Hoje acordei num dilema. Regressar ou não ao Brasil?
É certo, ele veio atrás de mim, mas, e se chegando lá voltar tudo ao mesmo?
O facto dele dizer que não teve ninguém nestes 5 anos não quer dizer exactamente que não tivesse tido. E se mentiu?
Eu quero ver verdade nele, mas, a insegurança bateu forte.
Agora tem a Matilde. Se eu decidir não ir como é que vou afastá-la do pai? Neste pouco tempo de convívio eles não se largam. E bem capaz dela querer ir com ele em vez de ficar comigo.
As lágrimas vieram e decidi ir tomar banho para disfarçar. Foi aí que ele me encontrou virada para a parede com as mãos ao alto e a cabeça encostada na parede. A àgua batia no meu corpo.
Ele entrou no bom, abraçou-me por trás e deu-me um beijo na nuca.
Virou-me de frente e percebeu que eu chorava.
- O que foi? Porque estás chorando?
- Estou insegura. Com medo de regressar. Tenho medo do que vou encontrar. A minha cabeça está lá atrás, há 5 anos.
- Vamos terminar o banho e vamos conversar.
Fizemos carinho um no outro e terminámos o banho.
A Matilde estava entretida a ver desenhos animados na TV.
Fomos para a varanda. O sol ainda estava nascendo. A temperatura era amena.
- Senta-te aqui, amor.
- Conta-me dessa tua insegurança toda.- Sabes que eu saí de lá muito magoada. Tenho medo de voltar e tudo ser como dantes.
- Olha para mim! O Rodolffo de há 5 anos é o mesmo que está na tua frente? Vês em mim o mesmo homem?
- Não. Tem uma diferença gigante.
- Então! Achas que estou a fingir ser quem não sou? Achas que me dava ao trabalho de vir procurar-te para voltar a trás?
- Não, mas...
- Mas o quê? Pára com essas minhocas na cabeça.
- Queres ficar cá? Eu mudo pra cá. Só preciso de tempo para organizar tudo.
- Fazias isso? Largávas tudo e a tua família para ficares cá?
- A minha família agora és tu e a Matilde. Todos os outros elementos têm a sua vida. Eu serei feliz onde tu quiseres e me quiseres.
- Vamos lá ver todo o mundo para a Matilde conhecer e depois se quiseres regressamos e vivemos aqui.
- Tá. Já prometi ao Diogo aceitar o trabalho lá, então vamos. Qualquer deslize teu e eu fujo novamente.
- Nem de brincadeira digas isso. Eu morreria.
- Já disse hoje que te amo?
- Não! E isso é que devia povoar essa cabecinha linda. Também te amo muito. Pára de pensar besteira. O Rodolffo cafageste ficou lá trás.
Sentei-me no colo dele, encostei a cara no ombro dando beijinhos no pescoço.
- Minha tola linda. Segurei o seu queixo e beijei-a.
- Vamos descer para tomar café ou pedimos aqui?
- Vamos descer e seguimos para a praia. Vamos caminhar no paredão até S. João do Estoril. São 3 km de caminhada. A Matilde aguenta bem pois já fizemos várias vezes.
- A maré está cheia. No Estoril tem uma piscina oceânica. Enche com a maré. É óptima para as crianças.
- Matilde! Vamos ao mar?