Capítulo 21

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JIMIN

Joguei uma caixa inteira de mirtilos na massa que eu havia preparado e comecei a dobrá-los lentamente na mistura.

A espera estava me matando.

Eu tinha feito todas as tarefas sem sentido em que consegui pensar: como limpar a casa já impecável, ver TV, classificar a coleção de discos de Jeon por artista e data de lançamento. Eu deveria estar dormindo horas atrás, mas não tinha sentido em tentar. Comecei a cozinhar apenas para ocupar minhas mãos enquanto a noite se estendia sem nenhum sinal de Jeon.

Seokjin havia me pedido para ir com ele ao clube, mas recusei. Não precisava que Seokjin cuidasse de mim, e não precisava ser cuidado sempre que surgissem negócios do clube.

No passado, quando meu pai saia para cuidar dos negócios do clube, eu me importava com o retorno dele, porque geralmente significava que eu seria espancado quando ele chegasse, então parte de mim esperava que papai não voltasse. Porém eu queria que Jeon voltasse, mais ferozmente do que queria algo em muito tempo. E, egoisticamente, queria que ficássemos sozinhos quando ele voltasse, não na sede do clube com todos os outros membros.

Além disso, se eu quisesse um relacionamento com Jeon, teria que me acostumar com essa nova preocupação que me consome. Eu tinha que aguentar, mesmo com a ansiedade me remoendo.

Comecei a colocar colher por colher de massa cuidadosamente na panela. Atrás de mim, a porta se abriu.

Jeon estava de volta, e ainda mais cedo do que previra! O plano deve ter corrido bem; alívio me inundou.

Mas antes que eu pudesse virar, uma dor ofuscante atravessou meu crânio. Minha visão ficou branca. Depois só escuridão.

⚓️

Tontura, náusea e inconsciência me atingiram… Eu tinha uma concussão.

Quanto tempo se passou?

Pisquei meus olhos abertos. Acima de mim, as luzes fluorescentes exacerbavam minha dor de cabeça latejante. Eu rolei a cabeça para um lado para tentar não olhar para as luzes.

Onde eu estava?

Eu estava sentado em uma cadeira de encosto reto. Concreto sob meus pés. Estava frio. Balancei meus braços e pernas levemente, eles não estavam rompidos, todos se mexeram. Isso era bom, sem lesões na coluna vertebral também. Estendi a mão e verifiquei cuidadosamente a parte de trás da minha cabeça. Havia um nó inchado lá, e meus dedos voltaram pegajosos com sangue seco.

— Paji, você está acordado! — A voz profunda e áspera do cigarro era familiar. Familiar como o latejar de uma ferida há muito cicatrizada, mas que se abria novamente com uma nova batida.

Das sombras, meu pai emergiu.

Terror me inundou. Eu tentei deslizar a cadeira para trás, porém com minha fraqueza meus pés apenas arranharam o concreto.

Meu pai apertou as mãos na fivela do cinto como uma ameaça. Seu nariz torto estava avermelhado pela bebida perpétua, o suor brilhava no rosto e na cabeça careca.

— Bom trabalho, filho. — Ele andava de um lado para o outro, como um tigre entediado no zoológico. — Eu realmente pensei que você estava pensando em algo com toda essa demora. Por um segundo, achei que você realmente apareceria no ninho nos dando informações, depois de tudo o que fizemos por você. Eu estava quase pronto para perdoar tudo e colocá-lo no clube.

Eu mal podia respirar através do medo paralisante que contraía meu peito.

— Seduzindo o presidente. Veja, eu pensei que eles gostariam de você, porque você é uma bicha, assim como o resto deles, porém você realmente fez mais que isso. Quando eu te disse para se aproximar, não achei que você chegaria perto dos fluidos corporais. Isso sim é uma maneira de ganhar confiança. — O sorriso de Konno não alcançou seus olhos. — Mas, para minha sorte, tenho um homem interno. O bom e velho Jed.

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