rapunzel + flynn: encontro às cegas ☀️

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Rapunzel

Há dois fatos imutáveis sobre mim.

O primeiro, eu sou curiosa.

O segundo, eu sou ansiosa.

Desde quando eu era criança que sou assim, sempre gostava de explorar os lugares em que íamos, sempre atrás de um lugar escondido, um lugar misterioso, algo novo para ver, e sempre querendo chegar logo, sempre odiando a demora e o quanto um minuto poderia parecer quase uma hora, se eu desejasse muito que este um minuto passasse.

E por ser imutáveis, desde que eu me entendo por gente, era de se esperar que meus dois melhores amigos soubessem disso, não?! Embora, eu acredite piamente na frase: eles sabem, e mesmo assim me fizeram passar por isto, tem uma parte bem pequenininha de mim, querendo acreditar que eles esqueceram e que nunca fariam comigo isto, se houvessem lembrado do quão curiosa e ansiosa eu posso ser.

E que apenas por isso, por não se lembrar, eles me enfiaram em um encontro às cegas, aonde tudo o que sei sobre a pessoa com quem vou me encontrar é: seu nome começa com F, e ele estará usando uma flor vermelha no bolso. Não porque eles se lembravam e mesmo assim me torturaram dessa maneira, não... claro que não.

Pelo menos, é isso que estou dizendo para o meu cérebro nos últimos 25 minutos desde que cheguei no restaurante. E não, o homem que começa com F e tem uma flor vermelha em um dos seus bolsos não está atrasado, eu que estou adiantada.

Para dizer a verdade, estou vinte minutos adiantada, se você contar apenas o tempo que estou sentada na mesa do restaurante escolhido. Se você contar o tempo que me enrolei no carro olhando para o teto, então serão mais quinze minutos.

E se você contar o tempo que andei de um lado para o outro dentro de casa, gastando a sola do meu sapato apenas para não parecer que estou há horas ansiosa, então totalizaria uma hora.

E é claro, não estamos contando com o tempo que me enrolei no banho, apenas para não esperar por quase duas horas sem fazer nada, porque para isto eu tenho uma desculpa: a água do chuveiro estava boa demais para eu sair do banho, mesmo depois de quarenta minutos debaixo do chuveiro. E se eu tenho, uma desculpa, significa que não contamos como tempo ansioso, e ponto final.

Encaro a porta mais uma vez, tentando não parecer desesperada, afinal, ele só estava atrasado há cinco minutos, e com o trânsito de Nova York, é praticamente impossível não se atrasar, a menos é claro que você saia de casa quase meia hora antes do que deveria sair, o que com certeza não é o caso de todos.

Afinal, nem todos são ansiosos e curiosos como eu. Mas, enfim... as vezes sair mais cedo tem suas vantagens, algumas como passar quinze minutos no seu carro conferindo se o seu teto está realmente... bom, se ele está... ah, quem eu quero enganar, não tenho como arranjar desculpas para o tempo que passei no carro olhando meu teto e diminuir meu tempo ansioso mais um pouco.

Meus olhos pousam em uma flor vermelha falando com a recepcionista e isto me chama atenção o suficiente para parar de tentar criar uma desculpa, e analisar a flor... digo o homem usando a flor e falando com a recepcionista.

Quase dou risada quando reparo bem na flor, não por ela própria, a flor é linda, mas ele não está usando a flor convencionalmente no bolso de um paletó, não.. a flor está quase caindo do bolso de sua calça jeans, o que é realmente engraçado.

Levanto meu olhar para o rosto do homem, e talvez... apenas talvez, Cinderella tivesse mesmo razão, o homem era lindo. Ele era alto, com uma barba por fazer bonitinha, um rosto anguloso e um sorriso encantador, e parecia ser gentil, pela maneira que esperava calmamente a atendente falar com ele, enquanto procurava alguma coisa.

21 contos, antes dos meus 21 anos!Onde histórias criam vida. Descubra agora