Projeto de Vida

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No decorrer daquele dia, eu consegui fazer mais uma visita, assim como consegui fazer mais três visitas no domingo, porém destes, dois haviam falecidos e outros dois haviam mudado do município.
Mas, como "Missão dada, é missão cumprida", decidi começar o meu projeto com os dois, dos quais eu os encontrei.
Voltei à Vila Santa Cruz e marquei com as duas famílias para quarta - feira às dezenove horas, uma palestra, no salão de reuniões da SAB da Vila, para começarmos o projeto do qual eu batizei com o nome de VCV, ou seja, Viva Construindo Vidas, foi exatamente o conselho que o meu pai me deu antes de sua morte.
Naquele domingo, fui dormir com gostinho de uma parte da missão cumprida. Agora vamos ver do querer de cada família, para a vida calma voltar a reinar naqueles lares.
Quarta - feira,19 horas.
No dia dia e no horário combinados, todos estavam lá, até mesmo alguns vizinhos que são muito amigos das respectivas famílias, com exceção do Mengão, que não sai de casa.
Nesta altura do campeonato, quando eu entrava na Vila, sempre tinha um que me escoltava e nesta noite não foi diferente, ficou um lá na porta dando guarda enquanto a palestra estava acontecendo.
Depois de ter cumprimentado cada um dos presentes e pego em suas mãos, eu fui lá na frente e comecei a falar:
- Pessoal, hoje a nossa conversa vai ser um pouco mais detalhada e para isso requer muita atenção da parte de cada um de vocês.
Comecei a falar e todos ficaram em silêncio total. Isso é um bom sinal, mostra que eles estão bem interessados no projeto VCV.
Aproveitando o interesse deles, fui dizendo:
- A parte mais importante do projeto é:
Escrevi no centro da lousa branca, com uma caneta bastão de cor vermelha:
Família e Amigos
Sem estes dois componentes, de nada adiantarão todos os esforços colocados na busca para uma vida mais saudável para todos nós.
Ou seja, a qualidade de vida dos nossos pacientes vai depender mais exclusivamente de sua família e amigos.
Inclusive para eles terem uma vida social como todos nós devemos ter, estudando, trabalhando e serem sócio, econômico e emocionalmente independentes, precisam de uma base
Para isso, todos nós precisamos estar claramente cientes das partes em que cabem as nossas obrigações.
Não só os pacientes melhorarão suas vidas, como também os seus respectivos familiares e amigos melhorarão e muito; resultando em qualidade de vida para todos.
Eu tomei um pouco de água e continuei a falar:
- O mundo moderno traz doenças que afetam cada vez mais pessoas. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% dos trabalhadores no mundo sofrem com ansiedade, estresse e depressão.
Cada vez mais problemas psicológicos aparecem. Anorexia, depressão, bulimia, síndrome do pânico, amnésia dissociativa, neurose... São apenas alguns dos distúrbios que fazem parte da lista. Nessa mesma lista está oTranstorno Bipolar do Humor, que está presente em cerca de 1,5% da população geral, sem grande variação entre homens e mulheres.
Antigamente, o mal era denominado Psicose Maníaco-Depressiva, mas o nome foi modificado porque muitos pacientes não apresentavam os sintomas psicóticos. Os portadores da doença mudam de humor como quem troca de roupa, oscilando drasticamente entre a mania (um estado de euforia) e a depressão, ocorrendo em ciclos rápidos ou intervalos de maior tempo.
Um paciente com diagnóstico de depressão apresenta níveis de humor, de atividade, disposição, motivação e tônus vital rebaixados, sendo que, quando se recupera, volta ao estado normal de equilíbrio. Quando o episódio está dentro do transtorno bipolar, ao sair da depressão o paciente tende a entrar num estado de humor oposto ao anterior, apresentando euforia intensa seguida de hiperatividade.
Estresse, ansiedade e traumas, embora presentes em todos os casos da maníacodepressão, funcionam como disparadores para os estados de depressão ou euforia.

Causas e sintomas:

A doença se divide em dois grupos: Tipo I - episódios alternados de euforia e depressão - e Tipo II - episódios alternados de depressão com hipomania, uma euforia menos acentuada.
O Transtorno do Tipo I possui duas fases. A primeira é maníaca, onde a pessoa torna-se eufórica e acelerada, com sentimentos de grandeza e invencibilidade. Essa etapa pode se tornar delirante. A pessoa tem muitas idéias e disposição para atuar incansavelmente.
Ainda nessa etapa do processo, o paciente chega a ficar dias seguidos sem relaxar e dormindo muito pouco, com uma hiperatividade contínua. Um pensamento acaba sobrepondo ao outro, de forma intensa e acelerada, além de haver uma fala rápida e alta. Também é comum a pessoa cantar e gesticular freneticamente, tornando-se muito desinibida e facilmente irritável. O portador da doença pode explodir em crises de agressividade, recuperando rapidamente a euforia.
O problema ocasiona a elevação da libido, com intensa atividade sexual, exibicionismo, inquietude, ausência de autocrítica, comportamentos socialmente inadequados e exposição a atividades perigosas. Junto a isso, vem uma sensação de incrível bem-estar e poder, o que torna a pessoa insensível a críticas e ao perigo, negando-se a sair desse estado.
Num segundo momento, ocorre a fase depressiva. Nesse estágio, há o oposto da fase anterior. O paciente tem uma sensação de desespero e infinita tristeza, onde o tônus, a libido, a motivação, a atividade, o raciocínio e a auto-estima ficam em baixa, num quadro de desvitalização. Memória e concentração também são afetados, junto com a apatia, ideações de doenças, falta de apetite, cansaço constante chegando até ao suicídio.
Há casos do transtorno bipolar em que a mania é mais freqüente que a depressão ou vice-versa. Os intervalos entre uma situação e outra também variam, de acordo com a gravidade do problema. É possível também que haja equilíbrio de humor durante semanas ou meses, até que um novo episódio venha a ocorrer. Em graus mais graves, podem ser encontrados delírios e alucinações.
Tratamento:
O tratamento psiquiátrico envolve medicação ao paciente. Dependendo das características do quadro em determinada pessoa ou da falta de respostas ao tratamento prescrito, pode haver a ECT (eletroconvulsoterapia)ou a internação, quando o grau da doença oferece riscos ao próprio paciente ou a pessoas próximas.
Quando o médico a tratar é o psicólogo, não há medicação envolvida. A terapia tem como objetivo ajudar o paciente a controlar seu humor, usando o auto-conhecimento como ferramenta, o que faz com que ele identifique os motivos que levam-no a ter estados de descompensação emocional. Nesse caso, há sessões de 50 minutos, uma ou mais vezes por semana.
Nas sessões com psiquiatras, o lítio é a substância mais utilizada como estabilizadora de humor, além das chamadas anticonvulsivantes. Eventualmente, são usados antidepressivos, prescritos com critério para que não se tornem uma dependência, e hormônios tireodianos.
O tempo de recuperação varia de caso para caso, dependendo não apenas das características da doença, mas também pelas peculiaridades do próprio paciente. Alguns se propõem a ajudar na melhora com total entrega, outros desistem antes do fim do tratamento. Quando a pessoa adere totalmente às sessões, em torno de um ano de terapia ele já apresenta habilidades no controle de suas emoções. Há casos de total eficácia do tratamento pela capacidade que o portador adquire em prever sua recaída e evitá-la.
Como em todos os casos, família do paciente precisa ser orientada no sentido de conhecer melhor o transtorno e agir de modo a oferecer-lhe ajuda no manejo da situação.
Estigma e Saúde Mental:
Agora foram estas as palavras que escrevi na lousa:
E disse:
- A doença mental é com frequência relacionada com o mendigo que vagueia pelas ruas, que fala sozinho, com a mulher que aparece na televisão dizendo ter dez personalidades e com o homicida "louco" que aparece nos filmes.
Palavras como "maluco", "esquizofrénico", "psicopata" e "maníaco", são vulgarmente utilizadas na linguagem do dia a dia.
As pessoas olham-se e dizem: "Isto não me vai acontecer de modo nenhum, não sou maluco, venho de uma família sólida", ou, então, " a doença mental não me afeta, isso é problema dos outros."
O Estigma relacionado com a doença mental provém do medo do desconhecido, de um conjunto de falsas crenças que origina a falta de conhecimento e compreensão.
No VCV, que vem para que haja uma melhoria do conhecimento, desmistificando falsas crenças e estereótipos e fornecendo novos dados acerca da doença mental e das pessoas que dela sofrem direta ou indiretamente.
Alguns conceitos errados sobre a doença mental:
As pessoas que sofrem de doenças mentais não irão nunca recuperar?
As doenças mentais tratam-se e muitos doentes recuperaram a saúde.
As doenças mentais devem ser encaradas do mesmo modo como se olha para as doenças físicas.Tal como o cancro e as doenças de coração, sabe-se que muitas doenças mentais têm causas definidas, requerendo cuidados e tratamento. Quando os cuidados e o tratamento são prestados, é de esperar uma melhoria ou recuperação, permitindo às pessoas regressarem à comunidade e retomarem vidas normais. Infelizmente, os preconceitos impedem que as pessoas, uma vez recuperadas das doenças mentais, consigam dar os passos para reingressar na vida vocacional, familiar e social, com total plenitude. Este obstáculo, vem bloquear os esforços que permitiriam que as suas vidas seguissem cursos tão normais e produtivos quanto possível.
As pessoas com doenças mentais são violentas e perigosas para a sociedade?
Essas pessoas apresentam tantos riscos de crime como os outros elementos da população em geral. Depois de recuperados e de regresso à comunidade, estes doentes têm maior tendência para se mostrarem ansiosos, tímidos e passivos, mais sujeitos a serem vítimas de crimes violentos, do que autores dos mesmos.
Uma pessoa que tenha tido acompanhamento psiquiátrico, mas sem passado criminal, tem menos probabilidades de vir a ser preso do que a média dos cidadãos.
As pessoas que receberam tratamento psiquiátrico são instáveis podendo perder o controlo a qualquer momento?
A maioria das pessoas com doenças mentais têm maior tendência para se afastarem do contato social, do que de se confrontarem agressivamente com outros.
O receio que a sociedade tem da sua violência é infundado, não sendo uma razão válida para lhes serem negadas oportunidades de emprego, casa ou amizades. Os peritos afirmam que a maior parte das recaídas aparecem gradualmente e não de forma abrupta. Se os médicos, amigos, família e os próprios doentes estiverem atentos aos sinais premonitórios da doença, as crises podem facilmente ser detectadas e tratadas convenientemente, antes de se tornarem demasiado graves.
As pessoas que foram tratadas de perturbações mentais são empregados de baixa qualidade?
Muitas pessoas recuperadas de uma doença mental revelam-se excelentes empregados, havendo muitos patrões a declarar que são mais pontuais e assíduos que outros colegas. Demonstram serem iguais no que se refere à motivação, qualidade de trabalho e duração de tempo no emprego.
Entenda-se que algumas destas pessoas estão sujeitas a recaídas, que podem causar períodos de ausência dos seus empregos. No entanto, através de programas que permitam horários flexíveis e períodos laborais que se acomodem a estas interrupções, estas pessoas podem vir a ser empregados produtivos. É justo que lhes seja dada uma oportunidade.
As pessoas que recuperaram de uma doença mental estão mais indicadas para exercerem trabalhos de nível inferior, mas nunca posições de responsabilidade?
Em todas as pessoas, a capacidade de progressão numa carreira depende dos talentos pessoais, da destreza, da experiência e motivação. O mesmo se passa com as pessoas com doenças mentais. Tem havido muitos exemplos de pessoas que, tendo recuperado, foram colocados em lugares de muita responsabilidade. Podem mesmo ser personalidades destacadas. É apenas necessário algum encorajamento para que aqueles que recuperaram das doenças mentais, possam levar a cabo as suas tarefas com todas as suas potencialidades.
TIPOS DE DOENÇAS MENTAIS
A primeira coisa para se compreender um indivíduo com doença mental, é o fato das doenças mentais ou psíquicas serem efetivamente doenças e o comportamento disfuncional pode ser mais doloroso para o próprio do que para os outros.
Deve-se também reconhecer que um comportamento problemático, sem uma causa aparente, pode ser o resultado de uma doença emocional e não uma falha de carácter.
Há diversos exemplos de comportamentos problemáticos que, manifestados durante um longo período de tempo, podem indicar que a pessoa tem uma perturbação emocional. Inclui-se neste caso a agressividade, a tristeza excessiva, a preocupação exagerada, a falta de confiança nos outros, o egoísmo e avareza, o abandono e dependência, o fraco controlo emocional e a hipocondria.
Há muitos tipos diferentes de doenças mentais, tais como:
DEPRESSÃO E DOENÇA MANÍACO-DEPRESSIVA
A Depressão é uma doença mental que pode afetar o humor durante longos períodos de tempo. Os sintomas incluem: perturbação do apetite e do sono, fadiga e perda de energia, sentimentos de inutilidade, culpa e incapacidade, falta de concentração e preocupação com a morte, desinteresse, apatia e tristeza.
A Depressão pode afetar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade e, sem tratamento, pode conduzir ao suicídio.
A Doença Maníaco-Depressiva ou Doença Bipolar é também uma doença mental caracterizada por oscilações do humor, havendo períodos de extrema exaltação e outros de depressão profunda.
A fase maníaca manifesta-se por um comportamento hiperactivo, com euforia ou irritabilidade, insónia, discurso e pensamento rápido e, por vezes, ideias de grandeza.
PERTURBAÇÕES ANSIOSAS
Há três principais tipos de perturbações ansiosas:
Fobias;
Perturbação de Pânico;
Perturbação Obsessivo-Compulsiva;
As pessoas com Fobias sentem imenso terror quando confrontadas com situações específicas (estarem em locais superlotados ou terem de falar em público) ou com certos objetos ( pontes ou animais, por exemplo).
As fobias podem impedir a pessoa de ter uma vida normal, obrigando o indivíduo a fazer adaptações na Atividade diária, evitando essas situações ou objetos.
A Perturbação do Pânico é caracterizada pelo aparecimento repentino de um sentimento de terror (pânico), sem causa aparente. Durante o ataque de pânico, a pulsação aumenta, a respiração torna-se rápida e o doente pode suar ou ficar com vertigens. A pessoa passa a recear constantemente que as crises se repitam.
Quem sofre de Doença Obsessivo-Compulsiva tem pensamentos repetitivos, persistentes, involuntários, de conteúdo estranho ao Eu e a propensão a comportamentos ritualizados, que o doente não consegue controlar, tais como lavar constantemente as mãos, verificar repetidas vezes, contar, arrumar etc...
PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
A Anorexia Nervosa e a Bulimia são doenças do comportamento alimentar, em ligação com a imagem corporal e o controle do impulso alimentar. Podem ser graves.
Na Anorexia o doente não come, chegando a passar fome, devido a uma distorcida imagem corporal, que lhe causa aversão à comida.
A Bulimia é um ciclo de "encher" (consumindo grandes quantidades de comida) e "purgar" (quer induzindo o vômito, quer pelo abuso de laxantes).
Quem sofre de Anorexia ou Bulimia tem uma preocupação excessiva com a comida e um medo irracional de ficar gordo. 90% dos doentes com Anorexia e Bulimia são do sexo feminino.
ESTIGMA
Ninguém duvida que há um estigma ligado a quem tenha doença mental. Este estigma ou preconceito isola o indivíduo em relação aos outros, como se fosse uma pessoa marcada pelo passado de doença.
O estigma abrange aqueles que tiveram ou têm uma doença mental.
As relações sociais ficam muitas vezes prejudicadas, como se o doente fosse um ser à parte, objeto, por isso, de uma discriminação rejeitante.
A discriminação contra as pessoas com doença mental pode tomar diversas formas:
Uma rapariga que não é admitida na universidade porque supostamente não conseguiu os mínimos requeridos para a sua admissão, sem que lhe tivesse sido dada qualquer explicação.Um homem requereu a obtenção de uma casa subsidiada, tendo-lhe sido dito que não havia apartamentos vagos. Mais tarde vem a saber que duas casas tinham sido arrendadas a outras pessoas duas semanas depois de lhe terem sido negadas.Outra mulher trabalhou seis meses como recepcionista. Quando explicou ao patrão que iria faltar algumas vezes ao trabalho por estar a fazer uma nova medicação para a sua doença mental, foi despedida.
Com base nesta discriminação , aqueles que se recompuseram de uma doença mental escondem-se frequentemente atrás de um "disfarce", de modo a manter o seu passado secreto, quando se candidatam a novos empregos. À pergunta se já tiveram um colapso nervoso, respondem que não. Se um patrão previdente lhes pergunta a razão de uma falta mais prolongada ao trabalho, respondem que fizeram uma viagem.
Se têm problemas com uma nova medicação, explicam ser um tratamento para a diabetes ou para a tiróide.
A necessidade de esconder resulta de um receio fundado de se ser rejeitado e desvalorizado, devido a uma doença, como se esta fosse um mal.
O estigma à volta da doença mental pode tomar ainda uma forma menos evidente.
A mais prevalente e, simultaneamente, mais difícil de corrigir é a linguagem do dia-a-dia, quer oral, quer escrita. Embora a terminologia estigmatizante seja, em geral, demasiado óbvia, há também formas subtis.
Mesmo o uso generalizado do rótulo "doente mental" para classificar as pessoas com doenças mentais, pode tornar-se estigmatizante, para as pessoas como se fossem membros de um grupo indesejável, subentendendo-se que serão sempre "doentes mentais", recusando-lhes o direito de serem considerados cidadãos como os outros.
A midia pode contribuir muito para irradicar o estigma, promovendo a compreensão e educação do grande público acerca destas doenças, mas também podem ser prejudiciais ao divulgar conceitos errados e negativos, reforçando-o em grande escala.
Os debates televisivos e outros programas sensacionalistas mostram, com frequência, uma versão unilateral e negativa dos possíveis efeitos secundários causados por algumas formas de tratamento das doenças mentais, não apresentando ao público os tratamentos bem sucedidos, que ajudaram e ajudam milhões de pessoas a retomarem as suas vidas normais.
Alguns comediantes da moda, fazem pouco das pessoas que sofrem de doença mental, usando as suas incapacidades como uma fonte de humor mórbido e insalubre.
Alguns publicitários divulgam imagens estigmatizantes de pessoas com doenças mentais, como truques promocionais de anúncios, que vão desde a comida, aos automóveis, aos jogos de família e aos brinquedos.
O mais importante a reter pelos representantes da midia e pelo público em geral é que os doentes mentais são pessoas como todas as outras. E que as doenças se tratam, como as outras.
As pessoas deverão ser julgadas pelos seus méritos próprios, e não pela doença de que sofrem e pelo estigma a ela ligado. Aliás, quando a doença é bem tratada medicamente, sobressai de novo a pessoa saudável numa grande percentagem de doentes. Houvesse os meios humanos, institucionais e terapêuticos à altura das necessidades!
Os preconceitos estigmatizantes são fruto da ignorância e de uma consciência social moralmente negativa. São ainda importantes os obstáculos que os doentes que sofrem ou sofreram de doenças mentais têm de desafiar e ultrapassar, no seu caminho para uma recuperação.
Tornando-nos mais atentos às doenças mentais, podemos contribuir para criar as merecidas oportunidades a estas pessoas, permitindo-lhes levar uma vida normal e um regresso à comunidade como membros produtivos, autoconfiantes e capazes de desenvolverem todo o seu potencial.
Conheça as doenças mentais mais comuns e saiba onde procurar ajuda.
Transtornos ligados à depressão e ansiedade são os mais frequentes.
Postos e centro de atenção psicossocial são opções para atendimento.
saiba maisCentro psiquiátrico tem até 'cabeleireiro-terapeuta' para pacientes
Os transtornos mentais acometem, em algum momento da vida, ao menos 20% da população mundial. No Brasil, os cuidados com a saúde mental no sistema público sofreram uma reforma que começou há quase 20 anos e que procura evitar as internações em hospitais psiquiátricos, criando mecanismos de diagnóstico e tratamento mais amplos, com equipes multidisciplinares. Um dos exemplos da mudança é a criação dos Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, implantados no Brasil em 1986.
Apesar das mudanças, especialistas na área consideram a rede de atendimento público ainda insuficiente. Das 436 unidades básicas de saúde do município de São Paulo, por exemplo, 122 oferecem atendimento psiquiátrico, menos de 30%. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, nenhum hospital municipal faz atendimento ambulatorial psiquiátrico, como consultas agendadas, por exemplo, e apenas sete hospitais e três prontos-socorros de gestão municipal atendem emergências.
"O resultado disso é uma sobrecarga aos serviços dos hospitais-escola pela ineficiência do sistema ambulatorial das unidades básicas de saúde. Todos os dias pelo menos 10 pedidos de internação psiquiátrica não podem ser atendidos na cidade porque não há vagas", explica Valentim Gentil Filho, chefe do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, transtornos mentais são a segunda causa dos atendimentos de urgência. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de 2006 realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Marília, no interior de São Paulo, mostrou que 16% dos pacientes atendidos apresentaram transtornos mentais e do comportamento.
No caso da esquizofrenia é um transtorno mental complexo que dificulta na distinção entre as experiências reais e imaginárias, interfere no pensamento lógico, nas respostas emocionais normais e comportamento esperado em situações sociais.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades. É uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.
As causas exatas da esquizofrenia ainda são desconhecidas, mas os médicos acreditam que uma combinação de fatores genéticos e ambientais possam estar envolvidas no desenvolvimento deste distúrbio.
Embora os pesquisadores não estejam totalmente certos sobre o que significam todos esses fatores, estes são indícios de que a esquizofrenia é, de fato, uma doença cerebral.
Apesar de as causas da esquizofrenia ainda serem desconhecidas, sabe-se de alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
Os sintomas de esquizofrenia no sexo masculino costumam aparecer entre os 20 e 25 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais comuns beirando os 30 anos de idade. É raro encontrar casos de esquizofrenia em crianças ou adultos acima dos 45 anos.
Esquizofrenia envolve uma série de problemas tanto cognitivos quanto comportamentais e emocionais.
Os sintomas costumam variar e entre eles estão inclusos:
Delírios:
Estes são crenças em fatos irreais que não possuem base alguma na realidade. Uma pessoa com esquizofrenia pode achar, por exemplo, que está sendo prejudicada de alguma forma ou até mesmo assediada. Ela pode acreditar, também, que certos gestos ou comentários são direcionados a ela, que ela tem alguma capacidade ou talento excepcional ou até mesmo fama. Pode achar, também, que determinada pessoa está apaixonada por ela e que uma grande catástrofe está prestes a ocorrer. Alguns delírios incluem ideias de que algumas partes do corpo não estão em pleno funcionamento e têm uma incidência de quatro em cinco pessoas com esquizofrenia.
Alucinações:
Estas, em termos gerais, envolvem ver ou ouvir coisas que não existem. No entanto, para a pessoa com esquizofrenia, essas coisas têm toda a força e o impacto de uma experiência normal. As alucinações podem estar em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a alucinação mais comum de todas.
Pensamento desorganizado:
Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai desorganizada e com pouco ou nenhum nexo. A ideia de que pensamento desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a partir do discurso desorganizado de alguns pacientes. Para os médicos, os problemas na fala só podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de pensamento coerente. Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada por causa deste problema, e as respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente alheias e desconexas.
Habilidade motora desorganizada ou anormal:
O comportamento de uma pessoa com esse tipo de disfunção não é focado em um objetivo, o que torna difícil para ela executar tarefas. Comportamento motor anormal pode incluir resistência a instruções, postura inadequada e bizarra ou uma série de movimentos inúteis e excessivos.
Outros sintomas:
Além dos sinais citados, outros parecem estar relacionados com a esquizofrenia.
Uma pessoa com a doença pode:
Não aparentar emoções;
Não fazer contato visual;
Não alterar as expressões faciais;
Ter fala monótona e sem adição de quaisquer movimentos que normalmente dão ênfase emocional ao discurso.
Além disso, a pessoa pode ter reduzida sua capacidade de planejar ou realizar atividades, tais como:
Diminuição da fala;
Negligência na higiene pessoal;
Perda de interesse em atividades cotidianas;
Isolamento social;
Sensação de incapacidade de conseguir sentir prazer.
Buscando ajuda médica:
Pessoas com esquizofrenia muitas vezes não têm consciência de que suas dificuldades resultam de uma doença que requer atenção médica. Por isso, muitas vezes algum parente ou amigo próximo deve ser responsável por levar a pessoa doente a um especialista.
Como identificar se um amigo ou familiar está com sinais da doença?
Se notar qualquer um dos sintomas descritos acima, procure ajuda médica imediatamente.
Na consulta médica
Se você está acompanhando uma pessoa com suspeita de esquizofrenia, procure agilizar o andamento da consulta e leve anotados todos os sintomas observados na pessoa. Tire suas dúvidas sobre sinais, possíveis diagnósticos e o que fazer para ajudar na recuperação.
Responda também às perguntas que o médico poderá fazer, como:
Quando os sintomas começaram?
Os sintomas são frequentes ou ocasionais?
Há indícios de que ele ou ela queira cometer suicídio?
Ele ou ela foi diagnosticado com outro problema médico recentemente?
Quais medicamentos ele ou ela faz uso?
Diagnóstico de Esquizofrenia:
Não há exames médicos disponíveis capazes de diagnosticar a esquizofrenia. Para que o paciente seja diagnosticado com esquizofrenia, um psiquiatra deve examinar o paciente para confirmar se é um caso da doença ou não. O diagnóstico é feito com base em uma entrevista minuciosa com a pessoa e seus familiares.
Exames cerebrais (como tomografias ou ressonâncias magnéticas) e exames de sangue podem ajudar a descartar outras doenças com sintomas semelhantes à esquizofrenia, mas não são capazes de determinar se ela é a causa dos sintomas.
Tratamento de Esquizofrenia e cuidados:
Esquizofrenia requer tratamento durante toda a vida, mesmo após o desaparecimento de sintomas. O tratamento com medicamentos e terapia psicossocial podem ajudar a controlar a doença. Durante os períodos de crise ou tempos de agravamento dos sintomas, a hospitalização pode ser necessária para garantir a segurança, alimentação adequada, sono adequado e higiene básica do paciente.
Quais são os melhores tratamentos para a doença psiquiátrica?
Um psiquiatra com experiência no tratamento da esquizofrenia geralmente é quem orienta como o tratamento se dará. Psicólogo, assistente social e enfermeiro psiquiátrico também podem fazer parte da equipe médica que cuida de uma pessoa com esquizofrenia.
Os medicamentos são a base para o tratamento da esquizofrenia. No entanto, esses remédios podem causar efeitos colaterais graves, embora sejam raros. As pessoas com esquizofrenia, no entanto, podem ser relutantes em toma-los.
Medicamentos antipsicóticos:
Medicamentos antipsicóticos são os medicamentos mais comumente prescritos para o tratamento da esquizofrenia. Eles são usados para controlar os sintomas, agindo diretamente sobre a produção de dopamina e serotonina no cérebro.
A escolha do medicamento ministrado ao paciente dependerá, também, da vontade do paciente em cooperar com o tratamento. Alguém que seja resistente a tomar a medicação, por exemplo, pode precisar de injeções, em vez de tomar um comprimido.
Clozapina:
Quando a esquizofrenia não apresenta melhora com o uso de diversos antipsicóticos, o medicamento clozapina pode ser de grande ajuda. A clozapina é o medicamento mais eficaz na redução dos sintomas da esquizofrenia, mas também tende a causar mais efeitos colaterais do que outros antipsicóticos.
A terapia de apoio pode ser útil para muitas pessoas com esquizofrenia. Técnicas comportamentais, como o treinamento de habilidades sociais, podem ser usadas para melhorar as atividades sociais e profissionais. Aulas de treinamento profissional e construção de relacionamentos são importantes.
Os familiares de uma pessoa com esquizofrenia devem ser informados sobre a doença e receber apoio. Os programas que destacam os serviços de apoio social para pessoas necessitadas podem ajudar aqueles que não recebem apoio da família ou de conhecidos.
O que é importante para um tratamento bem sucedido?
Medicamentos e apoio da família controlam esquizofrenia:
Os familiares e cuidadores são frequentemente incentivados a ajudar as pessoas com esquizofrenia a continuar seguindo o tratamento.
É importante que a pessoa com esquizofrenia aprenda a:
Tomar os medicamentos corretamente e lidar com os efeitos colaterais
Reconhecer os sinais iniciais de uma recaída e saber como reagir se os sintomas retornarem.
Lidar com os sintomas que se manifestam mesmo com o uso de medicamentos.
Um terapeuta pode ajudar a:
Administrar dinheiro:
Usar o transporte público.
Complicações possíveis:
Se não for tratada, a esquizofrenia pode resultar em problemas emocionais, comportamentais e de saúde graves, assim como problemas jurídicos e financeiros que afetam quase que totalmente a vida da pessoa.
Complicações que a esquizofrenia pode causar incluem:
Suicídio;
Qualquer tipo de autolesão;
Ansiedade e fobias;
Depressão;
Consumo excessivo de álcool e abuso de drogas ou medicamentos de prescrição;
Perda de dinheiro;
Conflitos familiares;
Improdutividade no trabalho e nos estudos;
Isolamento social;
Outros problemas de saúde, incluindo aqueles associados com medicamentos antipsicóticos e tabagismo;
Ser vítima de comportamento agressivo;
Agressividade.
Expectativas:
Os resultados para uma pessoa com esquizofrenia são muito difíceis de prever. Na maior parte do tempo, os sintomas melhoram com medicamento. Entretanto, outras pessoas podem apresentar dificuldade funcional e correm o risco de apresentar episódios repetidos, principalmente durante os estágios iniciais da doença.
As pessoas com esquizofrenia podem precisar de moradia assistida, treinamento profissional e outros programas de apoio social. Pessoas com as formas mais graves da doença podem ser incapazes de viver sozinhas. Podem ser necessárias casas coletivas ou outras moradias de longo prazo com a estrutura adequada.
Os sintomas retornarão se a pessoa com esquizofrenia não tomar sua medicação.
Prevenção:
Não existe uma forma conhecida de prevenir a esquizofrenia.
Uso regular de medicamento ajuda a prevenir crises de esquizofrenia.
Após o diagnóstico, os sintomas podem ser prevenidos por meio do uso correto da medicação. O paciente deve tomar os medicamentos prescritos exatamente como o médico recomendou. Os sintomas retornarão caso a medicação seja interrompido.
É importante que o paciente sempre converse com o médico, principalmente se estiver pensando em mudar ou interromper o uso dos medicamentos. Fazer visitas regulares ao médico e ao terapeuta são medidas essenciais para se prevenir a recorrência dos sintomas.

Fontes:
Ministério da Saúde; National Institutes of Health; Sociedade Brasileira de Psiquiatria; Mental Health America.
Bem, ficamos ali conversando, por mais ou menos duas horas, foi um momento marco para o início do nosso projeto, sei que ao final, todos estavam muito animados e ansiosos para começarmos o tão esperado VCV.
Depois de expor as doenças, suas causas e buscar apoios entre eles, os familiares e os amigos, mostrei como é possível eles todos terem uma vida sociável com tudo e com todos.
Falei também que não estava sozinho e que estava com um equipe trabalhando afinco neste projeto.
Todos vieram me agradecer e dizer que estamos juntos nesta luta.
Eu fiquei muito confiante, pois afinal de contas, com o apoio deles, nós já caminhamos cinquenta por cento.
Ao sair da Vila, fui escoltado novamente e voltei ao meu apartamento para me descansar.
Nosso maior objetivo aqui é ajudar estas pessoas a terem uma vida saudável como todos cidadãos merecem.
No caso das pessoas com doenças mentais, é preciso ter muito amor e paciência para poder ajudá- los e é isso que está me motivando, tanto da parte dos familiares como da parte dos amigos.
Feliz é o ser humano que emana amor e compaixão por aqueles que talvez nunca irão retribuir com a mesma intensidade. Ou talvez com o mesmo gesto e sentimento, mas, mesmo assim, estão sempre dispostos a amar sem pedir nada em troca. Assim é, amar os nossos irmãos que mais precisam de amor, que em muitos casos nem sabem o que é amor, carinho , respeito e tratamento dignos, pois, nunca o receberam.


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