Capítulo 16

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JIMIN


Jeon bateu a porta com força quando chegou em casa, mais tarde do que eu esperava. Dei um pulo na cozinha, surpreso.

— Desculpe. — Pediu, depois tirou a jaqueta de couro e as botas pesadas, ficando de meias, jeans e uma camiseta branca justa.

— Apenas me assustou. — Falei.

Jazz tocava baixo no rádio. Ansiedade de repente passou por mim. Jeon me disse que eu poderia usar seu aparelho de som, mas e se a música o irritasse agora, quando estava claramente de mau humor?

— Tudo certo? — Eu perguntei com cuidado, não removendo minhas mãos dos bifes que estava regando na marinada.

Jeon suspirou.

— Longo dia.

Exalei, liberando a ansiedade. Ele não me atacaria só porque estava de mau humor... às vezes eu só precisava me lembrar disso.

— Algo aconteceu na igreja?

Jeon zumbiu. Ele se aproximou por trás de mim na cozinha e deslizou as mãos sob a camisa que eu estava vestindo — uma camisa Harley Davidson de tamanho grande que roubei de seu armário. Por baixo, usava apenas cueca boxer e um par de meias grossas; o piso ficava frio à noite.

Jeon não respondeu, apenas passou as mãos para cima e para baixo no meu peito e me beijou no pescoço. Cada golpe de suas mãos me relaxou mais.

— Eu estou com as mãos na carne. — Murmurei já entregue. — Me beija.

Virei a cabeça e ele fez o que eu pedi, me beijando por cima do ombro.

— Como foi na Igreja? Tudo bem? — Perguntei novamente depois do beijo.

— Eu vou tomar um banho bem rápido. — Desconversou, informando. — Então serei seu sub chef. — Quando ele se afastou, apertou minha bunda de brincadeira.

— Vá rápido. — Ditei, não querendo insistir em falar sobre a reunião que teve na igreja. — Eu preciso de suas habilidades de faca.

Jeon andou devagar e cansado, subindo as escadas em direção ao seu - nosso? - quarto. Eu pude ouvir quando o chuveiro ligou.

Ele relutava em falar sobre os negócios do clube comigo. Se eu perguntasse sobre reuniões ou a investigação em andamento sobre as drogas, Jeon sempre me dava apenas um trecho e depois mudava de assunto. Ele me dava apenas o suficiente para parecer que não estava completamente me excluindo, e eu odiava. Odiava me sentir isolado e mantido no escuro. Mas como eu poderia pressionar por mais informações quando ainda não havia contado a verdade sobre quem eu era?

Liguei o fogão e esquentei uma panela.

O que ele estava escondendo de mim?
O óleo cuspiu e estalou enquanto aquecia, pousando no meu braço, deixando uma pequena queimadura vermelha. Eu fiz uma careta. Como se o universo tivesse me respondido imediatamente por sequer questioná-lo.

Que direito eu tinha de querer todos os detalhes de sua vida quando ainda não tinha sido capaz de contar a Jeon toda a verdade? Eu queria, juro que sim. Mas toda vez que eu tentava dizer, as palavras morriam na minha garganta. Eu não estava pronto para desistir da nossa fantasia. Estava feliz pela primeira vez desde que mamãe morreu e queria que durasse um pouco mais. Esta semana foi a mais pacífica da minha vida. Eu nunca tinha acordado ao lado de alguém todas as manhãs. Nunca recebi um beijo de bom dia para começar o dia, nem sexo lento e apaixonado para encerrá-lo.

Sabia que Jeon se importava comigo. Eu via através de cada toque e gesto. E uma vez que ele soubesse quem eu era, o que eu estava escondendo, isso poderia mudar. Eu estava aterrorizado com o que essa mudança poderia ser. Nós já estávamos tão ligados no que quer que fosse que nós tínhamos, que eu nem sabia mais como o abordar e falar sobre quem eu era. Se eu tivesse dito algo quando cheguei aqui pela primeira vez, ou antes de dormirmos juntos, isso seria uma coisa, mas agora...

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