Capítulo 21

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Hoje acordei num dilema.  Regressar ou não ao Brasil?

É certo, ele veio atrás de mim, mas, e  se chegando lá voltar tudo ao mesmo?

O facto dele dizer que não teve ninguém nestes 5 anos não quer dizer exactamente que não tivesse tido.  E se mentiu?

Eu quero ver verdade nele, mas, a insegurança bateu forte.

Agora tem a Matilde.   Se eu decidir não ir como é que vou afastá-la do pai?  Neste pouco tempo de convívio eles não se largam.  E bem capaz dela querer ir com ele em vez de ficar comigo.

As lágrimas vieram e decidi ir tomar banho para disfarçar.  Foi aí que ele me encontrou virada para a parede com as mãos ao alto e a cabeça encostada na parede.  A àgua batia no meu corpo.

Ele entrou no bom, abraçou-me por trás e deu-me um beijo na nuca.

Virou-me de frente e percebeu que eu chorava.

- O que foi? Porque estás chorando?

- Estou insegura.  Com medo de regressar.  Tenho medo do que vou encontrar.   A minha cabeça está lá atrás,  há 5 anos.

- Vamos terminar o banho e vamos conversar.

Fizemos carinho um no outro e terminámos o banho.

A Matilde estava entretida a ver desenhos animados na TV.

Fomos para a varanda.  O sol ainda estava nascendo.  A temperatura era amena.

- Senta-te aqui, amor.
- Conta-me dessa tua insegurança toda.

- Sabes que eu saí de lá muito magoada.   Tenho medo de voltar e tudo ser como dantes.

- Olha para mim! O Rodolffo de há 5 anos é o mesmo que está na tua frente? Vês em mim o mesmo homem?

- Não.  Tem uma diferença gigante.

- Então! Achas que estou a fingir ser quem não sou?  Achas que me dava ao trabalho de vir procurar-te para voltar a trás?

- Não, mas...

- Mas o quê?  Pára com essas minhocas na cabeça.

- Queres ficar cá?  Eu mudo pra cá.  Só preciso de tempo para organizar tudo.

- Fazias isso? Largávas tudo e a tua família para ficares cá?

- A minha família agora és tu e a Matilde.  Todos os outros elementos têm a sua vida.  Eu serei feliz onde tu quiseres e me quiseres.

- Vamos lá ver todo o mundo para a Matilde conhecer e depois se quiseres regressamos e vivemos aqui.

- Tá.  Já prometi ao Diogo aceitar o trabalho lá, então vamos.  Qualquer deslize teu e eu fujo novamente.

- Nem de brincadeira digas isso.  Eu morreria.

- Já disse hoje que te amo?

- Não!  E isso é que devia povoar essa cabecinha linda.  Também te amo muito.  Pára de pensar besteira.  O Rodolffo cafageste ficou lá trás.

Sentei-me no colo dele, encostei a cara no ombro dando beijinhos no pescoço.

- Minha tola linda.  Segurei o seu queixo e beijei-a.

- Vamos descer para tomar café ou pedimos aqui?

- Vamos descer e seguimos para a praia.  Vamos caminhar no paredão até S. João do Estoril.  São 3 km de caminhada.  A Matilde aguenta bem pois já fizemos várias vezes.

- A maré está cheia.  No Estoril tem uma piscina oceânica.  Enche com a maré.  É óptima para as crianças.

- Matilde!  Vamos ao mar?

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