O Encontro de Duas Vidas Apaixonadas

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Capítulo 13

Domingo, o grande dia, o mais esperado por mim, o dia de conhecer uma pessoa que há tempo espero esta oportunidade.
Acordei, na verdade nem dormi direito, acordava de hora em hora, olhando no relógio cada vez que eu acordava e depois demorava para pegar no sono novamente.
Uma mistura de ansiedade, medo do desconhecido e com uma vontade imensa de poder conhecer uma pessoa que eu já tenho um forte sentimento por ela.
O passeio de escuna...
...As escunas são embarcações movidas a velas (hoje em dia são providas também de motores), normalmente feitas em madeira.
Utilizadas desde o século XVI para transporte de cargas, também foram muito apreciadas pelos piratas por serem rápidas e por não necessitarem de grandes tripulações para seu manejo.
Atualmente as escunas são muito utilizadas para turismo devido a sua capacidade de acomodar muito bem sessenta ou mais passageiros (as maiores chegam a levar confortavelmente cento e cinquenta turistas).
Bem, como eu ia dizendo, o passeio de escuna sempre começa às onze de todas as manhãs, hoje não será diferente, no entanto, tomei o café bem reforçado e me preparei para o passeio de escuna, estava levando os equipamentos aquáticos, não sou nenhum profissional no mergulho, mas, aqui não precisa ser, baste ter os equipamentos e coragem e o resto a natureza faz.
Tudo pronto e eu muito apreensivo, fui o primeiro a chegar no ônibus e fui o primeiro a chegar no barco.
Já tínhamos escolhido a Caminante, um dos barcos maiores daqui, me posicionei na parte superior do barco, onde fica o timão, eu com os meus óculos escuros, de bermuda branca, com sunga de praia por baixo, e camiseta, fiquei a aguardar o passeio, até que todos estavam à bordo, o comandante deu um sinal de saída, o que o navio foi saindo lentamente, rumo as mais belas praias da Baía de Paraty, com uma programação com paradas para mergulho e visitas às praias e ilhas.
Ninguém ali naquela embarcação poderia imaginar a minha ansiedade, tamanha era a minha vontade de chagar logo à Praia Vermelha, para pode finalmente, conhecer a minha outra metade...
Tudo bem, está chegando o grande momento, o mais esperado por mim nas últimas setenta e duas horas.
Enquanto fomos rumo às praias e ilhas, o locutor e cantor Rômulo, nos informava sobre as praias e ilhas das quais passávamos.
Informações misturadas com músicas MPB, nos encantando e informando.
No caminho não tão distante, ele nos informou que aquela ilha, indicando o lado direito do barco, era a ilha de onde o filme " Crepúsculo " foi gravada algumas cenas.
No passar do barco, vemos o castelo que aparece no filme, assim o barco vai seguindo o seu caminho...várias músicas cantadas pelo cantor.
O Rômulo, então, começa a falar mais sobre a história da bela e linda Paraty.
Ele falou mais ou menos assim:
- "Do entreposto comercial ao Monumento Nacional, a data de fundação de Paraty diverge de historiador para historiador.
Uns falam que em 1540/1560 já havia um núcleo devotado a São Roque no Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte ); outros, de 1597, quando Martim Correa de Sá empreende uma expedição contra os índios guaianáses do Vale do Paraíba; alguns outros, de 1600, quando havia um povoamento de paulistas da Capitania de São Vicente; e alguns mais, 1606, quando da chegada dos primeiros sesmeiros da Capitania de Itanhahém - que, acredita-se, venha a ser a origem do povoamento como, grosso modo, foi o sistema de Capitanias Hereditárias a base da exploração dos bens naturais, defesa e fixação do homem à terra no Brasil.
Monsenhor José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, no livro Memórias Históricas do Rio de Janeiro e Províncias Anexas à Jurisdição do Vice-Reino do Estado do Brasil assinalou que a fundação da cidade teria ocorrido "lá pelos anos de 1600 e tantos".
De todo modo, pode-se afirmar que, no início do século XVII, além dos índios guaianases, já havia um crescente grupo de "paratianos" estabelecidos por aqui.
Por volta de 1640 o núcleo chamado Paratii foi transferido para onde hoje se situa o centro histórico, em "uma légoa e meia de terra entre os rios Paratiguaçu (hoje Perequê-Açú) e Patitiba", doadas por Maria Jácome de Mello.
Esta, ao fazer a doação, teria imposto duas condições: que a nova capela fosse feita em devoção a Nossa Senhora dos Remédios e se guardasse a segurança dos gentios guaianases.
Só a primeira condição foi respeitada, diga-se de passagem.
Em 1660, o florescente povoado se rebela, exigindo a separação de Angra dos Reis e elevação à categoria de Vila.
Surgia em 1667 a Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paratii. Convém salientar que Paraty foi a primeira cidade brasileira a ter sua autonomia política decidida por escolha popular.
Paraty torna-se um razoável entreposto comercial e seu desenvolvimento deveu-se à sua posição estratégica, no fundo da baía da Ilha Grande; ao caminho terrestre que partia de Paraty, seguia por Guaratinguetá, passava pela Freguesia da Piedade (atual Lorena), vencia a Garganta do Embu e chegava a Minas Gerais: era o chamado "Caminho do Ouro da Piedade"; e ao seu porto, que chegou a ser o segundo mais importante do país.
No ano da independência, por exemplo, constatou-se a passagem pela cidade de 160.914 "cabeças de homens e animais": eram riquezas das Gerais, no começo, e, posteriormente o café do Vale do Paraíba sendo embarcados para a Europa, na medida em que escravos, especiarias e sobretudo o luxo europeu chegavam para os Barões do Café, subindo o antigo Caminho do Ouro da Piedade, usado antes da colonização pelos índios guaianases que vinham de Guaratinguetá para pesca e o preparo da farinha de peixe.
É Frei Agostinho de Santa Maria que, no Santuário Mariano e Histórico, de 1729, escreve sobre a importância de Paraty: "...que dista do Rio de Janearo quarenta légoas... mas virá a ser muyto populosa pelo muyto trato & commercio, que nella há ... porque he o porto do mar, onde acode a gente de todas aquellas Villas do Certão, como são a de Guaratingitá, e de Pendà, Munhangába, Thaubathé & Jacarehy ... a buscar o necessario como he o sal, o azeyte & vinho, & tudo o mais".
Decaindo a extração e exportação do ouro, em meados do século XVIII, Paraty vai perdendo importância.
Com o Ciclo do Café, a partir do século XIX, a cidade revive, temporariamente, seus prósperos dias de glórias coloniais.
Em 1870, devido à abertura de um novo caminho - desta feita, ferroviário - entre Rio e São Paulo, através do Vale do Paraíba, a antiga trilha de burros pela serra do Mar perdeu sua função, afetando de forma intensa a atividade econômica de Paraty como um todo.
Um segundo fator de decadência do comércio e da cidade foi a Abolição em 1888, causando um êxodo tal que, dos 16.000 habitantes existentes em 1851, restaram, no final do século XIX, apenas "600 velhos, mulheres e crianças" isolando Paraty definitivamente do país por décadas.
Enquanto abriam-se estradas pelo resto do país, continuava se chegando a Paraty como na época Colonial de barco, vindo de Angra dos Reis; ou, a partir de 1950, por terra, via Cunha, em estrada que só comportava movimento quando não chovia e que aproveitava em parte o trecho da velha estrada do ouro e do café.
Nem mesmo a tentativa de se construir uma estrada de ferro entre Paraty e Guaratinguetá, na primeira década do século XX, deu certo.
Este isolamento involuntário foi, paradoxalmente, o que preservou não só a estrutura arquitetônica urbana da cidade como também seus usos e costumes.
Com a abertura da BR 101 (Rio-Santos) no início dos anos 80, Paraty recebe um novo impulso.
Como nas fases anteriores de "ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar a cidade: o turismo, desta feita potencializado no seu conjunto paisagístico/arquitetônico, nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da região.
Paraty foi considerada Patrimônio Estadual em 1945, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958 e finalmente convertida em Monumento Nacional em 1966."
Durante esta aula de história, eu fiquei a imaginar que maravilha poder viver e reviver estes momentos lindos, em saber que este lugar é rico em histórias e acontecimentos e que na próxima viagem o Rômulo poderá incluir nas suas histórias, o encontro de duas vidas apaixonadas neste lugar que tanto tem fez e tem feito histórias.
Com o vento batendo em meu rosto, voltei a me lembrar da Fátima, não quis ao menos aparecer lá em baixo do barco para não estragar a surpresa, queria mesmo que este momento fosse muito especial, apesar da minha vontade louca de vê - la o mais rápido possível.
Depois de umas músicas ao som de Roupa Nova, Biquíni Cavadão, Tim Maia e outros...
Passamos em frente a Ilha do Mantimento, que segundo conta o locutor, que caravelas vindas de Minas Gerais, tinham como destino Lisboa.
O Antigo Forte foi transformado numa bela residência particular.
Pura ostentação! É a terceira ilha mais cara do Brasil - perde apenas para uma ilha em Angra dos Reis (2º lugar) e outra no Nordeste (1º lugar). A Ilha foi avaliada em 11 milhões de dólares. Já explico o por quê. A ilha pertence a um dos proprietários da Fiat (Sérgio Martiolli, acho que é esse o nome), que mandou construir um castelo, um helioponto, uma piscina de vidro... Ele a adquiriu por concessão, o que significa que a ilha o pertencerá por 99 anos (com deveres de preservação) e quando esse prazo se extinguir, ele deverá devolvê-la à marinha brasileira.
Devido à baixa maré que as faziam encalhar, é nessa ilha que as caravelas portuguesas ancoravam para levar nosso ouro para a Europa, o que ajudou no financiamento da Revolução Industrial na Inglaterra. Seria engraçado, se não fosse trágico: financiamos nossos algozes a nos explorar por séculos.
As caravelas não podiam ir nem vir vazias, então, os portugueses levavam nosso ouro e em troca nos traziam pedras. Bela troca! Boa parte das construções da cidade foram feitas com essas benditas pedras portuguesas.
Na ilha, também ficava um dos sete fortes que guardavam a cidade porque o porto de Paraty era o segundo mais importante do país (só perdia para o Porto de Santos).
A enseada é ótima para nadar e dos barcos pode-se apreciar diversos espécies da fauna brasileira, como lagartos, cotia e o mico-leão-dourado, espécie em extinção.
O barco fez uma pausa para ficar apreciando o local que sem dúvidas, é fascinante.
Os animais nos convidam a amar a natureza, a não nos importarmos com as coisas fúteis da vida, nos impelem a sermos mais humanos do que selvagens e rudes.
É como se eles estivessem nos abraçando e dizendo:
- "Vamos deixar a crueldade de lado e vamos promover a paz; a paz que todos nós necessitamos...Vamos ser felizes...Vamos viver intensamente...
Ao ver estes animais, é isso que nos arremete a pensar, como eles são felizes em suas esferas, ninguém invadindo o seu espaço, ninguém se matando para tentar conseguir o algo... respeito e amor ao outro, sem dúvidas temos muito o que aprender com os animais para sermos racionais.
Após ficarmos alguns minutos tendo mais uma aula de "Natureza" o barco deu sinal sonoro de partida e avançamos para a Praia da Lula.
Fazer este passeio é como fazer uma faxina geral na mente, tirar tudo o que não está bom e trocar por algo melhor, é vir para cá uma pessoa e voltar outra.
Que espetáculo é poder dar a mim mesmo esta tão importante oportunidade única de renovação de vida.
O locutor disse que na próxima praia vamos descer para ficarmos por uma hora na areia.
Ao som de Lulu Santos,Titans e outros, chegamos na tão esperada Praia da Lula.
Praia tranquila de grande beleza, é uma ótima opção para os que buscam uma praia menos movimentada onde possa descansar e tomar um delicioso banho de mar.
Com uma boa faixa de areia clara e fofa, possui mar tranquilo que varia entre o verde e o azul dependendo do tempo.
Como na maior parte das praias de Paraty, essa também é cercada por mata nativa preservada, com destaque para alguns coqueiros e amendoeiras que fornecem sombra para os frequentadores.
Conta a lenda que, a praia leva este nome por que havia uma Lula gigante que aqui morava.
O lugar conta com uma casa de veraneio, mas costuma receber alguns visitantes durante a alta temporada, que encontram aqui uma ótima opção para relaxar e tomar banho de mar.
Essa praia não conta com infraestrutura, sendo indicado que o turista leve alimentos e bebidas para que não aconteçam imprevistos.
A natureza tão exuberante e bela em seu estado, que nos encanta cada praia e ilha que aqui passamos, sem palavras para dizer o quanto é maravilhoso viver este momento.
Nesta altura do passeio, a ansiedade estava a flor da pele para poder finalmente conhecer a mulher que não sai da minha cabeça e coração.
Esta uma hora passou- se muito rápido, nem tinha percebido o soar da sirene do barco, quando vi só faltava eu para correr até o bote e entrar no barco.
Foi o que eu fiz, corri e o rapaz do bote voltou e me buscou, me levando à bordo.
Voltei para o meu lugar e me deitei para descansar um pouco.
No balanço das ondas, peguei no sono e sonhei que havia encontrado com a Fátima, da qual eu fiquei totalmente pasmo ao deslumbrar a sua beleza inigualável, algo jamais visto pelos meus olhos.
Que ao encontrar com ela, começamos a nos beijar e ficamos nos beijando o tempo todo que o barco ali ficou, sem ao menos dizer uma palavra, mas, logo fui acordado com a parada do barco na Lagoa Azul.
Esse é o lugar perfeito para quem gosta de mergulho, água transparente, presença de inúmeros peixes, estrelas do mar, etc.
Que só fazem aumentar a beleza dessa Ilha Perfeita! Não deixei de respirar o ar puro e sentir a energia positiva desse paraíso!
Assim que Rômulo anunciou que estávamos na Lagoa Azul, não pensei duas vezes, coloquei a minha roupa de mergulho e me preparei para dar o mergulho para vida.
Após a autorização para mergulhos, de cima do barco me joguei, e fui para o fundo do mar.
É aqui que eu me encontro com Deus, me sinto mais próximo dEle e sinto a Sua presença.
Ao me depararpara com esta água muito limpa, com seus milhares de peixes ao meu redor, me dando boas vindas ao paraíso, que é só deles, mas, que mesmo sendo só deles, eles não se importam em dividir com as pessoas do bem.
Não teve como não apreciar as estrelas do mar, uma mais bela que a outra.
A vida só tem sentido, quando vemos as coisas belas que o grande Criador deixou para nós, quando somos gratos as belezas e riquezas criadas para o nosso bem comum.
É interessante notar que, não estamos jogados aqui na terra a mercê da sorte, mas, fomos colocados aqui e conosco vieram as coisas belas para agradar aos olhos, aos paladares, às narinas, aos ouvidos e ao tato
Mas, quantas pessoas dão valor a isso? Para ser otimista, eu direi poucas.
Imaginemos o seguinte, se no mundo em que vivemos, não houvessem:
Belezas para serem vistas, sabores variados, cheiros diversos, sons que nos encantam e nos dão vidas e alegrias e o ato de poder tocar, que mexe com as nossas emoções, que marca momentos especiais ou não?
Confesso que seríamos os mais miseráveis e tristes do universo, que não teríamos coragem se quer de viver...
Então, devemos ser gratos a tudo que temos e fazemos, cada beleza que vemos, cada sabor sentido, cada cheiro absorvido, cada coisa ouvida e cada toque realizado.
Pois, assim sendo, vivemos cada dia para ter estas emoções sentidas...Não é a toa que esses coisas chamam- se " sentidos ".
Este mergulho vai sim, entrar para a história, pois, verdadeiramente me levou as mais belas vistas proporcionadas a mim nos últimos tempos.
Não consigo descrever a magnitude da beleza que há nesta Lagoa Azul.
Somente estando aqui, para poder entender de fato o que eu tenho tentado descrever...
Assim que chegamos no barco, foi anunciado que o almoço seria servido e que após o almoço, seria anunciado uma mudança da rota turística, autorizada pelo ministério do turismo.
O almoço estava uma maravilha, aliás, tudo aqui está uma maravilha, a não ser o meu coração que não pára de bater aceleradamente a cada parada do barco.
Segundo o roteiro do passeio de escuna, a próxima praia seria a Praia Vermelha, a hora de conhecer a minha amada dos últimos meses...
Como eu disse, seria...pois o locutor Rômulo, disse que devido ao movimento de embarcações, hoje iríamos mudar um pouco o percurso, deixando a Praia Vermelha por último do passeio.
Eu fiquei furioso por dentro, mas, me contive respirando um pouco fundo e esperando...
Passando assim a parada da Praia Vermelha para a seguinte, a Ilha Comprida.
Ilha Comprida:
Ao norte da Ilha do Catimbau, em frente ao Morro da Conceição, a 40 minutos do cais de Paraty.
A presença de blocos de granito e extensos costões rochosos, frequentados por várias espécies de peixes, a tornam recomendável para mergulhos e pescarias.
Disputa com a Ilha dos Cocos a condição de melhor pesqueiro da região, devido às suas águas límpidas e transparentes e sua populosa vida subaquática, com muitos cardumes coloridos e grandes formações de corais.
Possui densa mata tropical com espaço reservado para pomar de frutíferas como laranjeiras, limoeiros, abacateiros, mangueiras, bananeiras, amoreiras, pitangueiras, pés de abacaxi e de maracujá.
Pertence ao comerciante e hoteleiro Eduardo Pace Junior, proprietário da Pousada Antigona e dos saveiros Antigona, Tethys e Caminante.
Aqui, como podemos ver, tudo é histórico e tudo tem sentido.
Mas, a minha ansiedade para poder encontrar a mulher da minha vida está somente aumentando, pois, quanto mais o tempo passa maior é o meu desejo de conhecê- la.
Aqui na Ilha Comprida, ficamos por pouco tempo, logo foi anunciado que iríamos para Jurumirim.
Praia tranquila de mediana extensão, costuma receber alguns turistas durante a alta temporada, mas no restante do ano conta com a visita de moradores próximos.
É considerado um dos recantos de Paraty, muito propício para o descanso.
Com uma boa faixa de areia dourada, possui mar calmo de águas esverdeadas, bastante indicado para o banho.
Cercada por mata nativa preservada, algumas amendoeiras fornecem sombra para os visitantes, enquanto coqueiros enfeitam a paisagem.
No lugar existe apenas uma casa de veraneio, e por não possuir infraestrutura é indicado que o turista leve alimentos e bebidas para que não aconteçam imprevistos.
É um bom lugar para relaxar e tomar um refrescante banho de mar.
A prática de esportes também é indicada, seja mergulho, caiaque ou uma caminhada.
Aqui paramos por uma hora mais ou menos, ficamos a deslumbrar toda praia, não tem como não ficar maravilhado por aqui.
- "Chegou o momento, tão esperado por todos nós...Ouví - se a voz do locutor- Estamos partindo para a última praia do passeio, da qual fazemos votos que o amor, o astro da vida, que os corações dos apaixonados, triunfam para mais uma união das vidas."
Após o locutor ter ditos estas palavras, o comandante deu o apito, rumando à Praia Vermelha.
Meu coração parecia que não ia parar no peito, estava saltitante...rosto suando frio, as pernas a tremer, como uma vara verde...seguimos em frente...
A praia Vermelha é uma das paradas clássicas das escunas na ida ou na volta de seus roteiros, que geralmente vão até a ilha do Algodão.
Até hoje sem nenhum acesso por estradas, na Praia Vermelha você encontra bons quiosques com peixes e camarões, entre os mergulhos na água totalmente transparente.
É difícil, para um simples mortal como eu, dizer que praia ou ilha é melhor, se esta ou aquela.
Posso dizer que a Praia Vermelha, é simplesmente demais! Marvilhosamente linda.
Ela possui esse nome porque, antes da vegetação atual, o morro era formado de terra vermelha e quando chovia, o barro manchava a areia de vermelho.
E é neste cenário fantástico, que está para acontecer algo que eu venho esperando e sofrendo silenciosamente há algum tempo...
Ao som de Rita Lee, Roberto Carlos e outros, o locutor anuncia:
- Pessoal, chegamos ao local que, acreditem, será o palco de lembranças maravilhosas na vida de vocês, ou pelo menos na vida de alguns.
Respeitosamente lhes apresento a Ilha, ou melhor, a Praia Vermelha, o bote já está levando algumas pessoas e quem quiser, podem descer e desfrutar plenamente da exuberante Praia Vermelha!
Eu esperei todos descerem da embarcação e assim que todos desceram, desci.
Com o coração na mão, desci olhando para todos os lados, para saber de ante mão, quem era mesmo a Fátima, pois até este momento não vi ninguém que eu não tenha visto antes.
Em minhas mãos estava uma corrente de ouro com um pingente de dois corações também de ouro, era o meu primeiro presente para a Fatima.
Como tínhamos marcado, olhando para o mar do lado esquerdo, após descer e tomar uma garrafa cheia d'água, cheguei até jogar um pouco em minha cabeça, para ver se o nervosismo passaria.
Buscando o tempo todo para ver se a via, mas, esta ação estava sendo em vão.
Mesmo não a vendo, estava indo em direção do final da Praia Vermelha do lado esquerdo, com o coração a mil por hora e pernas trêmulas, percorri a orla da praia, que apesar de ser pequena, para mim parecia um percurso gigantesco...
Ainda sim, não estava vendo ninguém, mas, pensei:
- Tudo bem, pode ser que ela esteja atrás daquelas pedras grandes ali...
Continuei a andar...dizem que "o corpo vai aonde o coração está", era exatamente o que eu estava fazendo.
- Vai valer a pena- continuei a pensar-
Tudo na vida tem seu preço, e eu devo pagar também....
Confesso que o meu corpo pediu para eu desistir, mas, o meu coração pulava, saltando para fora, me pedindo para continuar, tudo que eu pensava é:
- Vai valer a pena!!
Ao chegar próximo das pedras, pude observar uma mulher de costas para mim, sem exagero nenhum, um corpo de deusa, com com um par de biquíni preto e com uma saída de praia azul celeste e ao perceber a minha presença, pela sombra que a alcançou antes de mim, ouvi pela primeira vez a sua voz ao vivo dizendo.
- Raimundo?
Me segurei na pedra assim que ouvi o meu nome fictício.
- Era ela- pensei.
- Fátima!
Disse com uma voz um pouco trêmula, quase sem respirar.
Sem se virar, ela disse:
- Por favor, fique de costas também.
Meio sem entender, fiz o que ela pediu.
- Pronto, estou de costas e agora?
Quis entender, mesmo sem saber o passo seguinte de seus planos.
- Agora se aproxima de mim, de costas para cá mesmo.
Joguei a minha perna direita para trás e ela fez o mesmo com a sua esquerda, em seguida joguei a minha perna esquerda para trás, ela jogou a sua direita para trás.
Fizemos isso num total de três passos, ao que os nossos corpos se encontraram, mesmo com aquele sol escaldante, estávamos gelados, como se estivéssemos saído de uma câmara fria.
Coloquei as minhas mãos sobre as suas, o que ela deu um jeito para que os nossos dedos se entrelaçassem, buscando uma união permanente.
Ficamos nos sentindo por alguns minutos- que sensação boa...conforto total.
Uma das certezas da vida é que, todos nós não fomos criados para vivermos sozinhos, a vida nos direciona para uma vivência a dois... Se buscarmos fugir desta natureza, com certeza não seremos completamente felizes, jamais seremos felizes, se não fizermos a pessoa que amamos feliz e só faremos a amada ou amado feliz, amando de todo o coração, poder, mente e força, ou seja, com toda força vinda da alma.
Turbilhões de pensamentos passaram pela minha mente, neste pouco tempo de puro êxtase...
Após o silêncio dos deuses, eu disse:
- Fátima, estou completamente apaixonado por você, em tão pouco tempo, você me ensinou o que é amor, o que é gostar de alguém mesmo não conhecendo pessoalmente, como o nosso caso...Estou muito feliz por estar aqui com você, posso dizer que hoje é o dia mais feliz da minha vida. Obrigado por proporcionar a mim esta maravilhosa oportunidade...
Enquanto eu falava, Fátima permaneceu quieta, nenhum murmúrio da parte dela.
Deu para sentir que ela estava gostando muito das minhas palavras, pois, enquanto eu falava, sentia a sua cabeça se deslocando lentamente de um lado para outro e às vezes, para cima e para baixo, como se estivesse viajando nas minhas palavras.
Ela respirou fundo e começou a falar:
- Saiba que eu sinto tudo isso que você disse, sei que são palavras verdadeiras, pois, eu sinto o mesmo, dizem que no amor as coisas são assim, o que um sente o outro sente também, então, podemos acreditar do fundo dos nossos corações, que o que estamos sentindo...É amor e amor como esse não se encontra por aí jogado, é coisa rara.
Ela tomou um fôlego e continuou a falar:
- Posso te dizer com toda segurança, que eu também estou muito apaixonada por você, você mudou a minha vida e a forma de encarar o mundo. Quero te agradecer também, que afinal, se não fosse você, esta viagem não teria muita graça.
O meu coração, batia como nunca, mas, nunca mesmo; suas palavras penetravam- me até o âmago, queria me virar e olhar em seus olhos o mais rápido possível.
Ao invés disso, ela me propôs mais uma coisa, dizendo:
- Posso te pedir mais uma coisinha só?
Fátima disse isso, apertando firmemente as minha mãos e ficou esperando a minha resposta.
Ao que eu respondi:
- Claro que pode.
- Então, não se vira, vou me soltar das suas mãos, e me espere um pouco.
Sem ao menos se mexer, ela se soltou das minhas mãos, e me entregou algo que parecia um tecido e disse:
- Coloque, por favor está venda em seus olhos, que eu vou colocar a minha.
Como um garoto obediente, coloquei a venda e ao mesmo tempo percebia que ela também estava colocando a dela. Indaguei :
- O quê estamos fazendo?
Ela respondeu sorrindo:
- É mais um suspense, mistério ou uma brincadeirinha... pronto? Colocou a venda? Eu já terminei!
Anunciou ela, eufórica.
Eu disse também animadamente:
- Sim já terminei!
Ela então, com uma das mãos ainda gelada, pega na minha mão direita e com uma sincronia espetacularmente, nos viramos um para o outro, ainda sem nos vermos, eu a toquei levemente em seu rosto, por um longo tempo, ela fazendo o mesmo comigo, nenhuma palavra foi dita, eu a abracei firmemente e pude sentir o seu coração batendo disparado, pude ouvir seus gemidos, mesmo que quase imperceptível, nossos lábios procuraram um ao outro, como o rio que procura o mar, como o beija flor procura o néctar, assim também foram os nossos lábios.
Quando os meus lábios tocaram os seus, foi um momento simplesmente dos deuses, sem palavras para descrever.
Nossas línguas sem encontram e se saudaram apaixonadas e felizes por estarem vivendo esta sensação única jamais experimentada por nenhum outro ser mortal.
Nos beijamos por um bom tempo, para nós parecia alguns minutos, mas, na verdade estávamos ali por mais de quarenta minutos, foi quando eu ainda com os olhos fechados e ela também, tirei a sua venda e ela tirou a minha, estava tão bom que eu não queria se quer ter o trabalho de abrir os olhos.
Aos poucos fui abrindo os olhos e ela no mesmo sincronismo que eu, quando de repente eu de fato a olhei, o qual não foi a minha surpresa, eu já a conhecia e ela também me conhecia, nós dois levamos o maior susto das nossas vidas!
Fátima gritou assustada:
- Você? Raimundo?
Ao mesmo tempo que se afastou de mim, buscando entender.
Ela estava confusa e eu mais ainda, perguntei:
- Você se chama Fátima?
Ela se sentou em uma pedra e eu fiz o mesmo ao lado dela e depois de alguns minutos de pensamentos e silêncio, eu fui dizer:
-Me desculpe, eu...
Antes de terminar a falar, Fatima, se levanta e diz com autoridade de mulher:
- Se levanta!
Para falar a verdade, eu já esperava um tapa bem dado e algumas palavras do tipo:
" Some daqui e nunca mais olhe para a minha cara, nem se dirigi uma palavra se quer".
Mas, ao invês de dizer isto, ela diz, assim que eu levantei:
- Não diga nada...
Colocando o dedo indicador em minha boca, no sinal de silêncio e em seguida me beija loucamente, me fazendo arrepiar o corpo todo e eu a retribuí, fazendo o mesmo, assim ficamos mais uns quinze minutos em pura emoção.
Nisso o tempo de parada da embarcação tinha sido esgotado, as pessoas estavam todas à bordo, só estavam faltando a Fátima e eu para embarcar.
Enquanto nos beijávamos, bem no fundo eu estava ouvindo o sonoro do barco, mas, como a emoção estava falando alto, não fomos capaz de identificar o sinal.
Quando abrimos os olhos e notamos o sinal, ao olharmos para o mar, a nossa embarcação estava de lado e todos estavam nos aplaudindo em pé o nosso encontro romántico.
Ao som de Caetano Veloso, com a música " Você é Linda ", num som alto e claro, ali mesmo, sem palavras, eu tirei da caixinha a correntinha e o pingente de ouro e coloquei em seu pescoço, o que a deixou mais linda ainda.
Peguei em sua mão e prosseguimos rumo ao bote que nos levaria para o barco.
Ainda no bote, nos beijamos novamente e logo chegamos ao barco, onde as pessoas nos aplaudiam cada vez mais.
Entramos timidamente e nos sentamos, ao que o locutor, terminou de cantar a música do Caetano Veloso e começou a falar, dizendo:
- Gente, atenção por favor!
Assim que o povo acalmou, ele prosseguiu:
- O amor é raro e quando o encontramos, precisamos agarrá - lo com toda a nossa energia.
Hoje pudemos ver a manifestação do amor ao casal de pombinhos presentes na embarcação.
Quero agradecê - los por terem escolhido a Caminante para este tão esperado encontro.
O amor deve ser sempre comemorado, quando é marcante, melhor ainda. Portanto meus amigos, sejam felizes e que seja eterno, o amor bonito do casal.. E vamos continuar com música, rumo agora ao cais de Paraty.
Um pouco antes de chegarmos, ainda abraçados, a fotógrafa do barco, veio até nós e nos mostrou as fotos que ela havia tirado durante o passeio e as nossas haviam várias, disse o valor e eu, lógico que quis as cópias, o que ela prometeu nos entregar em algumas horas, antes mesmo de retornarmos à nossa cidade de origem.
Dona Dircinha, não cabia tanta felicidade em si, na verdade ela estava muito emocionada ao nos dar votos de muitas felicidades e que o nosso amor passar durar eternamente.
Ao sairmos do barco, a notícia já estava em terra, saímos de mãos dadas e com sorriso largos no rosto, de tanta felicidade em nossos corações.
Fui pessoalmente agradecer o locutor Rômulo, pelas palavras, pelas lindas musicas e pela aula de história que ele nos deu neste dia.
Fomos para o hotel, nos preparar para a partida.
Às vinte horas em ponto, o ônibus deu partida e subimos rumo à São José dos Campos.
Viemos abraçadinhos, como estávamos muito cansados, viemos dormindo. Ao chegar cada um foi para a sua casa, eu simplesmente não estava acreditando que tudo indica que logo estarei namorando a garota mais linda que os meus olhos já viram.
Me deitei para dormir os sonos dos deuses, mas, não saía da minha cabeça a cena de hoje na Praia Vermelha.
Peguei no sono finalmente....









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