Começava o mês de Agosto, último mês de gestação da Ju.
Eu disse-lhe que ia ficar 3 meses sem shows e ela sorriu de contente.
- Obrigada amor, por estares comigo no final da gravidez.
- É só o meu dever.
Ainda não tínhamos chegado a acordo quanto ao nome da bébé.
Concordámos que seria Maria mas o segundo nome ainda não estava decidido.
Eu dizia Maria Elsa em homenagem à minha mãe e o Rodolffo, Maria Inês em homenagem à dele.
Elsa Inês ou Inês Elsa, também não tinha consenso e diga-se de passagem, não combinam.
- Matilde! Vem aqui ajudar os papás.
- A mana vai chamar-se Maria quê?
- Margarida, respondeu imediatamente.
Olhámos um para o outro e gargalhámos.
- Vês como era fácil! Mas se ela é Matilde Maria, a bébé será Margarida Maria. Gostas?
- Adoro. Nem se discute mais, digo dando um beijo nas minhas três mulheres.
As roupinhas da Margarida estavam prontas. O saco da maternidade também.
Os últimos dias estavam a ser difíceis por conta do desconforto.
A minha mãe veio buscar a Matilde para eu estar mais disponível para ajudar a Ju.
Felizmente só para o ano é que ela vai para a escola, então aproveita a avó e nós agradecemos.Esta noite a Ju levantou-se muitas vezes.
Uma dorzinha incomodava-a.Enchi a banheira a meio da noite e fiz uma massagem. Conseguiu dormir mas às 7 da madrugada acordou com bastante dor.
Ligamos à médica cerca das 9 da manhã e ela perguntou se havia contrações.
- Muito espaçadas, disse a Ju.
- Ju quando elas forem com intervalo de 10 minutos e se não houver nada que a preocupe, venha para a clínica.
- Pode vir já mas, ainda está cedo.O Rodolffo estava muito nervoso.
- Amor! Vamos já.
Ainda é cedo. O que faço lá, faço aqui. Vou deitar um bocadinho.
- Rodolffo fazia massagens nos pés da Ju que estavam muito inchados.
- Amor! Não sei como vocês , mulheres, aguentam tanto sofrimento para ter um filho. Aí está uma coisa que por muito que tentemos, nós homens, nunca agradeceremos o suficiente.
- Aiiiiii! Uma contração. Conta aí até à próxima.
Seguimos para a clínica. No caminho liguei para a Dra e ela tinha a equipe à espera.
Fui observada. Já tinha 10 cm de dilatação. Estava na hora.
Se for como a Matilde vai ser rápido mas a Margarida é maior.
Levaram a Ju e eu fui vestir a bata e a touca.
Muita força a cada contração que vinha e a minha Margarida nasceu rápido.
Beijei a minha esposa e admiramos juntos a nossa menina quando ela foi colocada no peito da Ju.
- Obrigado amor, disse eu.
Levaram a Margarida e terminaram de tratar da Ju. De seguida foi para o quarto.
Quando eu cheguei ela estava a dormir.
Sentei-me na poltrona ao lado da Ju e finalmente desabei num choro compulsivo. Estava feliz demais com tudo o que Deus me deu.Liguei aos meus pais e minha irmã a contar do nascimento.
Liguei também para Portugal para contar aos nossos amigos.Soube que a Joana e o Diogo já vivem juntos. Após vários meses decidiram dar uma chance ao relacionamento.
A Ju acordou. - Cadê a minha filha?
- Já a trazem amor.
Logo chega uma menina faminta, trazida pela enfermeira.
- Mamãe, quero têtê.
- Vem meu amor. Coloquei-a no peito e ela agarrou logo o mamilo.
Rodolffo olhava as duas ainda com lágrimas nos olhos.
- Que foi, amor?
- Estou feliz por ter o privilégio de assistir a um acto tão bonito como é uma mãe alimentar um filho.
Demos um beijo e ele beijou a testa da filha.
Nisto entra no quarto a promovida a irmã mais velha.
- Mamã!!!
Sentei-a ao lado da mãe e ela fez um carinho na bochecha da irmã.
- É tão pequenina! Parece a minha boneca Júlia.
- Mas não é boneca. Tens que ter muito cuidado.
A minha mãe estava emocionada a
olhar a nora e as netas. Ela olhava a Ju como mais uma filha. Agora tinha três netinhas.- Vou cobrar um netinho. Ou tu ou a tua irmã que lutem.
- Agora é a vez da Alice, disse eu.
- Não me parece. Ela sempre disse que só queria um filho.
- Eu quero os que Deus me mandar, não é Ju?
- E eu que gema, disse a Ju e foi gargalhada geral.
Hora das visitas saírem. A Matilde foi difícil. Não queria largar a irmã.
Pusemos a Margarida no berço e fui ajudar a Ju a tomar banho.
- Aiiiii!! Dói.
- Onde, amor?
- Cá em baixo. Nos pontos.
- É normal. Daqui a dias já não sentes.
- E tu já tiveste filhos por acaso? Como sabes?
- Calculo. Ouço dizer.
- Amor! Arranja alguma coisa para eu comer. Estou esfomeada.
- Já vou buscar.
Encontrei a enfermeira e pedi almoço para a Ju que imediatamente foi trazido.
Enquanto ela comia eu admirava a nossa obra de arte. A nossa portuguesinha. Logo que possível vamos dar-lhe dupla nacionalidade tal como a irmã.
- Podes pegar nela! Está acordada.
- Tenho receio. É tão pequenina.
A Ju ajudou-me e eu segurei nela.
Coisa mais linda. Não deve haver nada melhor que esta sensação.
É tanto amor num ser pequenino que acabámos de conhecer que achamos que não cabe no peito.A médica passou ao fim do dia e disse que se não houvesse nada durante a noite, de manhã daria alta às duas.
Os pontos que a Ju levou seriam absorvidos pelo corpo.
Pediu para não esquecer de fazer as consultas pós-parto e despediu-se.No dia seguinte fomos para casa. A família estava toda à espera mas depois de verem a bébé e a Ju foram embora.
Desta vez a Matilde não quis ir. Disse que ia ajudar a mãe com a mana.A minha mãe queria ficar para ajudar mas eu prometi que se visse necessidade a chamava.
Eu aproveitei e tirei uns dias de férias. Ajudava a Ju com as meninas e tínhamos a Fátima para ajudar com a casa. A esta altura ela já vinha todos os dias.
Por vezes pensava que tinha perdido isto tudo com a Matilde, mas, tentava não deixar que a Ju percebesse.
- Vou tentar absorver tudo o que a vida me está proporcionando e agradecer muito a família que tenho.
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