. Parece que era habitual.A Lia era um doce de menina. Sossegada. Estando alimentada e limpa não dava trabalho nenhum.
Depois de almoçar e colocar a criança para dormir, fui organizar as gavetas do quarto dela. Não que estivesse uma bagunça, mas, cada pessoa tem o seu método e se eu ia tratar, ia ser do meu jeito.
Regressei a casa no final da tarde junto com Marcos. Como tínhamos horários praticamente iguais e os trabalhos eram perto um do outro, só levávamos um carro.
A Ju dava banho a Lia. Chamei o Marcos e fomos espiar.
A Lia sentada na banheira. Toalhas enroladas à volta de metade da banheira. Se ela caísse nunca se machucaria. Patinhos de plástico e barquinhos flutuavam na àgua.
A Lia batia os braços na àgua e Ju com um pato na mão fazia gracinhas e cantava a canção;
"Todos os patinhos, sabem bem nadar, cabeça para baixo, rabinho para o ar..."e fazia os gestos com o pato.
O chão já estava todo molhado e a Ju nem se fala.
- Menina! Quero ver quando for eu a dar banho como vai ser? Comigo não tem isso não!
- Ah! Vocês estavam aí. Desculpe a bagunça Alice. Ela está tão feliz. Depois eu arrumo tudo.
- Tudo bem Ju! Termina aí. Eu vou tomar um banho e já venho pegar ela para você se arrumar também.
Terminei o banho da Lia, passei o hidratante dela, vesti o pijaminha e dei muitos xeiros. Estava a ficar apaixonada por esta criança.
Alice chegou.
- Alice, vou arrumar a bagunça e arrumar-me. Já desço para dar o jantar à bébé, assim vocês podem jantar descansados.
- Toma o teu banho sossegada. Eu quero dar o jantar à Lia. É o único momento do dia com ela pois de seguida ela vai dormir. O jantar eu faço questão de dar.
Aproveitei para relaxar no banho. Saí, vesti um vestido na altura do joelho, deixei os cabelos soltos. Durante o dia em prendo os cabelos. É mais prático. Até porque as crianças gostam de agarrá-los.
Desci e a Lia tinha terminado o jantar.
- Dê ela para mim para vocês jantarem à vontade.
- Nem pensar! Deixa ela aqui na cadeira e vamos jantar todos juntos. Cá em casa não tem essa de patrão e empregados. - Lúcia, vai chamar o meu irmão. A mãe e o pai saíram e foram jantar com amigos.
Rod desceu para jantar.
- Mano! Já conheces a Ju?
- Sim. Vimo-nos no café da manhã.
Estava com ar cansado mas bastante mais simpático. Brincava com a sobrinha e falava com toda a gente.
- Rod! Estás com ar cansado. Muito trabalho? perguntou Alice.
- Muito. Os shows no fim de semana lotados e hoje muito trabalho no escritório.
- Tens que abrandar. A par disso ainda as noitadas de boteco e gatinhas. Devias arranjar uma namorada fixa.
- Que boteco e gatinhas, mana? Olha como me pintas! - Temos gente estranha aqui. - O que a Ju vai pensar? E namorar está longe dos meus desejos.
- A Ju tem que se habituar ao que se passa nesta casa. Por falar em Ju. - Temos que ver a tua matrícula na faculdade.
- Como assim? Eu vou deixar isso em stand by. Agora eu preciso de emprego e depois de juntar um dinheiro eu penso na faculdade. - Se for para a faculdade como tomo conta da Lia?
- Havemos de dar um jeito. - Nunca desistir dos nossos sonhos.
- Jamais! Prometi à minha mãe e para mim promessa é dívida. - Eu vou ser o que eu quizer, demore o tempo que demorar.
- A Ju quer fazer faculdade de quê? perguntou Rodolffo.
- De Arquitectura, responde Alice.
- Interessante, murmura ele.
Sem dar muita bandeira eu olhava disfarçadamente para Ju, tentando analizá-la.
Era uma mulher lindíssima. Tinha uma boca carnuda, olhos meigos e um cabelão, meu Deus, a minha imaginação foi longe e pra safadeza. De manhã não tinha percebido pois estavam presos. Apesar dos seus 19 anos parecia ser muito madura e segura dos seus propósitos.
Toma tento, Rod! Deixa quieto, pensei.
- Vou deitar a Lia, disse Alice. Vocês podem continuar o papo. Já volto para o café. Vem Marcos.
A verdade é que eu gostava que o meu irmão assentasse e estava a gostar muito da Ju. Quem sabe eles não se ajeitam.
Lúcia levantou-se e foi para a cozinha preparar o café. Ficámos eu e Rofolffo sózinhos à mesa, trocando ideias sobre os nossos objectivos.
Ele como engenheiro civil tinha alguns conhecimentos de arquitectura e tirava algumas dúvidas minhas.
Eu estava maravilhado com a maneira como ela absorvia tudo o que eu falava.
Tomámos café com a minha irmã e meu cunhado. Logo de seguida eles recolheram ao seu quarto e nós fomos acabar a conversa na àrea externa. A noite estava agradável.
- O que achas daqueles dois? Perguntei ao Marcos.
- Não sei! Espero que ele não a magoe. Ela parece ser boa menina.