A Vida Deve Continuar

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Ana Maria Chagas -
Assistente Social do Projeto Viva Construindo Vidas.
Assim que o dr. Braga se despediu, eu chamei a dona Rosalina e sua família, quando eles entraram ao consultório se depararam com as cadeiras colocadas tipo meio círculo e a minha cadeira estava no centro, uma forma de poder olhar para todos eles ao mesmo tempo.
Eu estava de pé dentro da sala e conforme eles iam entrando, eu os cumprimentava e dizia:
- Seja bem vinda dona Rosalina. Pode se sentar.
E sim eu disse para cada um deles.
A minha sala era bem colorida e com vários quadros, com o intuito de deixar as pessoas que a ela entrassem, bem à vontade.
E essas coisas de fato, chamaram a atenção de dona Rosalina e sua família, que ficaram admirando a sala por algum tempo, até que eles se sentaram.
Eu então, comecei falar em pé, enquanto eles estavam sentados:
- Eu me chamo Ana Maria Chagas, sou a assistente social e estou aqui para ajudar cada um de vocês. Eu preciso que vocês, sempre me falem a verdade, pois, é daqui que vamos dando os passos para o tratamento do Waldir e consequentemente da família do paciente. Não estou aqui para condenar ninguém, muito pelo contrário, o que eu puder ajudar eu o farei. Eu serei o elo entre vocês e a equipe do Hospital.
Eles ficaram só me observando, porém, eu precisava me interagir com eles, fiz portanto, uma pergunta a dona Rosalina:
- Então, dona Rosalina, a senhora pode me dizer, o quê o projeto pode fazer por vocês, além do tratamento com o Waldir?
Ela pensou um pouco e em seguida começou a falar, dizendo:
- Bem, o meu marido e eu estamos desempregados, já tem algum tempo, ultimamente mal consegue um bico para fazer.
Eu fiz a anotação e perguntei:
- Senhor...Waldecy, qual é a sua profissão?
Ele coçou a cabeça com seus cabelos e barba grandes, disse deixando mostrar que ele não tinha alguns dentes na frente, falando:
- Olha dona Ana Maria, eu só sei trabalhar de pedreiro, mas, eu trabalho muito bem.
Anotei também, sublinhando a palavra pedreiro, faltando dentes da frente do senhor Waldecy, barba, cabelos grandes.
Observei também, que o Waldir estava presente, porém, somente física e mentalmente estava longe, provavelmente estava sedado.
- Entendi senhor Waldecy, o Waldir tomou algum remédio?
Dona Rosalina, respondeu:
- Sim, um calmante que o dr. Braga deu para ele tomar, para ficar mais calmo, ele deu este remédio desde da primeira vez que foi lá, só assim que conseguimos tirá- lo do confinado, pois, ele é muito violento e não é possível uma convivência tranquila.
Aí fiz as minha considerações...
- Como está a dispensa da casa de vocês?
Dona Rosalina, meio sem jeito de falar, limpou a garganta e disse com uma voz embargada :
- Na verdade, temos algumas coisas, mas, não vão dar para mais que três dias.
Está certo...pensei.
- Tudo bem, já fiz as minhas considerações. Obrigado por vocês terem respondido as minhas perguntas, ao longo do projeto, se houver mais algumas coisas que não se lembraram, podemos acrescentar. Muito obrigada pelo apoio que vocês estão dando ao Waldir.
Nos despedimos e senti que a família precisa de muita ajuda, mas, que também são pessoas que não querem ficar só recebendo ajuda e sim, querem trabalhar para terem possibilidades de andar com suas próprias pernas.
A dona Jandira e o Alídio entraram sorridentes à sala e foram logo se sentando em minha frente.
- Que ótimo que vocês estão aqui, estou muito feliz, como eu havia dito para outra família, eu me chamo Ana Maria chagas, sou a assistente social do projeto Viva Construindo Vidas e quero que vocês saibam que podem sempre contar comigo, que sou o elo entre vocês e o projeto.
Dona Jandira e Alídio não se queixaram de nada e disse:
- O que ganho dá para nos manter.
Eu a ouvi atentamente e questionei:
- O Alídio está aposentado, recebendo alguma pensão do governo?
De imediato, ela respondeu:
- Não recebe, só vivemos com a minha pensão.
Fiz uma observação e os dispensei, agora eu tenho material para continuar o trabalho aqui no projeto, pensei...
Assim que eles saíram do consultório, procurei dona Dircinha e pedi para ela cortar o cabelo do senhor Waldecy e fazer a barba dele também. Aproveitar dar um trato em dona Rosalina, Alídio e dona Jandira. O que ela atendeu prontamente.
Enquanto isso, procurei no Jornal Valeparaibano nos classificados se encontrava alguma firma precisando de pedreiro.
Não só encontrei emprego de pedreiro como também de ajudante de cozinha que a dona Rosalina se encaixava na vaga.
Liguei para as empresas e marquei entrevistas para as respectivas vagas.
Liguei para um amiga, que também é assistente social, só que da prefeitura e ela encaixou a família da dona Rosalina no programa social da cidade, até que as coisas se normalizam.




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