patterson + roman: undercover 🪢

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Patterson

Meu quadril e meu braço direito ardem como nunca arderam antes. A dor é tão insuportável por agora que meus olhos ameaçam fechar e meus membros falharem.

Perdi a noção do tempo, perdi a noção de como correr sem tropeçar quinhentas vezes e quase cair de cara no chão. Tenho quase certeza que já sangrei tanto que estou a ponto de começar a delirar.

As imagens a minha frente se tornam confusas e tudo o que vejo são borrões de pessoas e luzes passando por mim enquanto corro até a única pessoa a quem posso recorrer neste momento.

Arrasto minha perna esquerda mais um pouco contra o chão, o projétil dentro de mim se remexendo e me fazendo soltar um grito abafado pela minha mão. A dor é insuportável.

Eu preciso chegar até ele.
Preciso ser forte o suficiente.
Falta tão pouco.

Só mais três passos até a porta, mais alguns até a recepção e então posso desabar no chão, posso deixar a dor me consumir por inteira e a queimação continuar.

Um passo.
E parece que foram cinquenta, do tanto que meu quadril doeu.
Dois passos.
Minha cabeça gira de um lado para o outro, a tontura piorando ainda mais.
Três passos.
Estou há segundos de desmaiar.
E não posso me dar esse luxo.

Jogo minha mão contra a maçaneta da porta do consulado, deixando uma marca de sangue contra a maçaneta ou talvez eu só esteja delirando e não há sangue nenhum ali, não tenho certeza.

Empurro a porta com toda a minha força e corro o pouco mais de um metro até a mesa da recepcionista, rápido demais, meus membros inferiores reclamam e queimam mais ainda.

Quase grito de dor, mas já basta eu ter quase me atirado no balcão dela e não ter dado tempo suficiente para o guarda da porta me revistar, não preciso atrair olhares para os meus ferimentos e machucado.

Sei que em breve todos irão perceber e terei milhares de armas apontando bem para a minha cabeça, afinal eu acabara de entrar no consulado dos Estados Unidos, e estava ferida, sangrado e armada. Mas, enquanto eles não percebiam isso, eu tinha a chance de pedir por ajuda.

Me apoio contra o balcão da recepcionista ofegante, e jogo meu braço direito, o com um ferimento à bala de enfeite nele, em cima da mesa dela. Mostrando o bracelete dourado com um nó bem ao meio. E usando meu último fôlego e meus últimos segundos antes de ser tacado no chão para chamar por um nome.

- Roman Briggs.

A secretaria parece entender o significado da pulseira e começa a dar um telefonema, mas não consigo ouvir o que ela diz. Pois, sinto um chute em meus joelhos, me fazendo cair no chão e gritar de dor. E logo em seguida tem uma, duas, vinte armas apontadas para mim.

- Mãos onde eu possa ver! - uma voz masculina diz atrás de mim, provavelmente a voz de quem segurava a arma próxima ao meu pescoço.

Ergo meu braço esquerdo, mas o direito dói demais e escolho não ergue-ló, grande erro. A outra ponta da arma vai de encontro para com a minha nuca.

Sinto o enjoo e minha cabeça rodando mais uma vez, antes da dor me atingir por completo e eu cair de cara no chão. Arquejando de dor.

A dor é tanta que meus olhos pedem para fechar e meu corpo inteiro treme tentando ficar acordado, tentando não me render. Usando o último pingo de adrenalina para pedir ajuda, o último pingo de forçar para ter esperanças de que Roman viria.

Mas, é tão difícil manter os olhos abertos, e tudo dói tanto que seria tão mais fácil apenas fechar os olhos e ser consumida pela dor.

Eu não posso.
Seria tão mais fácil.
Tenho que me manter acordada.
Eu poderia apenas fechar os olhos por alguns minutos.
Preciso garantir que ele veio.
Dói tanto.

21 contos, antes dos meus 21 anos!Onde histórias criam vida. Descubra agora