sr. & sra smith: um dia normal 🎨

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Era um dia normal na casa dos Smith.

Ao menos um dia normal para qualquer outra família, menos para John e Jane Smith, para eles aquele era um dia chato.

Após muitas missões consecutivas, o chefe deles resolveu os colocar de folga, uma semana longa e muito chata de folga. Eles não poderiam entrar no ramo de caçadores de aluguel durante as férias, ou receber pedidos de ajuda de seus amigos em uma missão, eles nem mesmo poderiam treinar tiro ao alvo durante as férias. Segundo o chefe deles, eles precisavam de uma semana como pessoas normais.

Sem posse de arma, sem distintivo, sem casos criminais para resolver, sem nem mesmo treinamento. Se fossem pegos durante esses dias de férias praticando qualquer um dessas coisas, seriam presos pelo resto da semana e obrigados a tirar mais uma mês de férias.

Jane já não aguentava mais, ela não fora feita para dirigir a quarenta por hora dentro da cidade, sem olhar muito para o retrovisor porque não teria ninguém a perseguindo. Ela não fora feita para ser a dona de casa que tira férias uma vez por ano e passa o dia no sofá assistindo TV descansando durante as férias.

Vale ressaltar que a Jane e a narradora, não tem nada contra quem faz isso, a narradora aliás adora passar o dia no sofá durante as férias assistindo TV, ou até mesmo durante dias normais. Mas, Jane não fora feita para isso.

Ela fora feita para a adrenalina, para responder em momentos de medo, e atirar sem pensar duas vezes. Ela fora feita para dirigir por reflexo, e olhar pelo retrovisor o tempo todo garantindo que não estava sendo seguida, acelerar sempre que pudesse, e saber lidar com a pressão.

Jane não gostava da vida sem adrenalina, para ela era tediosa.

John, não estava muito atrás.

Estava desenhando nas paredes quanto dias da semana já haviam passado, e foram três de sete, caso esteja curioso. Ele já havia descido até a garagem cinco vezes pela manhã, e mais três durante a madrugada. Desmontou e remontou todas as suas armas duas vezes, as limpou, desenferrujou e fingiu apontar a arma para a parede vazia pelo menos uma vez cada e estava a ponto de fazer o mesmo com as da Jane.

Quando Jane apareceu na garagem, vestida em pijamas, porque segundo sua pesquisa era a roupa preferida dos civis para ficar em casa, e pantufas, porque eram confortáveis segundo a pesquisa. Mas, tudo que ela podia ver era roupas não muito práticas para uma fuga.

A mulher, a Sra. Smith sugeriu para John, o sr. Smith, uma alternativa para a falta de adrenalina e necessidade de ação que ambos sentiam. Uma atividade amada pelos civis e melhor totalmente legal para os civis.

Paintball.

Eles poderiam atirar, poderiam sentir a adrenalina e treinar tudo isso com a desculpa de estarem passando um dia normal como os civis geralmente faziam. E aqui estão os dois, vestidos da cabeça aos pés, armas em mãos e projeteis de tinta para reposição guardados nas laterais de seus corpos.

Prontos para um dia normal na vida de um casal normal, mas esse casal normal não tinha nada de normal e precisavam da sua dose diária de adrenalina.

- Pronto? - Jane perguntou, recarregando a arma e se posicionando atrás de uma placa de ferro. 

- São dois a direita, três a esquerda, cinco escondidos dentro da casa e quatro espalhados pelo campo, se ficarmos juntos, acho que conseguimos dentro de quinze minutos, então sim, pronto, e você?

- Dez minutos, e sim pronta! - John a encara tentando entender a sua fala. - Dez minutos para terminarmos. Dez ou quinze minutos, tudo bem.

O alarme soa, e ambos saem com armas em pulso. Um virado de costas para o outro e protegendo seu parceiro. Andando pelo campo, atrás das proteções de ferro.

John já se sente melhor, o peso da arma repousando em seus dedos, e a sensação de respirar pausadamente, sentindo o vento e sua direção, para facilitar na hora de mirar, já o fazem sentir em casa.

Jane, por outro lado, está animada, inundada por adrenalina e vontade de atirar em todos os oponentes que aparecerem a sua frente.

John toca no ombro de Jane, indicando com dois dedos que dois oponentes se aproximavam a direita, segundo a indicação dele. Jane se abaixou, posicionou a arma em seus joelhos e mirou, esperando-os aparecer em seu campo de visão.

O primeiro apareceu e levou um tiro, o segundo tiro veio de John, que respirou mais uma vez o ar do ambiente verde, sorriu e com uma risada atirou no segundo.

Movidos pela adrenalina e por puro reflexo, rolaram na grama e derrubaram os dois oponentes de cara no chão, pegando as armas e munições deles e pendurando cada um, ama sob seus ombros.

Eles poderiam estar até mesmo jogando em ambiente civil, mas as suas cabeças encaravam aquela situação como uma missão, uma enorme missão que só terminaria quando eles derrubassem todos os oponentes.

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Doze já foram, faltavam dois.

Os primeiros doze foram brincadeira de criança para os Smith, eles haviam chego de surpresa, encharcado oponentes de tinta, lutado pela arma e atirado no oponente, se disfarçado no mato, atirado há uma distante de 5 metros, a qual dada a arma que estavam usando era impressionante.

Jane queria um prêmio e John estava com ela nessa, faria uma passeata pela esposa caso ela ganhasse e uma greve em frente ao paintball caso se recusassem a dar um prêmio de 5 metros para ela.

Os últimos dois alvos, faziam o coração de ambos baterem mais forte, era a última vez daquele dia que eles poderiam sentir a adrenalina bater tão forte, e se sentirem um pouco mais como eles mesmos. E digo, daquele dia, porque eles passariam os últimos dias de férias indo ao paintball, e se sentindo mais como Jane e John Smith, do que algum civil desconhecido.

E tinham vantagens no paintball também, além de toda a ação que eles buscavam, é claro. Como por exemplo, se eles levassem um tiro, pelo menos não sairia sangue. E eles poderiam atirar quantas vezes quisessem, porque não deixaria o sujeito irreconhecível.

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Com dois dedos para direita e depois um para John, Jane indiciou para ele seguir o sujeito da direita enquanto que ela seguiria o da esquerda, e os prenderiam atrás da casa.

Sem um barulho, acostumado com missões silenciosas os dois fizeram, Jane seguiu o seu alvo, e quando estava perto o suficiente subiu sua arma, e encostou a ponta da arma no colete do oponente, mandando-o soltar a arma e continuar andando.

John fez algo parecido, mas ele atirou na perna do alvo, antes de manda-lo continuar andando. Quando os Smith se encontraram, Jane atirou na mulher que andava a sua frente e os dois pegaram os saquinhos de tinta e atiraram nos dois contra a parede da casa, como faziam nas missões, a diferença é que geralmente era para se certificar de que não estavam fingindo.

Ali, era só porque era divertido mesmo.

Ao final do jogo, a buzina soou e Jane queria muito mesmo aquele prêmio, mas acontece que os Smith não servem para serem uma família normal e ganhar prêmios em jogos como esse.

As reclamações dos demais participantes, que Jane descobriu não ser todos seus oponentes e alguns eram da sua equipe e de John, não os levaram a um prêmio, na verdade levou a expulsão dos Smith daquela arena de Paintball.

Eles até mesmo levaram um certificado de expulsão e descobriram que foram os primeiros a serem expulsos e que o dono era bonzinho demais para expulsar alguém, porém depois de múltiplas queixas dentro de uma só partida, ele não teve outra opção.

E com isso, descobrimos que os Smith realmente não levam jeito para ter um dia normal, mas pelo menos eles se divertiram tentando.

21 contos, antes dos meus 21 anos!Onde histórias criam vida. Descubra agora