Capítulo 28 - Sozinha

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Estamos sentadas em seu terraço Nina definitivamente vive bem, ela tem a vista total do bairro

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Estamos sentadas em seu terraço Nina definitivamente vive bem, ela tem a vista total do bairro. Como a grande maioria das construções são baixas podemos ver toda a rua e seu movimento.

Já estamos na segunda garrafa de vinho, vi no Instagram de Lena que ela saiu para pegar doces, uma selfie sua no espelho do quarto fez meu coração se encher de felicidade, mesmo em meio a tanta dificuldade. Saber que ela já está se adaptando e até mesmo fazendo colegas me trás um pouco de esperança.

Levanto-me da cadeira indo até as grades, apoio meus braços sentindo o vento frio bagunçar meus cabelos. As crianças na rua correndo e brincando, toda a atmosfera teria sido perfeita se aquele maldito pacote de drogas não tivesse aparecido no meu quarto. Por mais que eu pense e pense, só consigo me lembrar do Russo, e mesmo assim eu não peguei. E ele não colocou em minha bolsa, pois mexi nela dentro do carro. Eu teria visto e me livrado dessa merda.

A coisa é muito pior, será que foi Domitila? Mas não tem como ela saber que eu morava sobre a padaria dos Colombo, não é?

Tomo o restante de minha bebida quando escuto o som do escapamento de uma moto, ela entra na rua com uma velocidade excessiva para a região. Algumas pessoas xingam o motoqueiro, mas ele os ignora parando a motocicleta do outro lado da rua.

_ Acho que estou muito bêbada mesmo. _ Sussurro reconhecendo a moto e o capacete. E a pessoa, quero dizer, é difícil não reconhecer um homem desse tamanho. Ele atravessa a rua vindo para a calçada do ateliê. Me debruço sobre as grades e quase me desequilibrando sinto as mãos de Nina me puxando.

_ Tá tentando se matar?

_ Acho que esse vinho é beeem forte, estou vendo coisas. _ Rio indo até a mesa servindo mais um pouco.

_ O que você estava vendo? _ Pergunta me estendendo sua taça.

_ Um conhecido, mas é impossível.

Um som alto de algo caindo no andar inferior nos faz olhar em direção da porta.

_ Esperando visita?

_ Não, eu só chamei você.. _ Responde franzindo a testa. Caminhando até a porta para descer as escadas ela para ao ver uma figura alta todo vestido de preto. O capacete esconde sua identidade e logo a mulher ergue a mão, como se estivesse se rendendo a um assalto.

Ele passa direto por ela vindo até mim, parando à minha frente o homem me analisa. Sorrio, de um jeito tosco ao encarar meu reflexo em seu visor.

Estou realmente bêbada.

_ É incrível como o vinho me faz alucinar. _ Viro-me para encarar Nina.

_ Alucinar? _ Ela pergunta, mas não temos tempo para continuar a conversa. O homem me segura pelo pulso começando a me puxar em direção aos degraus.

Mas não quero ir, não agora.

_ Não! Eu estou bebendo. _ Falo me soltando. Escuto um xingamento em resposta e congelo arregalando os olhos. É ele xingando? O mascarado está realmente aqui? Não é uma alucinação? Nos meus sonhos nunca fui capaz de ouvir sua voz, então só pode ser real.

_ Vamos! _ Fala baixo. Uma única palavra, rouca e difícil de similar, continou parada. Parecendo perder a paciência ele se abaixa me jogando por cima de seu ombro.

_ Hey, Enrico!

_ Você conhece esse cara? _ Nina pergunta nervosamente me seguindo.

_ Uma longa história, a gente se fala depois.. _ Acenando com a mão ainda de cabeça para baixo. Conformo descemos as escadas estico a mão para tocar sua bunda e a aperto algumas vezes, até ele empurrar minha mão. Me pego rindo, eu realmente exagerei. _ Como me achou?

Não recebo uma resposta, mas já era de se esperar.

_ Estava preocupada, você não me respondeu, pensei que havia morrido. _ Falo quando paramos no andar de baixo. Ele pega o telefone no carregador e o balança na minha frente. Demoro um pouco para entender e pego o aparelho. Agora já ligado vejo as mensagens. _ 12 mensagens.. Você estava preocupado comigo?

Ergo a cabeça olhando para o capacete, não ver seus olhos me deixa triste.

_ Aconteceu um monte de merda comigo, desculpe ficar incomunicável. Mas você veio atrás de mim, não sei bem como..

Não parecendo ter muita paciência para meu falatório bêbado, ele me pega pela mão puxando-me escada abaixo. Atravessamos a rua, e pegando o capacete preso por algumas cordas ele o enfia em minha cabeça abrindo a viseira.

_ Você quer me levar a algum lugar? Mas eu tenho meu carro.. Vou tomar uma multa se deixá-lo aqui.

O vejo negar com a cabeça, subindo na moto Enrico espera até que eu esteja em sua garupa. Olho em direção ao terraço de Nina e a vejo debruçada assistindo tudo. Ela ergue a taça e aceno em resposta, segundos depois ele arranca com a moto fazendo-me pular de susto e me agarrar em sua cintura.

Fecho os olhos tentando não olhar as ruas, e logo a estrada saindo da cidade. Sei que se olhar para o lado vou ficar mais enjoada do que já estou e logo vomitarei no capacete. Só me concentro em respirar, enquanto fecho os dedos em sua jaqueta.

Quando a moto desacelera me atrevo a abrir os olhos, espiando em volta o lugar mal iluminado devemos estar perto de sua cabana.

_ Não estou bem para transar, bebi demais. _ Digo esperando que me ouça, mas não recebo uma resposta. Parando a moto em frente à cabana ele desce e logo me ajuda a fazer o mesmo. Está bem escuro, apenas uma lâmpada acesa na varanda ilumina nosso caminho. Me ajudando a tirar o capacete Enrico ergue a mão arrumando meus cabelos. _ Você ouviu o que eu disse?

Recebo uma confirmação de cabeça, e o vejo virar de costas caminhando em direção da casa, o sigo tropeçando em meus próprios pés ao subir os degraus. Quando a porta é aberta todo o frio deixa meu corpo. Acendendo as luzes paro ao lado da porta tirando minhas botas, puxo o casaco pendurando-o no suporte e vou até o mesmo sofá que transamos, deixando meu corpo escorregar pelo couro, tão confortável..

Meus olhos estão pesados, então em algum momento acabo adormecendo, mas não por muito tempo, pois recebo algumas cutucadas. Levanto a cabeça encarando Enrico segurar uma xícara, ele não usa mais o capacete, está com sua habitual balaclava.

_ Que foi? _ Pergunto mau humorada. Abaixando-se à minha frente ele coloca a caneca de café perto do meu nariz, inspiro o cheiro. _ Você quer me despertar, não.. Sério, eu vou vomitar se transarmos.

_ Quero conversar. _ Diz.

Meus olhos se arregalam, ele falou.. Novamente! Uma voz carregada de sotaque.

_ Você fala! _ Falo feito boba abrindo um sorriso. Ergo a mão em direção a seu rosto e toco sua máscara acariciando-o sobre o grosso pano. _ Podemos conversar amanhã?

O som de sua respiração soa irritada, mas logo recebo um aceno de cabeça concordando. Ele coloca a caneca de café sobre a mesa de centro e estica os braços me pegando no colo. É estranho ser levantada assim pesando quase 80 quilos. Passo meus braços por seus ombros e encosto a cabeça em seu peito, não sei para onde ele está me levando mas confio nele, confio que não tentará nada comigo embriaga deste jeito.

Subindo as escadas até o quarto sinto me colocar na cama. Abro os olhos encarando os seus, aqui está mal iluminado, então mal consigo vê-lo.

_ Constantemente me sinto sozinha, mas esse sentimento some quando estou com você. _ Confesso. Por mais que eu não queira admitir posso estar gostando desse desconhecido.

_ Durma. _ Diz aproximando-se, abrindo minha calça jeans ele me tira de dentro dela com facilidade, e logo me cobre com uma manta quente com seu cheiro.

_ Vai embora? _ Pergunto quando o vejo dar as costas.

_ Estarei lá em baixo. _ Responde desaparecendo.

Sendo vencida pelo sono, caio em uma escuridão sem sonhos e de algum modo não me sentindo tão sozinha.

Volúpia (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora