As férias estavam a acabar. Fizemos um contrato com uma firma de decoração de uma amiga do Diogo e combinámos que ela enviaria todos os projectos para eu analisar.
Nestes últimos dias o tempo mudou imenso. Chovia quase todo o dia e não dava para sair muito.
Aproveitámos as manhãs na academia do hotel e de tarde estávamos com os nossos amigos.
Chegou o dia da partida. É muito bom estar de férias mas já temos saudades da família.
Fomos todos juntos para o aeroporto. O nosso voo era às 5 da madrugada, directo a S. Paulo.
O Tomás era o mais animado. Junto com a Matilde cantavam uma das canções do Rodolffo.
- é o Sétimo Sol que eu vejo nascer
Tem uma semana e cadê você?
.....Ela só queria cantar se fosse música do pai.
Cantavam e balançavam os braços já dentro do aeroporto, fazendo com que várias pessoas olhassem para eles.Já no interior do avião cada um tomou o seu assento e como sempre a gaiata quis ir à janela.
Foi-nos servido um café e logo estávamos todos a dormitar. Todos não.
A Joana e o Diogo conversavam com alguma intimidade. Há uns dias que notamos uma maior aproximação. Perguntei ao Tomás e ele disse que o Diogo tem frequentado a casa deles com mais frequência.
Resolvi não perguntar nada e deixar os dois à vontade para contarem quando achassem ideal. Pode até não ser nada.
Chegámos a S. Paulo e seguimos todos para o nosso apartamento onde iam ficar o Tomás, o Diogo, o João e a Joana. Nós ficaremos na casa da Alice até às festas de final de ano.
No Natal toda a família e amigos virão para cá. A casa é enorme. Alberga muita gente.A Lia já estava de férias então a Matilde correu logo à procura dela.
Encontrou-a perto da piscina e por lá ficaram.- Vão descansar um pouco até ao almoço. Eu tomo conta da Matilde. Ela por certo não quer dormir agora.
- Ela dormiu a viagem toda, disse Rodolffo.
- Vamos amor! Tomar um banho, disse à Ju dando-lhe um beliscão.
- Sem ideias, sr. Engenheiro que eu estou mesmo cansada.
- Eu também sra. Arquitecta. Só uma massagem de relaxamento.
- Essa eu quero.
A casa da Alice já estava decorada para o Natal. Acrescentámos alguns ornamentos que faltavam e fomos para a cozinha ajudar a Lúcia com a ceia de Natal.
A Maria e o marido da Lúcia vinham cear connosco também.
O papai Noel deixou muitos presentes para todos. No dia 25 reunimo-nos em frente à àrvore e cada um abria um presente.
Eu e Rodolffo tínhamos combinado não nos presentear-mos pois já tínhamos gasto muito dinheiro com as casas. Mas não resisti.
- Amor! O teu presente está na garagem.
- Ju! Qual foi o combinado?
- Eu sei amor, mas... Vamos ver?
Nem estava embrulhado. Na garagem estavam 2 motinhas eléctricas cada uma com um laçarote vermelho. Uma preta e uma amarela como o sol é a lua.
- Rodolffo, abraçou-me, e deu-me um beijo intenso.
- Obrigada, amor. Já disse que te amo hoje?
- Já, mas é sempre bom ouvir mais vezes. Comprei duas porque não vais sair com ela sozinho fazendo charme para as serigaitas.
Quando saíres eu vou junto.
- Vamos dar uns rolês gostosos por aí.
As festas terminaram, Rodolffo ainda teve um show no dia 30 aqui na cidade onde fomos todos. A festa de réveillon foi muito boa. Vimos os fogos com os nossos amigos. Nós fomos dormir mas eles continuaram à procura de um lugar onde terminar a noite, ou melhor, onde começar o dia.
A Joana estava mesmo de caso com Diogo. Confidenciou-me ela no Natal mas por agora não exporiam. Estavam se conhecendo.
Era hora dos nossos amigos regressarem a Portugal. Passámos bons momentos juntos mas o dever acima de tudo.
Íamos levá-los ao aeroporto mas eu acordei indisposta e com náuseas.
- Amor! Vai sózinho. Não estou bem. Eu fico com a Matilde.
- Mas vou ficar preocupado.
- Não fiques. Qualquer coisa tenho a Lúcia.
- Está bem. Volto rápido.
Despedi-me dos meus amigos e a Joana segredou: faz o teste de gravidez. Eu venho para o baptizado.
Foram todos embora e eu disse a Lúcia.
- Lúcia! Vou ali à farmácia comprar um remédio para as náuseas. Hoje acordei enjoada.
- Sim Ju. Isso logo passa.
Fiquei intrigada. Realmente a minha menstruação atrasou mas não era novidade já que era irregular.
Comprei o teste e regressei a casa.
Tinha que tirar logo a dúvida.
Esperei o tempo necessário e lá estava: Positivo.
As lágrimas teimavam em cair quando Rodolffo chegou. Eu ainda estava sentada na beira da banheira com o teste na mão.
- O que foi amor! O que sentes?
Sem articular qualquer palavra entreguei-lhe o teste.
Ele olhou o teste, depois para mim e repetiu o gesto várias vezes.
Puxou-me para cima e levou-me para a cama. Sentou-me e ajoelhou-se na minha frente segurando as minhas mãos.
- Porque choras? Tens noção do quanto me fazes feliz com esta notícia?
- Mas eu também estou feliz só estou surpresa. Estás lágrimas são de felicidade.
Deitei-a e eu por cima dela. Dei-lhe um beijo de tirar o fôlego e fiquei abraçado a ela fazendo carinho no seu cabelo.
- Um filho feito no Brasil que nasce em Portugal e outro feito em Portugal que vai nascer no Brasil. Como não estar feliz, disse.
- E este vais poder acompanhar de início. Tenho tanto remorso de te ter
privado disso.- Não tenhas. Foram as circunstâncias e eu amo a Matilde do mesmo jeito.
- Tu és um excelente pai.
- E não podia escolher melhor mãe para os meus filhos.
- Contamos já à família?
- Não. Deixa eu fazer os exames e entrar no quarto mês. É quando já passou mais o perigo.
- Sabes que a Joana percebeu. Quando me despedi dela mandou-me ir fazer o teste.
- Intuição feminina.
- Deve ser.
- Fica aqui comigo.
- Está bem. Beija eu.
Ficamos ali de chameguinho por algum tempo.
N/A
Não me alonguei muito das descrições do Natal porque não tenho muitas referências. Nem sei exactamente qual é a vossa ementa de Natal e nem como fazem a distribuição dos presentes.
Aqui temos uma ementa que hoje em dia já está bastante adulterada. A maioria dos jovens não aprecia.
Como nós dizemos: nem os Natais são o os mesmos.
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