Capítulo 2

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JEON


— É um desejo de morte. — Seokjin observou. — Ninguém tentaria começar a negociar em nosso território, quer queira ou não, desse jeito. Antes de tirarmos conclusões sobre o fornecimento, precisamos considerar que os jovens podem apenas buscá-las na escola ou em Los Angeles e trazê-las para cá.

Esfreguei a mão no meu queixo enquanto pensava nisso. Seokjin era meu vice-presidente por um motivo. Ele tinha mais de sessenta anos - mesmo não parecendo -, então tinha cerca de trinta anos comigo. Desde que me tornei presidente da Ankhor do Inferno, há um ano, apoiei-me bastante no Seokjin para obter orientação. Joon, o falecido parceiro de Seokjin, era o presidente e fundador até sua morte acidental no ano anterior, mas Seokjin não tinha interesse em assumir esse papel. A presidência às vezes exigia uma mão pesada, uma mão violenta, e isso não era adequado a Seokjin, porém me servia muito bem.

— De jeito nenhum. — Taehyung cruzou as mãos grandes atrás da cabeça e recostou-se em nosso estande compartilhado. Como meu sargento de armas, ele era responsável pela segurança de todos os membros. Ele também era, por razões que às vezes me escapavam, meu melhor amigo. Era suspeito e cético, mas tão dedicado quanto um pit bull, e demonstrava isso com sua atitude de não-merda e a tatuagem do logotipo do clube na lateral do pescoço. — Houve muitas overdoses por um período muito longo para que fosse um lote ruim que apareceu por acaso. Alguém está destribuindo na cidade, eu posso sentir.

Seokjin cantarolava pensativo, acariciando sua barba grisalha.

— Não afague sua barba. — Taehyung franziu a testa. — Faz você parecer um mago.

— Não resmungue. — Seokjin rebateu distraidamente. — Faz você parecer um adolescente petulante.

Taehyung resmungou, mas se endireitou.

Seokjin fechou os olhos castanhos.

— Parece que não se encaixa no padrão dos clubes por aqui. Não somos um por cento, obviamente, e todos os clubes por aqui sabem que não lidamos com nada. Mas também não temos um representante capacho.

— Muito bem. — Taehyung voltou a falar. — O que você acha, Jeon?

Tomei um gole da minha cerveja gelada, fabricada localmente. Apenas uma boa merda. Insisti que mantivéssemos o bar abastecido com cervejas artesanais e pelo menos bebidas alcoólicas, não apenas para os clientes, mas se um membro de outro clube aparecesse farejando. Um por cento eram gangues e seus membros se divertiam com o lado criminoso das coisas. Drogas, assaltos, tráfico. O argumento deles é que era onde estava o dinheiro real. Que um clube não poderia ser verdadeiramente bem-sucedido se estivesse operando nos limites da lei e não fora dela.

O Lastro era a nossa representação voltada ao público, e eu queria que os visitantes soubessem: não fazíamos parte daquele um por cento, e era pelas merdas que vendemos que estávamos indo bem financeiramente.

E algo no meu estômago me disse que não eram apenas jovens trazendo drogas da cidade. Meus instintos geralmente se alinhavam com os de Taehyung, e era Seokjin que nos impedia de agir de maneira muito imprudente. Mas algo aqui não estava batendo.

Tirei meu canivete da jaqueta e o abri, fechei, joguei, abri, fechei. O movimento tátil e repetitivo me ajudava a pensar.

— Vocês dois estão certos. — Falei, por fim.

Taehyung revirou os olhos dramaticamente.

Eu o ignorei e continuei.

— Temos um bom relacionamento com os clubes vizinhos. Contudo isso não significa que eles não estejam interessados em expandir seu território. Elkin Lake é uma localização privilegiada entre San Francisco, LA e Vegas. Mesmo que um clube nos respeite, isso não significa que eles superarão o desejo de controlar esse território.

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